Manvailer pode ir a júri popular (Foto: Reprodução/Facebook)
Da Redação com informações do G1 Paraná
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou, na tarde desta segunda-feira (06), o professor Luís Felipe Mainvailer, de 32 anos, pela morte da esposa Tatiane Spitzner pelo crime de homicídio com quatro qualificadoras – meio cruel, dificultar defesa da vítima, motivo torpe e feminicídio.
Mainvailer também foi denunciado por fraude processual por alterar a cena do crime e cárcere privado.
Na denúncia, o MP-PR pediu a manutenção da prisão preventiva dele. “Após a conclusão do presente feito investigatório, angariaram-se mais elementos que demonstram a necessidade da custódia cautelar do acusado, considerando que este denotou um comportamento extremamente agressivo e perigoso (…)”, justificaram os promotores.
Tatiane (foto acima) foi encontrada morta depois de cair do 4º andar do prédio onde eles moravam, no Centro de Guarapuava. A perícia feita no local da morte constatou que ela teve uma fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura.
Para o MP-PR, Luís Felipe, que foi flagrado pelas câmeras de segurança agredindo a mulher minutos antes da queda, é o responsável pela morte dela.
OS CRIMES
Cárcere privado: O marido “impediu, mediante violência, que a ofendida se afastasse do denunciado, por pelo menos três vezes, constrangendo-a a deixar a garagem do edifício em sua companhia, a permanecer dentro do elevador e a ingressar no apartamento em que residiam, restringindo a liberdade de locomoção da vítima”, segundo os promotores.
Fraude processual: Manvailer agiu dolosamente, “ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua conduta, inovou artificiosamente, visando produzir efeito em processo penal ainda não iniciado, o estado de lugar e de coisas, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito, mediante a remoção do corpo da vítima Tatiane Spitzner do local da queda e limpeza de vestígios de sangue, conforme imagens do circuito interno de câmeras”, disse o MP.
Homicídio qualificado
- Meio cruel: praticar o delito mediante asfixia;
- Dificultar defesa da vítima: em razão da sua superioridade física e das agressões contínuas e progressivas que inibiram a possibilidade de reação;
- Motivo torpe: desentendimento ocorrido em virtude de mensagens em redes sociais;
- Feminicídio: assassinato contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Quanto ao crime de furto do veículo de Tatiane para a fuga, o MP-PR promoveu o arquivamento do caso, considerando que os dois eram casados em regime de comunhão parcial de bens.
Luis Felipe Manvailer nega as acusações e diz que a esposa se jogou da sacada. Ele está preso e foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio qualificado, por motivo torpe e meio cruel que não deu chance de defesa à vítima.
O delegado que cuida do caso também indiciou o marido de Tatiane pela suspeita de ter mudado a cena do crime ao apagar manchas de sangue, por roubar o carro da advogada para a fuga e por feminicídio.
A defesa de Manvailer diz que ainda aguarda o resultado de exames periciais e a realização de reprodução simulada dos fatos com a participação do acusado.
Nesse momento é importante reafirmar que qualquer posicionamento sobre o caso, seja dos Delegados, Promotores, Advogados de Acusação ou de outro profissional que tenha participado do todo ou de parte deste apuratório (que sequer se encontra efetivamente concluído, já que pendentes importantes diligências) estará tratando de hipóteses especulativas, baseadas em fragmentos, que destoam de comprovação técnica científica.
LAUDOS E PERÍCIAS
Até o momento, o MP-PR tem em mãos o inquérito da Polícia Civil, que tem 400 páginas com 18 depoimentos, relatório detalhado da imagens das câmeras de segurança e o laudo do local da morte que mostra marcas no pescoço de Tatiane.
Ainda faltam os laudos da necropsia que deve indicar se a advogada foi morta antes de cair ou com a queda do quarto andar; da perícias nos celulares de Tatiane e de Luís Felipe; da perícia feita com ajuda de um boneco no prédio em que o casal morava e de laudos laboratoriais nos ossos da vítima.
Segundo o promotor Pedro Henrique Brazão Papaiz, Manvailer não forneceu a senha para desbloqueio do aparelho, que foi encaminhado ao Instituto de Criminalística.
Para Papaiz, a falta da conclusão dos laudos não atrapalhou o oferecimento da denúncia.
A dinâmica dos fatos não deixa dúvida de que foi um homicídio. A causa da morte vai ser esclarecida e vai consubstanciar o decorrer do processo. Pra esse momento não é essencial a causa morte, afirmou o promotor.
A família de Tatiane criou páginas nas redes sociais para incentivar a luta contra o feminicídio. Leia mais na edição impressa desta terça-feira (07).