Dona Rosinha, mais de um século de muitas histórias para contar
A nossa reportagem entrevistou, com exclusividade, nessa semana a senhora Rosa dos Anjos, a dona Rosinha, que comemorou no dia 27 de agosto, 105 anos de vida, dos quais mais de 70 anos residindo na mesma casa, na comunidade do Faxinal, em Goioxim.
De origem indígena, ela é casada com sêo Antônio, popular Arigó, de 96 anos, e mãe de quatro filhos (dois já falecidos), com mais de 30 netos e 10 bisnetos.
Numa conversa extrovertida, dona Rosinha se mostrou bem lúcida e com boa memória, onde conta que nasceu no período da 1ª Guerra Mundial (1914 a 1918), na cidade de Irati, anos depois indo com pais, Agostinho e Maria dos Anjos, para Goioxim, numa época que não existia estradas, com poucos moradores, onde os trajetos eram percorridos com carroças puxadas por cavalos ou bois. Sua família foi a primeira a firmar moradia na comunidade que hoje é chamada de Faxinal.
Eram dias de viajem até Guarapuava ou Irati, para vender parte da produção agrícola ou para fazer compras de alimentos. Numa época que não tínhamos médicos e remédios eram a base de ervas do mato, preparadas por pessoas que eram chamados de curandores ou benzedeiras, contou a idosa.
Além das guerras, ela viveu e presenciou as revoltas do Brasil, na década de 1940, onde teve um tio participando da luta armada. Meu tio, Teodoro, participou da revolta, onde muitas vezes vinha a noite para pousar em casa e se alimentar. A todo momento apareciam soldados a procura de moradores que participaram do levante, lembrou ela.
Casamento arrumado – Dona Rosinha disse que ficou sabendo que já estava prometida ao seu marido, sêo Antônio, o Arigó, sete dias depois do mesmo ter pedido sua mão em casamento a sua Mãe, Maria.
Eu tinha visto meu marido uma única vez, a minha mãe era muito dura com a gente, toda vez que chegava uma visita nós tínhamos que sair de casa e se esconder no mato. Éramos duas irmãs e ele escolheu eu por ser mais nova, na época com 30 anos. A festa foi com um almoço a base de churrasco e alguns convidados, contou com uma certa timidez e risos.
Particularidades – A idosa disse que no seu cotidiano busca gravetos e galhos de árvores no mato, que ainda tem força para cortar lenha e preparar a comida para ela, o esposo e familiares que convivem na mesma casa. Contou que Mãe não permitia que as filhas fumassem, que também não teve a oportunidade de estudar.
Quando tenho alguma gripe ou doença e busco ervas no mato e faço meus remédios, faz muito tempo que não consulto um médico. Me sinto bem e feliz vivendo aqui, frisou.
Familiares apontam que dona Rosinha é nascida em 27 de agosto de 1914, e que na época, devido as dificuldades, os registros de nascimentos eram feitos anos depois, por isso o fato de a idosa ter uma identidade com outra data do ano de nascimento.
Visita ilustre – Em comemoração ao seu aniversário, dona Rosinha recebeu a visita da prefeita de Goioxim, Mari da Silva. Eu fiquei orgulhosa dela ter vindo aqui na minha casa, também do município ter uma mulher prefeita, isso representa muito para mim, já que não tive a oportunidade nem de estudar. A minha adolescência era de trabalho duro na roça, com meu pai e irmãos, finalizou.