Em Guarapuava, locadora de filmes sobrevive ao tempo

Nossa reportagem encontrou, talvez, uma das últimas vídeolocadoras de Guarapuava, sobrevivendo – muito bem obrigado -, ao tempo e as novas tecnologias. Segundo seu proprietário, Elton Fabrício, só sobraram duas na cidade: a sua, em sociedade com a esposa Nelice Pacheco, chamada Vídeo Maxi, e a de seu cunhado.

A Vídeo Max Locadora, que fica na Av. Prof. Pedro Carli, 4222 – Vila Carli, é um ambiente nostálgico, procurado por uma clientela diferenciada que aprecia um bom filme, e gosta de separar um tempo especial só para curtir o momento. “Faz dois anos que eu frequento a locadora. Eu prefiro porque filme alugado você assiste a hora que puder. Vai, coloca e assiste”, contou uma das frequentadoras assíduas da Maxi.

Memória – Vale lembrar, para os mais velhos, e explicar para os mais jovens, que as videolocadoras ganharam destaque no início da década de 1980, momento em que o videocassete começou a se popularizar no país. Seu auge se deu, exatamente, nesse período de mudança de tecnologia, ou seja, na passagem do analógico para o digital.

De acordo com o documentário CineMagia (vale a pena assistir para saber um pouco mais), o avanço na qualidade de imagem e som trazido pela chegada do DVD fidelizou clientes de maneira inédita no mercado. Isso se seguiu até 2006, com a chegada do blu-ray, uma tecnologia ainda mais poderosa que o DVD, mas que não vingou em terras brasileiras.

Prejudicadas pela popularização dos downloads de filmes e dos DVDs piratas, as locadoras começaram a fechar logo em seguida. A chegada das plataformas de streaming no país, a partir de 2011, só intensificou esse movimento, pondo uma pá de terra em muitas lojas. Além disso, a proliferação de ‘skygato’, juntamente com maior abrangência de tevês a cabo e por assinatura fizeram com que a maioria fosse para o beleléu (expressão antiga do tempo das locadoras).

Porém, para a Maxi, essa tecnologia, de modo geral, em nada afetou sua clientela, como explicou a fiel cliente: “eu acho que assim [locação] é melhor, porque internet e tevê a cabo você paga todo mês, mas não assiste o mês inteiro. Na locadora, você vem quando quer assistir mesmo. Até séries eu alugo”.

Para Elton, quem gosta de filme, e não tem tempo a perder, frequenta a locadora. “Tem gente que tem Netflix e não sai daqui”, disse o proprietário, para quem a chegada das novas tecnologias não afetou seu negócio. “Para mim, não afetou. A locadora existe a dez anos. Quando eu assumi, há três anos, ela tinha dois, três mil clientes. Hoje, estamos com quase cinco mil clientes”, declarou Elton, que afirmou fazer de 700 a 800 locações por mês.

Para Elton Fabrício, quem gosta mesmo de filme, prefere as locadoras (Foto: Luca Soares)

Esse número de locações, de acordo com Elton, costuma aumentar durante o inverno. Então, a contar pelos dias frios que vêm pela frente, vai ter muito mais filme sendo alugado, mantendo, assim, ainda acesa a chama da boa e velha locação de filmes.       

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