Após 40 anos à frente do Positivo, um dos principais grupos educacionais, industriais gráficos e de informática do país, o professor Oriovisto Guimarães é pré-candidato ao Senado nas eleições desse ano.
O Brasil atravessa um momento de desilusão no cenário político, efeito colateral da Operação Lava Jato, que revelou o maior esquema de corrupção no setor público brasileiro. Em contraponto a este quadro, o professor Oriovisto desponta como o nome para a mudança no quadro político paranaense.
Aos 72 anos e com muito ânimo para trabalhar, Oriovisto coloca a sua experiência profissional e empresarial à disposição da sociedade para a construção de um novo país. Entre as mudanças emergenciais necessárias, o professor defende as reformas política, tributária, previdenciária e jurídica.
Nascido em Batatais (SP), morou no interior do Paraná – nas cidades de Bela Vista do Paraíso, Mandaguari e Apucarana. Filho de família de poucos recursos, viveu em casa simples e cresceu entre livros e discussões políticas. Mas sua alma inquieta e sua veia empreendedora queriam mais.
Aos 17 anos, mudou-se para Curitiba. Morou na pensão da dona Martha, na Praça Santos Andrade, e deu aula particular de matemática para ganhar a vida. Passou nos vestibulares de Engenharia e Ciências Econômicas, mas formou-se apenas em Economia, na Universidade Federal do Paraná.
Foi professor em cursinho pré-vestibular e, com amigos, fundou o Curso Positivo em Curitiba. Depois vieram as escolas de ensino médio, ensino fundamental e a Universidade Positivo, da qual foi fundador e reitor durante dez anos. Também é membro titular da Academia Paranaense de Letras. Participou da criação da Positivo Informática, que se transformou na maior fabricante brasileira de computadores. Deixou a presidência do grupo com cerca de dez mil funcionários e mais de um milhão de alunos que utilizam o método de ensino do Positivo ao redor do Brasil e no exterior.
Como empresário e empreendedor, sempre acompanhou a política, lutou contra o regime militar em 1968, conhece a história do Brasil e suas mazelas econômicas. Professor Oriovisto atendeu a reportagem da ADI (Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná) para uma conversa franca sobre sua pré-candidatura ao Senado.
Professor Oriovisto, o que o motivou a entrar na política?
O.G: Quero retribuir ao país tudo o que ele me deu e fazer com que o governo funcione melhor e os brasileiros sintam orgulho do Brasil. Não preciso mais trabalhar por dinheiro e entro na vida política para promover mudanças, sem atender aos interesses de grupos. A reforma da previdência, por exemplo, é uma necessidade emergencial. O déficit no ano passado foi de 270 bilhões de reais. É uma receita que não funciona, que concede privilégios enormes a algumas pessoas e uma aposentadoria ridícula à maioria do povo brasileiro. Vou lutar também por uma reforma política, para acabar com o foro privilegiado e com os excessos que existem no Senado, como benefícios especiais, auxílio moradia e aposentadorias especiais. No combate à corrupção, a reforma no judiciário é importantíssima. É preciso mudar as leis para que o condenado seja preso na primeira ou segunda instância e não leve 10, 20, 30 anos, sempre com a possibilidade de mais um recurso. Para estar no Senado tem que ser honesto e entender de Brasil e eu posso dizer que entendo. Além de minha experiência empresarial, estudo economia, filosofia, sociologia e história do Brasil há muitos anos. Coloco o meu nome para aqueles que não querem reeleger um político pela décima vez. O Brasil tem um encontro marcado com a verdade nas próximas eleições. É um momento em que se pode optar pela moralização da política. Vamos eleger 513 deputados e 54 senadores e se o povo quiser, não precisa reeleger nenhum.
De que forma a sua experiência empresarial poderá contribuir para a sua atuação política?
O.G: Creio que há muito do setor privado que pode e deve ser utilizado pelo governo, por exemplo a produtividade, que é a capacidade de fazer mais com menos dinheiro. Imagine que o país fosse um condomínio com 200 apartamentos, onde todos os condôminos pagassem uma taxa de 200 duzentos reais por mês. Seriam arrecadados 40 mil reais para custear a manutenção do prédio, como pagamento da energia elétrica, as zeladoras, a segurança e outros. Agora, imagine duas hipóteses: o síndico começaria a roubar o dinheiro. Roubo é ilegal, ele poderia ser preso. Mas vamos dizer que o síndico não roubasse, não fizesse nada de ilegal, mas que ele começasse a contratar muitos funcionários. Apesar de a necessidade ser de apenas dois, ele contratasse dez, entre eles os parentes e conhecidos. O que aconteceria? Todo o dinheiro arrecadado seria gasto com apadrinhados e benefícios especiais. Não haveria caixa para pagar a conta da energia dos elevadores, que ficariam sem manutenção e estragariam, nem para as zeladoras e as demais despesas. O que os moradores teriam que fazer? Trocariam o síndico por outro que não tivesse esta prática administrativa, que não é ilegal, mas que causa tanto mal como o roubo de dinheiro, ou se mudariam, venderiam os apartamentos a preço de banana para viver em outro prédio, com um bom síndico. A má administração acaba com o condomínio e com o país. O Brasil é um condomínio, cada brasileiro paga uma taxa mensal. Todos nós entregamos ao governo 35% dos nossos rendimentos. Contribuímos, direta ou indiretamente, com o governo que administra mal, emprega muita gente, concede muitos benefícios e privilégios e isso não é ilegal, ninguém vai preso.
A minha experiência da iniciativa privada é no sentido de que o dinheiro arrecadado com os impostos seja bem aplicado, porque há recursos suficientes para fazermos um Brasil maravilhoso, com saúde, educação e segurança de qualidade, mas é preciso administrar bem.
Quero representar bem o Paraná e ajudar o Brasil a ser um país melhor para todos nós, com honestidade, competência e muito trabalho.