A sociedade possui diversos lugares hostis para encaixotar grupos e, fatores como o capitalismo potencializam as desigualdades e construções sociais, fazendo do mundo um espaço vazio, indigesto e incoerente.
Hoje no país este desequilíbrio se traduz também em uma quantidade inaceitável de assassinatos. Neste contexto uma categoria de crimes requer uma análise específica: o feminicídio, que caracteriza-se por ter suas vítimas marcadas pelo critério de gênero.
Esse tipo de morte pode acontecer por inúmeras razões aparentes. O fato é que acontecem calcadas sobre a ideia machista e violenta de que os homens têm direito sobre as mulheres. Ocorrem portanto, na maioria dos casos em um ambiente de intimidade, ou seja, usualmente o assassinato em si compõe a etapa final de uma série de ameaças, agressões verbais e/ou físicas por parte de um conhecido, retratando um arquétipo premeditado.
Em terras onde mais se matam mulheres, segundo dados do Mapa da Violência 2015, o Brasil está em 5° lugar entre 83 países. Lista com números onde se encaixam Marias, Anas, Cláudias, Tatianes e Universina Abreu, guarapuavana assassinada pelo ex-marido no bairro Xarquinho.
Categorizar o feminicídio, não é dar mais importância a morte de uma mulher do que a de um homem, significa entender que a motivação é representativa e a obviedade é marcante, justamente por ser resultado provável de outras violências antes do crime fatal acontecer.
Que possamos denunciar e tratar o feminicídio como uma ferramenta de um debate que ajude a preparar o poder público, para que acolham mulheres que apresentem os primeiros sinais de comportamento ameaçador de seus companheiros e ex-companheiros, para diminuir e por fim bastar a violência contra a mulher e os crimes que coloquem em risco sua vida. Que possamos enfrentar os casos de feminicídio sem justificar o feitio, sem classificar as vítimas em mais ou menos relevantes pela sua condição social. E, que nenhuma mulher, seja apenas número em um ranking.
Por: Aline Koslinski