Faltômetro: iniciativa da prefeitura quer conscientizar usuários sobre faltas em consultas agendadas

Com o propósito de conscientizar a população sobre faltas em consultas e atendimentos, a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro São Cristóvão instalou um faltômetro na sede, uma espécie de termômetro ilustrativo que deixa visível as faltas dos usuários em serviços de saúde já agendados.

A iniciativa surgiu a partir da realidade da UBS: o número de consultas marcadas nas quais os pacientes não compareceram ultrapassou a marca de 900 no ano passado, incluindo consultas de enfermagem, clínico geral e médico obstetra. “Quando o paciente marca a consulta e não comparece ele tira a vaga de outra pessoa que precisa do atendimento. Às vezes, conseguimos encaixar outro, mas não é sempre. Isso implica em perdas, redução do atendimento, da promoção de saúde e também da prevenção”, ressaltou a enfermeira chefe da unidade, Dilcenéia Barbosa.

Um levantamento feito pela Secretaria de Saúde do município revelou que as faltas em 2019 chegaram a 30.970 em todas as UBS, sendo 15.020 em consultas para enfermagem, 13.273 para clínico geral e 2.677 na área de obstetrícia (pré-natal). As UBS com maior número de faltas foram as unidades do Xarquinho II, Vila Carli e Bonsucesso.

A falta do comparecimento nas consultas marcadas é prejudicial tanto para a UBS quanto para o paciente. Rafaela Cordeiro está no 4º mês de gestação e reconhece a extrema importância das consultas para a saúde da mãe e do bebê. “Quando fazemos os exames do pré-natal nós conhecemos mais sobre a nossa saúde e a do bebê. Tem muitas coisas que não sabemos e com as consultas acabamos descobrindo, nos tranquilizando, prestando mais atenção, coisas novas e importantes”, contou Rafaela.

Segundo a enfermeira chefe, o faltômetro tem dado resultado. Depois da instalação, houve crescimento no número de pacientes que avisaram com antecedência que não poderiam comparecer a consulta marcada. “Percebemos que eles estão se conscientizando. Os números na parede fazem com que o paciente perceba que este ato é irresponsável, que isso atrasa o atendimento a outros e estimula que os pacientes se preocupem em avisar com antecedência sua falta. Uma melhora muito boa para nossos usuários e para o serviço de saúde do município”, contou a enfermeira. Com a eficiência do serviço de conscientização, o intuito é levar a iniciativa para mais Unidades do município.

 

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Itaipu faz pesquisa inédita para produção de dourados em tanque-rede

Primeira carga de seis mil peixes foi entregue na terça-feira. Objetivo é proporcionar mais uma opção de renda a pescadores e piscicultores da região

A Itaipu Binacional iniciou uma pesquisa inédita para a produção do peixe da espécie dourado (Salminus brasiliensis) em tanques-rede. A primeira carga com seis mil peixes jovens, com seis meses de idade, chegou na manhã dessa terça-feira (14) à Unidade Demonstrativa e Experimental de Aquicultura em Sistema Bioflocos.

O objetivo da pesquisa é desenvolver a cadeia produtiva dessa espécie e fornecer mais uma opção de renda às comunidades que dependem da pesca ou da aquicultura do reservatório para produção de alimento e faturamento.

Segundo o engenheiro agrônomo André Watanabe, da Divisão de Reservatório, a pesquisa pretende valorizar comercialmente a espécie cuja pesca é proibida no Paraná. “Quando alguém compra um peixe da pesca está extraindo um recurso limitado, havendo risco de extinção. Com a aquicultura, a gente consegue fornecer esse peixe para consumo humano sem impactar o estoque natural”, afirmou Watanabe.

Atualmente, não há produção de dourado em sistemas de tanques-rede no Paraná. Os filhotes que chegaram à Itaipu viajaram 12 horas de caminhão desde Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Quando chegaram, a primeira medida foi aclimatar a água, igualando a temperatura das caixas de transporte e do tanque onde eles passaram a ficar.

Depois disso, são mais dois meses para os peixes se recuperarem e ganharem peso antes de serem levados aos tanques-rede do reservatório. Os peixes jovens tinham em média 62 gramas quando chegaram à Unidade de Bioflocos; a previsão é que, em um ano, eles passem de um quilo e estejam prontos para serem comercializados. O dourado possui grande valor comercial, possibilitando o atendimento de nichos de mercado com produtos de alto valor agregado.

Watanabe explicou que a Itaipu estuda a construção de tanques-rede maiores, de 500 metros cúbicos – atualmente, são dois modelos de 7 m³ e de 24 m³ – especialmente para a produção do dourado que, por ser uma espécie carnívora e dominante, necessita de mais espaço para se adaptar. “É um peixe que também exige mais cuidado no manejo”, disse ele, mostrando os dedos com algumas marcas de mordida.

Sistema de bioflocos

Na cadeia produtiva do peixe, a fase que vai da larva até o peixe juvenil é a com maior índice de mortalidade, por isso são necessários vários cuidados para que o alevino sobreviva até a fase adulta. Isso acontece em um ambiente fechado e controlado, que utiliza o mínimo possível de água e não polui o meio ambiente: o sistema de bioflocos.

Os bioflocos são aglomerados de bactérias que consomem a amônia produzidas pelos peixes. Como subproduto, é gerado o nitrato que, em um segundo momento, é consumido por plantas aquáticas, em um outro tanque. Assim, a mesma água é reutilizada várias vezes.

A título de comparação, para cada quilo de peixe produzido no sistema de bioflocos, são consumidos em média 500 litros de água. Em um sistema convencional, são utilizados de 18 a 30 mil litros de água que, se não for tratada, contamina rios e lagos.

“O objetivo da Itaipu é estudar formas mais sustentáveis para produzir peixes, que não contaminem o nosso reservatório”, explica o técnico em aquicultura Celso Carlos Buglione, da Divisão de Reservatório da Itaipu, responsável pelas pesquisas sobre os bioflocos feitas em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O Paraná é o maior produtor de peixes do País, com cerca de 200 mil toneladas de pescado por ano e mais de 70% dessa produção está na bacia onde o reservatório da Itaipu está localizado. As pesquisas buscam criar protocolos de alimentação, controle da qualidade da água, além da validação de custos e viabilidade econômica da produção de peixes nesse sistema.