Paraná não terá mais vacinação contra a febre aftosa; entenda porque

Enquanto aguarda o reconhecimento, feito pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), como área livre da febre aftosa, o estado não terá mais vacinação contra a doença, que se encontra erradicada. A imunização do mês de maio, ao que tudo indica, será a última.

Foi o que disse o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, em mais um fórum regional – Paraná Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação – ocorrido na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), nesta terça (21).

É uma possibilidade real, concreta, se nós quisermos, e acho que queremos, essa agora de maio é a última vacinação que estamos aplicando nos bovídeos (bois e búfalos) aqui no Paraná e se, se Deus quiser, isso evoluindo, a gente vai com competência comercial vender mais a nossa produção para o mundo, declarou Ortigara.

Para o secretário, após muito empenho, o reconhecimento da luta pelo fim da vacinação veio, enfim. Depois de ter feito o dever de casa, e ter passado com louvor, aqui no Paraná, ano após ano, depois de buscar duas auditorias feitas pelo ministério da Agricultura, que é a autoridade sanitária do Brasil, eles [do Ministério da Agricultura] reconheceram nossa organização, nossa capacidade de ação, os riscos baixos que temos, as possíveis vantagens que temos nessa retirada da muleta da vacina”, disse.

 Ainda segundo Ortigara, é importante mostrar para todos a importância do fim das vacinações. Nós estamos mostrando isso nos eventos, reunindo lideranças dos agricultores, dos técnicos da agroindústria, do meio político para mostrar a possiblidade de avanço que nós temos com o fim da vacinação contra a febre aftosa”, acrescentou.

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Itaipu faz pesquisa inédita para produção de dourados em tanque-rede

Primeira carga de seis mil peixes foi entregue na terça-feira. Objetivo é proporcionar mais uma opção de renda a pescadores e piscicultores da região

A Itaipu Binacional iniciou uma pesquisa inédita para a produção do peixe da espécie dourado (Salminus brasiliensis) em tanques-rede. A primeira carga com seis mil peixes jovens, com seis meses de idade, chegou na manhã dessa terça-feira (14) à Unidade Demonstrativa e Experimental de Aquicultura em Sistema Bioflocos.

O objetivo da pesquisa é desenvolver a cadeia produtiva dessa espécie e fornecer mais uma opção de renda às comunidades que dependem da pesca ou da aquicultura do reservatório para produção de alimento e faturamento.

Segundo o engenheiro agrônomo André Watanabe, da Divisão de Reservatório, a pesquisa pretende valorizar comercialmente a espécie cuja pesca é proibida no Paraná. “Quando alguém compra um peixe da pesca está extraindo um recurso limitado, havendo risco de extinção. Com a aquicultura, a gente consegue fornecer esse peixe para consumo humano sem impactar o estoque natural”, afirmou Watanabe.

Atualmente, não há produção de dourado em sistemas de tanques-rede no Paraná. Os filhotes que chegaram à Itaipu viajaram 12 horas de caminhão desde Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Quando chegaram, a primeira medida foi aclimatar a água, igualando a temperatura das caixas de transporte e do tanque onde eles passaram a ficar.

Depois disso, são mais dois meses para os peixes se recuperarem e ganharem peso antes de serem levados aos tanques-rede do reservatório. Os peixes jovens tinham em média 62 gramas quando chegaram à Unidade de Bioflocos; a previsão é que, em um ano, eles passem de um quilo e estejam prontos para serem comercializados. O dourado possui grande valor comercial, possibilitando o atendimento de nichos de mercado com produtos de alto valor agregado.

Watanabe explicou que a Itaipu estuda a construção de tanques-rede maiores, de 500 metros cúbicos – atualmente, são dois modelos de 7 m³ e de 24 m³ – especialmente para a produção do dourado que, por ser uma espécie carnívora e dominante, necessita de mais espaço para se adaptar. “É um peixe que também exige mais cuidado no manejo”, disse ele, mostrando os dedos com algumas marcas de mordida.

Sistema de bioflocos

Na cadeia produtiva do peixe, a fase que vai da larva até o peixe juvenil é a com maior índice de mortalidade, por isso são necessários vários cuidados para que o alevino sobreviva até a fase adulta. Isso acontece em um ambiente fechado e controlado, que utiliza o mínimo possível de água e não polui o meio ambiente: o sistema de bioflocos.

Os bioflocos são aglomerados de bactérias que consomem a amônia produzidas pelos peixes. Como subproduto, é gerado o nitrato que, em um segundo momento, é consumido por plantas aquáticas, em um outro tanque. Assim, a mesma água é reutilizada várias vezes.

A título de comparação, para cada quilo de peixe produzido no sistema de bioflocos, são consumidos em média 500 litros de água. Em um sistema convencional, são utilizados de 18 a 30 mil litros de água que, se não for tratada, contamina rios e lagos.

“O objetivo da Itaipu é estudar formas mais sustentáveis para produzir peixes, que não contaminem o nosso reservatório”, explica o técnico em aquicultura Celso Carlos Buglione, da Divisão de Reservatório da Itaipu, responsável pelas pesquisas sobre os bioflocos feitas em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O Paraná é o maior produtor de peixes do País, com cerca de 200 mil toneladas de pescado por ano e mais de 70% dessa produção está na bacia onde o reservatório da Itaipu está localizado. As pesquisas buscam criar protocolos de alimentação, controle da qualidade da água, além da validação de custos e viabilidade econômica da produção de peixes nesse sistema.