Paraná ganha curso inédito de Física Médica
O câmpus regional de Goioerê da Universidade Estadual de Maringá (UEM) será o primeiro do Paraná a formar físicos médicos, profissionais aptos a exercer uma das profissões do futuro.
Essa habilitação com nome e sobrenome conhecidos pela população interage com a medicina e com os setores específicos da área, como radioterapia para oncologia, além de propor ensino técnico para manipular novas tecnologias (robótica e laser) e equipamentos para diagnósticos e cirurgias.
O Bacharelado de Física Médica é um presente de 30 anos para o câmpus e está incorporado na diretriz estadual de regionalização da saúde, do ensino e da pesquisa, com a valorização e modernização de polos microrregionais como este no município de 29 mil habitantes.
A expectativa para o 18º curso dessa carreira do país é atender um mercado de medicina cada vez mais tecnológico, formar profissionais para atender um déficit de três mil vagas apenas no Brasil e atrair estudantes de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo – os dois primeiros não contam com essa graduação.
Segundo governador Ratinho Junior, o Paraná por ter um corpo universitário muito forte, regionalizado, precisa ser integrado, cada vez mais, ao dia a dia das empresas, da inovação e dos municípios. “É o que se chama de Tríplice Hélice, Governo-Universidades-Empresas. Essa união aumenta as chances de inserção dos jovens no mercado de trabalho, facilita o acesso da pesquisa à prática e fortalece o desenvolvimento de municípios do Interior”, afirmou o Ratinho Junior.
Inscrições – As inscrições estão abertas até o dia 11 de novembro, com início das aulas previsto para julho de 2021. A primeira turma terá 40 vagas – 32 pelo vestibular e oito pelo Processo de Avaliação Seriada (PAS) – e os cursos serão ministrados nos períodos vespertino e noturno. A graduação passou por todos os 12 órgãos internos da UEM, sendo aprovado de maneira definitiva no dia 21 de dezembro de 2019.
O projeto pedagógico prevê a graduação em quatro anos (ou máximo de sete anos), sendo 24 meses de física básica e aplicada (vetores e geometria; álgebra linear; cálculo; eletricidade aplicada; mecânica clássica; termodinâmica; eletromagnetismo); seis meses de química, anatomia, biologia e matérias correlatas; 12 meses da física médica propriamente dita, com suas especificidades (medicina nuclear; dosimetria e radioproteção; radiodiagnóstico); e seis meses de estágio em hospitais e unidades médicas.
A Física Médica de Goioerê ocupa um vácuo educacional do País. São apenas 17 cursos similares no Brasil, o mais antigo surgiu em 2000, sendo seis em São Paulo, quatro no Rio Grande do Sul, dois no Rio de Janeiro, dois em Minas Gerais, um em Brasília, um em Goiás e um em Sergipe. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em quatro mil físicos médicos a necessidade de ocupação no sistema de saúde brasileiro, mas estimativas de professores da UEM indicam que só existem mil profissionais com formação nessa área.
“Goioerê entra na rota desses profissionais, desse caminho de alto nível de inovação tecnológica. O objetivo do curso é oferecer uma formação sólida tanto na forma teórica como na aplicada, além de incentivar a utilização de novos recursos e novas tecnologias”, afirma Julio Damasceno, reitor da UEM. “A ideia final é melhorar o trabalho na saúde. É uma profissão que trabalha com diagnóstico, bases científicas e que tem revolucionado a medicina”.
Física Médica – A graduação de Física Médica vai usar toda a infraestrutura de laboratórios do câmpus de Goioerê, sendo um deles credenciado na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para trabalhar com fontes nucleares (como o Césio) desde 2017.
Os demais são os laboratórios de física das reações, aplicação da física moderna, química e biologia, todos no prédio central do câmpus, paralelo ao de engenharia têxtil, como se passado glorioso e futuro promissor convivessem juntos no mesmo espaço. Estarão à disposição dos alunos mais de 15 salas de aula com projetor e ar-condicionado.
A estrutura completa do câmpus de 90 mil metros quadrados conta com alguns equipamentos como duas fontes de radiação para uso no ensino, equipamentos de raio-X odontológicos com câmeras, difratômetro de raios-X (para fazer “nanofotografias” de materiais), experimentos didáticos para determinar a razão carga versus massa, geradores de Van Der Graaff, microscópicos, fornos, balanças analíticas, um telescópio de 20 polegadas e um sistema simulado que imita o conceito do acelerador utilizado nas radioterapias.
A ideia do curso nasceu na UEM mais ou menos na época do curso de Medicina, mas foi guardada na gaveta porque a Física tinha interesse na verticalização, com Mestrado e Doutorado, e a Medicina na criação de raízes o Noroeste do Paraná. P
ara sair do papel os professores do câmpus apostaram no processo de substituição do curso de Licenciatura em Ciências, aproveitando a estrutura pedagógica, esses laboratórios e os 20 professores da graduação que perdeu o seu timing porque a exigência atual nessa área envolve formação específica em Biologia, Química ou Física. No passado houve um hiato no qual a formação para licenciatura nessa área era unificada.
“A Física Médica de Goioerê passou por um processo de amadurecimento de 30 anos. É um curso muito importante porque conecta as duas áreas, a física e a medicina. A nossa estrutura pedagógica e de laboratórios é robusta por causa da Licenciatura de Ciências, conseguimos formatar um curso que será avaliado com sucesso pelo Ministério da Educação um ano depois da formatura da primeira turma”, afirmou Gilson Croscato, diretor do câmpus regional de Goioerê. “Para o município é um ganho imenso. Existe a possibilidade de atrair mais tecnologia, mais profissionais técnicos e potencializar a saúde pública”.
Atualmente a maioria dos profissionais de Física Médica tem apenas uma especialização na área, além da graduação em Física (geralmente) ou Medicina. Esse novo curso em Goioerê formará o físico médico sem essa vinculação com outra âncora, e com mais dois anos o (a) graduando (a) terá espaço para realizar também a licenciatura em Física, atendendo uma grande carência de professores dessa área do País. O estudante ainda poderá fazer as duas graduações ao mesmo tempo na reta final.
Inscrições – As inscrições estão abertas até o dia 11 de novembro.
As provas serão nos dias 21 e 22 de março.
Link para inscrição: http://www.cvu.uem.br/