Tá vendo aquele prédio? ajudei a construir

Por Tales Bocker

Diógenes Rodrigues nasceu em Guaraniaçu, no Paraná. Com oito anos de idade, junto a família se mudou para Guarapuava, de onde poucas vezes saiu e destas poucas vezes, conheceu várias partes do Brasil.

Muito aconteceu na vida deste homem que hoje você terá a oportunidade de conhecer um pouco de sua história. Nas fotos, vemos alguém que certamente não tem uma moradia fixa, em situação de vulnerabilidade social, num modo de vida solitária há pelos menos dez anos. Diógenes em 2011, ajudou a construir o prédio que hoje se chama Edifício Pinheiro de Gaia, localizado na R. Benjamin Constant, nº947, no centro de Guarapuava, com 15 andares, dezenas de apartamentos, que abriga dezenas de famílias. Tenho orgulho em dizer que ajudei a tornar realidade essa obra. Todos os dias quando passou em frente a esse prédio chego a emocionar, pois ali ganhei me sustento trabalhando, onde tive momentos felizes e de fartura, diferente dos dias atuais, onde a cada dia é um novo dia de sobrevivência, conta Diógenes.

A FALTA DE OPORTUNIDADES

Ter um emprego, que era motivo de orgulho para o rapaz, tornou-se algo extremamente difícil de conseguir, após o inesperado acontecer. Depois que a mãe de Diógenes veio a falecer, segundo ele a chave do cérebro parou de funcionar. Diógenes passou a ter um modo de vida, como andarilho e desde então, procura um emprego ao mesmo tempo que pede doações e junta latinhas para sobreviver.

Diógenes tem aproximadamente 45 anos de idade e com toda sua humildade já foi professor em um programa de analfabetismo, foi oficial (cabo) do Exército Brasileiro e trabalhou por muito tempo como carpinteiro, eletricista e pedreiro. Ele também é músico, com habilidades em instrumentos como baixo, bateria e guitarra. Ele revelou nunca ter casado e nem mesmo ter tido filhos, apenas que depois que sua mãe faleceu, se perdeu para o mundo da rua, do qual muitas pessoas tentaram ajuda-lo, mas todo o esforço foi em vão.

Tudo que Diógenes queria era um emprego, para poder crescer de novo na vida, ele comenta que a partir do momento que o sujeito se encontra nas ruas, sem um destino, ele se sente no estado de fundo do fosso. Nas clínicas que fui internado para tratamento contra o alcoolismo me colocaram para trabalhar duro na roça, se for assim prefiro buscar um emprego fixo e de preferência com carteira registrada, frisou.

 

Guarapuava registra altos índices de pessoas dormindo em praças e espaços públicos

O órgão responsável de apoio as pessoas em situação de vulnerabilidade social no município é Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). De acordo com a assistência social do município, em 2018 foram realizados 1486 atendimentos a moradores de rua, e foram registrados 107 pessoas de passagem, ou seja, que vem de outros lugares e permanecem nas ruas de Guarapuava temporariamente.

Quando questionado sobre o que a prefeitura poderia fazer pelas pessoas em situação de vulnerabilidade, ele sugere que os órgãos públicos abram frente de trabalhos, para obras, manutenção de praças, espaços públicos e escolas. Onde poderia disponibilizar um barracão para pessoas sem moradia fixa, onde pudessem ter um banho, um uniforme e receber alimentação. Guarapuava precisa ter um espaço onde as pessoas possam realizar uma atividade remunerada, com atendimento psicológico e de assistência social, observou.

 

    Preconceito e discriminação

Diógenes diz que gosta de Guarapuava, devido ao fato de existir algumas pessoas que ainda o ajudam, por esse motivo não pretende voltar a sua cidade natal. Infelizmente sofremos diariamente a discriminação e o preconceito vindo das pessoas que não conhecem a história de vida de quem não tem uma moradia fixa e que certamente não queria ter esse modo vida, lamentou ele. Segundo Diógenes já sete anos desempregado, é possível encontra-lo vagando pelas ruas com seu pequeno amigo, um cachorro que se chama Preto e um ursinho de pelúcia, que provavelmente é o seu único conforto nas noites frias guarapuavana.

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