Edil Spínola – chefe do Núcleo Regional de Educação – fala da deficiência de sinal de internet nas escolas, gravidez, drogadição e suicídio entre jovens
Nesta edição destacamos a atual Chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE), que abrange Guarapuava e mais sete cidades da região. O Núcleo defende demandas para a regional que atende 59 escolas estaduais, 10 conveniadas, 140 escolas municipais e 42 particulares, com mais de 3,2 mil profissionais envolvidos.
A professora Edil Aparecida Espínola tem mais de 37 anos de magistério, dos quais, desde 1994 pelo Estado, onde chegou à direção do Colégio Estadual Mahatma Gandhi, nos bairros Alto da XV e Rocha Loures, atuando de 2006 a 2018.
Há poucos meses no cargo de chefia tem o desafio de implementar as novas medidas e programas do atual governo de Ratinho Junior e do secretário de Educação, Renato Feder. Confira alguns tópicos da entrevista exclusiva a este bissemanário.
Jornal Extra – O que esperar do atual governo do Paraná no setor educacional?
Edil Espínola – Desde que fomos apresentados ao secretário Renato Feder, ele fez questão de ressaltar que a proposta para o Paraná está pautada em três pilares: a presença na escola, Prova Paraná e gestão em sala de aula. Vamos trabalhar fortemente para combater a evasão na sala de aula, buscando saber em qual escola, qual aluno e quais séries esse aluno está faltando nas aulas. Será um processo ágil envolvendo técnicos, diretores e professores que deverá resultar na diminuição nos índices de faltas de alunos em sala.
A Prova Paraná vem com uma visão para proficiência voltada aos conteúdos básicos no sistema educacional. Teremos a terceira fase da prova em setembro, como também teremos a prova Brasil em âmbito federal. Isso visa com a verificação dos resultados qual a melhor forma de investir no professor e na escola. O propósito não é saber quem está na frente e sim identificar as fragilidades. Sendo um olhar para o futuro investimento. A gestão de sala de aula visa trabalhar a autoridade do professor, numa dinâmica que desperte a permanência do aluno na escola.
Jornal Extra – O que fazer para manter ou motivar os educadores?
Edil Espínola – Quero ressaltar que temos no quadro de educadores em especial no núcleo ao qual atuamos excelentes professores, com uma pequena leva que não compreendeu ainda que precisamos fazer um bom trabalho na profissão a qual exercemos.
Esse é o nosso desafio, de dar as condições para que o educador seja cada vez melhor e esteja motivado e aquele que não entendeu ainda que o aluno é essência do nosso trabalh,o precisamos buscar um diálogo para que ele realmente faça parte deste projeto educacional. A sala de aula é a razão de toda está dimensão da secretaria existir, onde diariamente atuamos como educadores com a missão de trabalhar o crescimento, conhecimento e formação intelectual de milhares de cidadãos.
Jornal Extra – Mesmo tendo ainda escolas com alguma precariedade, como a senhora vê a implementação de tecnologias?
Edil Espínola – Olha, as ferramentas como computador, notbooks, netbooks as escolas possuem atualmente, mas percebo que a nossa maior fragilidade é a chegada do sinal de internet até a escola. Se faz necessário parcerias com as operadoras para que este sinal de internet chegue com mais rapidez e eficiência no âmbito escolar. Essa deficiência ocorre em escolas de bairros em Guarapuava como também na escola no interior. Entre os desafios deste governo será de melhorar está parcerias, com a Copel e operadoras, sanando as dificuldades.
Jornal Extra – A instantaneidade das redes sociais deixou ao limbo os conflitos entre alunos na maioria das vezes fora da escola. Como chefe do NRE o que fazer para combater isso?
Edil Espínola – Isso certamente será uma caminhada longa. Temos parcerias que já vêm acontecendo envolvendo educadores, conselhos de pais, conselhos tutelares, Promotoria Pública, Creas e órgãos de segurança pública.
A Patrulha Escolar tem uma atuação de destaque e de apoio diariamente neste contexto. Mas devido ao seu contingente, com as demandas ainda temos alguns locais ao entorno escolar que estão desassistidas. Isso será sanado também com a formação de gestão, com tutorias, onde vamos buscar uma maior aproximação com a comunidade visando combater essas ocorrências.
Fatos que fazem parte de sociedade contemporânea que ao mesmo tempo faz parte da juventude. Quando somos jovens na maioria de vezes resolvemos as coisas pela razão e não pela emoção. Temos orgulho em dizer que no Núcleo ao qual atuamos a comunidade escolar tem uma maturidade bacana, com alguns fatos isolados. O importante é fazer com que a comunidade acredite e tenha orgulho da escola no seu bairro, isso diminui diferenças de padrões morais e sociais.
A tutoria trabalha nas escolas, com objetivo de levar todo apoio do Núcleo Regional, com o fortalecimento da gestão. Com olhar para a edificação, atuação pedagógica e o seu entorno. O projeto foi bem recebido e elogiado pelas direções e educadores.
Jornal Extra – A gravidez na adolescência ainda se mantém com índices altos. De que forma amenizar isso?
Edil Espínola – A gravidez na adolescência é só mais um problema, o que observamos nos dias atuais é o aumento da drogadição no entorno escolar, a automutilação e a depressão. Em anos anteriores a gravidez era o foco maior, mas acredito que esses índices diminuíram bastante se comparado a outros problemas sociais. O que contribuiu para isso foi a formação e informação dentro da escola, no Projeto Político Pedagógico (PPP), que trazem conteúdo nas disciplinas de Biologia e Ciências, abordando a sexualidade e os cuidados necessários para ambos os sexos.
Já algum tempo as escolas vêm tendo uma sensibilidade de estar observando e atuando nesses casos. Precisamos provocar a rede de proteção para que tenhamos mais pessoas envolvidas, pois hoje temos um grupo pequeno diante da dimensão destes problemas ora citados. Somente com a união de esforços teremos um ambiente escolar melhor.
Jornal Extra – Nos últimos meses foram diversas ocorrências com casos de suicídios entre jovens. Como combater isso?
Edil Espínola – O Colégio Carneiro Martins trouxe há poucos dias um psicólogo para dentro da escola para conversar com os alunos e professores. Esse profissional abordou e falou numa forma simples para que todos entendessem esse tema tão sensível e avassalador que vem ceifando vidas de jovens e adultos no âmbito familiar. Vamos estreitar essa parceria com o doutor Cleber para disseminarmos estas metodologias em outras escolas do NRE.
Jornal Extra – A troca de profissionais nas chefias de órgãos públicos muitas vezes causam polêmicas, qual sua mensagem a comunidade escolar?
Edil Espínola – Nós seres humanos sempre tivemos medo do novo, do diferente. Penso que em qualquer cargo ou profissão que a pessoa se encontre ela precisa ser ousada, não ter medo de inovar. Um desafio que considero muito significativa para minha carreira, sempre que me propus fazer alguma coisa, procurei dar o meu melhor, isso está demonstrado nos anos que atuei na direção do Colégio Mahatma Gandhi.
Se ocorrer falhas não vai ser por falta de vontade e o tentar fazer diferente. Acredito muito no sangue novo, na oportunidade. O sangue novo não é só idade nova e sim no desejo da inovação, em poder se dedicar em prol daquele setor que representamos.
Eu amo atuar no setor educacional, sempre fui otimista num viés que o resultado mais imediato para termos uma sociedade melhor e organizada é a Educação nas mais diversas searas, valorizando o funcionário, o professor e a direção. Toda engrenagem na educação precisa estar muito bem conectada para que o aluno das mais diversas escolas sejam no campo ou na cidade tenham uma cobertura de ensino de qualidade e igualitária.
Precisamos acreditar no governo de Ratinho Junior e na proposta do Renato Feder, com os novos desafios. Podemos fazer a diferença e estamos num ritmo bem acelerado, algumas mudanças positivas serão sentidas de forma latente e imediata pela comunidade escolar.