Jovem haitiano é destaque no ViraVida Paraná

Fazer o bem em prol da educação, despertando habilidades e competências profissionais aos jovens que buscam a inserção no mercado de trabalho. Esse é o propósito do Programa ViraVida, desenvolvido há quase uma década pelo Sistema Fiep, por meio do Sesi no Paraná, que objetiva a transformação de vidas de adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

Esse é o caso do haitiano Worldfa Cheriza, de 17 anos, participante do ViraVida desde 2017, que se tornou um exemplo de superação e transformação. Cheguei até o Projeto ViraVida por intermédio de uma assistente social do Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Após ser aprovado no processo seletivo, iniciei os estudos. Foi a partir daí que comecei a me adaptar no país, pois além de adquirir conhecimento, fiz grandes amizades, relatou.

Como tantos outros, o jovem chegou ao Brasil em 2014, com a mãe e seus dois irmãos, em busca de oportunidades. Algum tempo depois eu a minha irmã acabamos ficando sozinhos no Brasil, pois com dificuldades de arrumar emprego, minha mãe retornou para o Haiti levando o meu irmão mais novo. Foi um momento foi muito difícil, pois comecei a ter mais responsabilidades, precisei me adaptar com a cultura e aprender um novo idioma, contou. 

Segundo Karin Bruckheimer, coordenadora de ações estratégicas do Sistema Fiep e do Programa ViraVida, Karin Bruckheimer, que acompanhou toda a trajetória do adolescente no projeto, a educação, dedicação e responsabilidade do jovem haitiano sempre chamou muita atenção.

Além da sua entrega total ao processo de aprendizagem, no decorrer do projeto, Worldfa acabou ajudando muitos jovens a superar conflitos familiares, ao trazer experiências de vida de seu país. É muito bom poder vivenciar essas histórias de transformação e poder contribuir de alguma forma para o crescimento desses jovens, propiciando um espaço para que eles possam descobrir a sua competência, colocá-la em prática e sonhar com a sua profissão, disse a coordenadora.

Recentemente, após concluir o curso, o adolescente foi um dos talentos aprovados no processo seletivo na empresa CNH-New Holland. O projeto me deu muitas oportunidades. Adquiri conhecimento profissional e pessoal e agora, pela primeira vez, consegui entrar para o mercado de trabalho. Com projetos para o futuro, Worldfa já prestou vestibular e o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Pretendo cursar ciências contábeis. Esse é mais um passo para a realização dos meus sonhos, concluiu o jovem.

Saiba mais sobre o Projeto ViraVida

Criado em 2010, o Projeto ViraVida passou por um processo de reformulação e atualmente atende 140 adolescentes (entre 15 a 21 anos) em situação vulnerabilidade social, nas cidades de Curitiba e região, Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu.

O processo de triagem para seleção dos jovens acontece durante um encontro com as autoridades da rede de proteção a crianças e adolescentes. Os selecionados passam por um momento de pré-aprendizagem durante seis meses, que inclui educação básica, atendimento psicossocial, acompanhamento pedagógico, formação profissionalizante, noções de autogestão, empreendedorismo, além de encaminhamento para o mercado de trabalho. O adolescente recebe uniforme, vale transporte, alimentação, como se fosse um contraturno, ou seja, um trabalho educacional com viés social.

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Itaipu faz pesquisa inédita para produção de dourados em tanque-rede

Primeira carga de seis mil peixes foi entregue na terça-feira. Objetivo é proporcionar mais uma opção de renda a pescadores e piscicultores da região

A Itaipu Binacional iniciou uma pesquisa inédita para a produção do peixe da espécie dourado (Salminus brasiliensis) em tanques-rede. A primeira carga com seis mil peixes jovens, com seis meses de idade, chegou na manhã dessa terça-feira (14) à Unidade Demonstrativa e Experimental de Aquicultura em Sistema Bioflocos.

O objetivo da pesquisa é desenvolver a cadeia produtiva dessa espécie e fornecer mais uma opção de renda às comunidades que dependem da pesca ou da aquicultura do reservatório para produção de alimento e faturamento.

Segundo o engenheiro agrônomo André Watanabe, da Divisão de Reservatório, a pesquisa pretende valorizar comercialmente a espécie cuja pesca é proibida no Paraná. “Quando alguém compra um peixe da pesca está extraindo um recurso limitado, havendo risco de extinção. Com a aquicultura, a gente consegue fornecer esse peixe para consumo humano sem impactar o estoque natural”, afirmou Watanabe.

Atualmente, não há produção de dourado em sistemas de tanques-rede no Paraná. Os filhotes que chegaram à Itaipu viajaram 12 horas de caminhão desde Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Quando chegaram, a primeira medida foi aclimatar a água, igualando a temperatura das caixas de transporte e do tanque onde eles passaram a ficar.

Depois disso, são mais dois meses para os peixes se recuperarem e ganharem peso antes de serem levados aos tanques-rede do reservatório. Os peixes jovens tinham em média 62 gramas quando chegaram à Unidade de Bioflocos; a previsão é que, em um ano, eles passem de um quilo e estejam prontos para serem comercializados. O dourado possui grande valor comercial, possibilitando o atendimento de nichos de mercado com produtos de alto valor agregado.

Watanabe explicou que a Itaipu estuda a construção de tanques-rede maiores, de 500 metros cúbicos – atualmente, são dois modelos de 7 m³ e de 24 m³ – especialmente para a produção do dourado que, por ser uma espécie carnívora e dominante, necessita de mais espaço para se adaptar. “É um peixe que também exige mais cuidado no manejo”, disse ele, mostrando os dedos com algumas marcas de mordida.

Sistema de bioflocos

Na cadeia produtiva do peixe, a fase que vai da larva até o peixe juvenil é a com maior índice de mortalidade, por isso são necessários vários cuidados para que o alevino sobreviva até a fase adulta. Isso acontece em um ambiente fechado e controlado, que utiliza o mínimo possível de água e não polui o meio ambiente: o sistema de bioflocos.

Os bioflocos são aglomerados de bactérias que consomem a amônia produzidas pelos peixes. Como subproduto, é gerado o nitrato que, em um segundo momento, é consumido por plantas aquáticas, em um outro tanque. Assim, a mesma água é reutilizada várias vezes.

A título de comparação, para cada quilo de peixe produzido no sistema de bioflocos, são consumidos em média 500 litros de água. Em um sistema convencional, são utilizados de 18 a 30 mil litros de água que, se não for tratada, contamina rios e lagos.

“O objetivo da Itaipu é estudar formas mais sustentáveis para produzir peixes, que não contaminem o nosso reservatório”, explica o técnico em aquicultura Celso Carlos Buglione, da Divisão de Reservatório da Itaipu, responsável pelas pesquisas sobre os bioflocos feitas em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O Paraná é o maior produtor de peixes do País, com cerca de 200 mil toneladas de pescado por ano e mais de 70% dessa produção está na bacia onde o reservatório da Itaipu está localizado. As pesquisas buscam criar protocolos de alimentação, controle da qualidade da água, além da validação de custos e viabilidade econômica da produção de peixes nesse sistema.