Mesa-redonda debate assédio no contexto universitário

Informar sobre os diferentes tipos de assédio e, também, orientar como fazer a denúncia, no contexto universitário. Estes foram os objetivos principais fe uma mesa-redonda promovida na Unicentro.

“Prevenção e enfrentamento ao assédio contra mulheres na universidade” realizada no câmpus Santa Cruz. O evento, além de fazer parte da programação da campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, é uma das etapas finais do projeto de extensão “Frente de prevenção à violência doméstica ou familiar contra mulheres”. Vinculada ao Departamento de Serviço Social e coordenada pela professora Nayara Cristina Bueno, a ação atua na prevenção à violência contra a mulher.

Uma das atividades realizadas pelo projeto, em parceria com o Cram, que é o Centro de Referência de Atendimento à Mulher de Guarapuava, foi a promoção de grupos de reflexão sobre temas que atravessam a questão da violência doméstica e familiar contra mulheres.

Já no ambiente universitário, segundo Nayara, a mesa-redonda é um alerta para o problema vivenciados por docentes, acadêmicas e agentes universitárias.

“A discussão do assédio contra as mulheres no âmbito da universidade é um tema que abrange todos os cursos, toda a comunidade acadêmica, pensando entre o que é demonstrar o assédio, como identificar, mas também pensar como isso está sendo enfrentado dentro da Unicentro, que ações estão sendo pensadas, qual é o caminho para denunciar”.

Na Unicentro, a denúncia pode ser feita na Coorae, que é a Coordenadoria de Apoio ao Estudante. Por isso, a coordenadora da unidade, professora Maria Regiane Trincaus, foi uma das convidadas da mesa-redonda.

“Não tem como a gente negar que o assédio é algo presente dentro da instituição. Não só aqui na Unicentro. Infelizmente, isso é algo que ocorre em várias instituições. O que a pessoa que sofre o assédio precisa entender é que ela tem canais para buscar ajuda. Na Coorae, nós temos assistente social e psicólogo, todos capacitados a ouvi-los e, a partir disso, nós podemos iniciar alguma ação para combater esse tipo de situação. Eu preciso da denúncia e ela não pode ser anônima, pois precisamos apurar a situação e, se for o caso, encaminhar um processo administrativo”, explicou.

Em sua fala, Regiane contou que está tramitando nos Conselhos Superiores da Unicentro a adoção de uma Política de Prevenção e Combate à Violência de Gênero e de Todas as Formas de Discriminação. Essa medida visa promover a comunicação horizontal, o diálogo, o feedback e canais de escuta. A legislação também estabelece o passo a passo para a identificação do assedio e formas de combatê-lo.

“Nós vamos começar com ações de capacitação para professores e agentes sobre a questão do assédio”, dia Regiane. “Para que um servidor suba de nível dentro da carreira na universidade, ele vai ter que passar por um curso de capacitação sobre assédio para que a gente comece a, realmente, fazer uma política de prevenção mais regrada”.

Outra participante da mesa-redonda foi a advogada Ana Cláudia da Silva Abreu. Para ela, os baixos números de denúncia são resultado da naturalização da violência nos ambientes laborais. “O objetivo é deixar claro que existem canais de acolhimento da universidade e que as vítimas serão ouvidas, que vai ser levado a sério e que deve haver uma responsabilização desses agressores”, salientou.

Melissa Cuco é agente universitária e acompanhou a mesa-redonda. Ela conta que o debate a ajudou a entender quais comportamentos do dia a dia podem ser considerados assedio. “Esse é um assunto que a gente tem que tratar sempre, não só em semanas e datas que a gente vê que esses eventos ocorrem. Sabemos que são momentos destinados para pararmos um pouquinho, de chamar a nossa atenção para esse tema, mas é um assunto que sofremos no cotidiano”, argumentou.

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