Por Jonas Laskouski
Na manhã desta quarta-feira (25), a reportagem do Extra Guarapuava conversou com o delegado Bruno Miranda Maciozek, responsável pelas investigações sobre a morte da advogada Tatiane Spitzner, ocorrida na madrugada do último domingo (22), em Guarapuava.
O delegado está aguardando o pai de Tatiane, Jorge Waldemir Spitzner, que deve depor ainda na manhã de hoje. Além de Jorge, a polícia vai ouvir também outros familiares e pessoas que conviviam com a advogada. A mãe de Tatiane, porém, ainda muito abalada, não deve prestar depoimento.
A polícia investiga se ela se jogou ou foi empurrada da sacada pelo marido, Luís Felipe Manvailer. Ele foi preso em São Miguel do Iguaçu, a 340 quilômetros de Guarapuava, depois de sofrer um acidente na BR-277 enquanto dirigia o carro da esposa. Felipe estaria fugindo, já que depois da queda de Tatiane do 4º andar do prédio onde moravam, ele a levou já morta para dentro do apartamento. Transtornado, segundo ele mesmo disse em depoimento, “já que não havia mais nada a fazer”, ele decidiu “ir para o mais longe possível”.
DEPOIMENTOS
A Polícia Civil já ouviu quatro vizinhos, segundo informações divulgadas. Em um dos depoimentos, o casal vizinho ao apartamento 403 do Edifício Golden Garden – local da tragédia – disse que era por volta das 2h30 da madrugada, quando acordaram com gritos de uma mulher pedindo socorro. Eles perceberam que os gritos vinham do apartamento ao lado. Ao saírem na janela do quarto, viram Tatiane debruçada no parapeito da sacada, “chorando bastante e com a cabeça abaixada”. A vizinha então pediu que o marido chamasse a polícia. Quando viraram as costas, em seguida, o casal escutou um forte barulho. Eles voltaram à janela, olharam para baixo e viram Tatiane caída na rua em frente ao edifício. Eles não viram se ela caiu ou foi jogada.
Ainda na janela, o casal de vizinhos viu Felipe pegar o corpo de Tatiane, “juntando ela lá embaixo, desacordada ou já morta”. Felipe gritava: “meu amor, acorda”. Em seguida, carregou o corpo para dentro do edifício. A cópia do depoimento está abaixo.
O CASO
Luís Felipe Manvailer e Tatiane Spitzner (foto abaixo), casados há quase cinco anos, comemoravam com amigos o aniversário dele num bar, em Guarapuava.
A discussão começou lá mesmo, no estabelecimento noturno escolhido para a
festa. Uma mensagem num aplicativo teria sido o pivô do desentendimento. O
delegado da Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu, Francisco Sampaio, contou
o que Luís Felipe disse em seu depoimento.
Lá (na casa noturna) ela teria pedido a ele para olhar um aplicativo de mensagem no celular dele, e ele se negou a dar para ela. A partir daí
começaram as discussões. Seguiram dali para casa, discutindo ainda. Em
casa, de acordo com ele, a discussão aumentou o tom. Ela teria ido para cima
dele, ele teve que imobilizá-la no sofá. Na sequência, ela tentou sair do
apartamento, ele a impediu, e na sequência ela pegou rumo à sacada e haveria se atirado de repente”.
O delegado Francisco Sampaio não acreditou na versão dele e enquadrou a atitude de Felipe como feminicídio, além de autuá-lo pelo furto do veículo.
Luís Felipe nega o crime. Na audiência de custódia, um trecho em vídeo de seu depoimento mostra o suspeito se declarando inocente. Assista:
Felipe seria transferido para o Complexo Médico Penal, em Pinhas (RMC de Curitiba) nesta quinta (26) a pedido da defesa – para preservar sua integridade física – , mas atendendo a um pedido da Polícia Civil de Guarapuava, a juíza Paola Gonçalves Mancini, da 2ª Vara Criminal, determinou a transferência do suspeito para a Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG). Ele chegou na noite dessa terça, por volta das 20h30.
IMAGENS
Na tarde de segunda-feira (23), o delegado Bruno Miranda Maciozek disse em uma coletiva para a imprensa que já tem imagens da câmera do elevador do prédio onde o casal morava. Segundo ele, a gravação mostra Tatiane Spitzner sendo agredida pelo marido, antes de ser encontrada morta. O delegado disse ainda que as imagens são fortes e que não serão divulgadas.
O inquérito deve ser concluído nos próximos dias.