Dados divulgados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na última sexta-feira (29) registraram que o número suspeitos de cometerem crimes de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na internet presos em flagrante durante a quarta fase da Operação Luz na Infância subiu para 141.
A maior parte dessas prisões ocorreram no estado de São Paulo, com 61 pessoas investigadas e posteriormente detidas. Em seguida, aparecem os estados de Goiás e Minas Gerais, com dez prisões cada. No Acre e no Paraná, ambos tiveram seis detenções na Operação Luz na Infância. Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso e Rio de Janeiro registraram cinco prisões cada. Soma-se a isso mais quatro prisões em Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, três no Pará, duas em Alagoas e Pernambuco e, por fim, uma prisão na Operação em Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe. Ou seja, quase
todos os estados brasileiros, uns em maior e outros em menor proporção, estão envolvidos em crimes de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na internet.
Esses dados preocupam não somente pelo fato de envolverem abuso de crianças e adolescentes na internet, mas também pela internet se tratar de algo cada vez mais acessada e cada vez mais abrangente no mundo todo. Os perigos do mundo virtual (abordado recentemente pelo Jornal Extra Guarapuava), principalmente para crianças e jovens, são cada vez maiores, partindo da lógica de que se o número de pessoas que acessam a internet e redes sociais são cada vez maiores, o número de pessoas má intencionadas que também possuem acesso ao imenso mundo virtual também é cada
vez maior.
No ano passado, depois de conferir um relatório de duas ONGs israelenses que apontaram uma grande quantidade de grupos no WhatsApp exclusivos para o compartilhamento de pornografia infantil, o site TechCrunch vasculhou alguns desses grupos que ainda aparecem ativos e compartilhando o material ilegal. As descobertas das ONGs Screen Savers e Netivei Reshe foram reveladas no final de 2018, mas a investigação começou em julho do mesmo ano, depois que um homem ligou para uma das ONGs dizendo ter visto pornografia pesada no WhatsApp. Até outubro do ano passado, as instituições catalogaram mais de 10 grupos de pornografia infantil, seu conteúdo e os aplicativos que permitem que as pessoas os encontrem. Segundo o
TechCrunch, muitos desses grupos nem tentam esconder sua intenção, apresentando nomes como child porn only no adv e child porn xvideos (pornografia infantil somente sem anúncios e pornôs infantis xvideos, respectivamente). Outros usam abreviações ou emojis, mas também deixando claro se tratar de grupos sobre
pornografia infantil.
OPERAÇÃO LUZ NA INFÂNCIA
Além das detenções em flagrante, foram cumpridos 266 mandados judiciais de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados em todo o país. Mais de 1,5 mil policiais civis dos 26 estados, além do Distrito Federal, participaram da nova fase da Operação Luz na Infância.
A pena para quem armazena esse tipo de conteúdo varia de um a quatro anos de prisão. Já quem compartilha pode ser condenado a uma pena de três a seis anos. A produção de conteúdo relacionado a crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes pode ser punida com quatro a oito anos de detenção. Somadas, as três primeiras fases da Operação Luz na Infância resultaram em mais de 400 prisões e instauração de vários inquéritos.