Foto: reprodução
Atualmente, o Brasil registra 32 duas mortes por dia, o que representa 1 suicídio a cada 45 minutos. Na maioria dos casos, o ato é em decorrência da doença
Associada ao calor e à alegria, a cor amarela foi escolhida para representar figurativamente a luta contra o suicídio, que é proposta da campanha Setembro Amarelo. O movimento, que ocorre todo nono mês do ano pelo mundo inteiro e desde 2013 no Brasil, busca não apenas alertar a sociedade sobre o suicídio, como também quebrar os tabus que circundam esse tema.
De acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV), atualmente, o Brasil registra 32 duas mortes por dia, o que representa 1 suicídio a cada 45 minutos, além do triplo de tentativas diárias de acabar com a própria vida. Além disso, entre 2002 e 2012, o número de suicídios e tentativas de tirar a própria vida entre jovens dos 15 aos 29 anos cresceu 20%.
Iluminar
A cor amarela, além de representar a alegria, também representa a luz. Iluminar e tornar claro para a sociedade o que leva uma pessoa a tirar a própria vida também é uma forma de preveni-lo. Segundo a médica psiquiatra Marine Pereira, há desconhecimento pela maior parte da população sobre o que leva uma pessoa a pensar em se matar, quais os sinais que ela dá e como oferecer e pedir ajuda. Muitos casos poderiam ser evitados diariamente se as pessoas em volta soubessem mais sobre o suicídio e como lidar com ele.
Por isso, falar de suicídio exige a compreensão do que se encontra por trás dele: a depressão, pois o suicídio é, na maioria dos casos, consequência da doença.
Depressão é uma palavra frequentemente e erroneamente usada para descrever nossos sentimentos. Todos se sentem “para baixo”, tristes ou angustiados de vez em quando, e esses sentimentos são normais e inerentes ao ser humano. Mas a depressão, enquanto evento psiquiátrico é algo bastante diferente: é uma doença que exige tratamento.
Fala-se muito sobre a depressão ser o mal do século em que vivemos. Essa afirmação pode ser retratada por dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), que comprovam que aproximadamente 15% da população mundial terá uma depressão forte em algum momento da vida, e que, provavelmente, a patologia será o problema de saúde mais comum do mundo em menos de 20 anos.
Segundo psiquiatra, histórico familiar da doença, experiências vividas na infância, traumas, baixa autoestima, uma vida desgastada e estressante, perda de um ente querido, entre outros, são fatores que podem ter grande influência para o aparecimento da doença. Porém, a médica também afirma que não há como determinar com certeza que pessoas que passaram por tais coisas apresentarão sintomas de depressão. Há características específicas de cada ser humano que fazem com que cada um reaja de uma forma para as mesmas experiências, explica.
Como reconhecer a depressão?
Saber qual a diferença entre um quadro de tristeza, por exemplo, e um caso real de depressão não é a tarefa mais simples do mundo. De acordo com a psiquiatra, a verdadeira depressão difere da tristeza em dois pontos-chave: severidade e duração. Os sintomas da depressão são severos o suficiente para dominar sua vida e interferir profundamente em sua rotina diária, explica.
Medicamentos e psicoterapia são fundamentais
A psiquiatra afirma que o tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso, e existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que se pode pensar, essas medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. Os antidepressivos não incapacitam e nem entorpecem o paciente.
Conforme a médica, a psicoterapia é uma forma de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios de depressão. Ela auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, aumentando a sua compreensão sobre o processo de depressão e ajudando na resolução de conflitos, o que diminui o impacto provocado pela doença. É importante ressaltar que psicoterapia ajuda o paciente a melhorar, mas não cura a depressão. Os medicamentos são essenciais, diz.