A promotora Dúnia Rampazzo, durante a posse da nova delegada da Mulher, em Guarapuava (Foto: Caio Budel/Portal RSN)
Por Jonas Laskouski
O site UOL, sem dúvidas, é um dos portais brasileiros mais completos da internet, recheado com diversas páginas trazendo todo tipo de assunto. Uma dessas páginas é o Universa, dedicada a informações voltadas para as mulheres e sobre mulheres. Ali fala-se de tudo: direitos, autoestima, diversidade, moda, beleza, sexo, relacionamento, horóscopo, carreira e finanças. Seu mundo é o mundo, afirma o slogan do Universa. Diversos blogueiros assinam textos para a página. Um deles é Paulo Sampaio.
Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, e nas revistas Elle, Veja, J.P. e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames. É o que diz a descrição do seu blog no Universa. Mas não estamos aqui para falar sobre ele, apesar da qualidade duvidosa de seu texto (“gola alta de pele branca estilizada roçava em sua mandíbula”?!) e que é um dos motivos para este texto do Extra Guarapuava. Entenda:
Uma matéria no blog de Paulo Sampaio, postada no Universa na última segunda-feira (13), chamou nossa atenção. Não só a nossa, mas de muita gente. Promotora do caso Tatiane Spitzner leva arma cor-de-rosa na Louis Vuitton.
A postagem gerou inúmeras manifestações. Tanto condenando o pobre blogueiro pela relevância de certas particularidades reveladas também pela própria promotora, quanto elogiando a vaidade e a competência de uma mulher realizada na vida pessoal e profissional. As opiniões, no compartilhamento do texto na página do Universa no Facebook, ficaram divididas. Linda e poderosa, diz um comentário. Lembremos que um dos focos do Universa é falar de moda, vaidade e autoestima femininas. Portanto, um espaço adequado para escrever sobre o que Paulo Sampaio escreveu. (Apesar de algumas colocações serem, no mínimo, curiosas).
O blogueiro conta que a entrevista era sobre o caso Tatiane Spitzner, mas que ao se deparar com a figura ímpar da promotora Dúnia Serpa Rampazzo, de 33 anos, o blog optou por fazer um recorte da vida dela, que inclui a posse de acessórios como um pistola Glock G28 customizada, cor-de-rosa, que ela carrega na bolsa Louis Vuitton, e um spray de pimenta da mesma cor.
“A promotora e seu arsenal de defesa” na foto do blogueiro Paulo Sampaio (Foto: Reprodução/Universa/UOL)
O texto segue contando detalhes da vida pessoal da promotora, que é natural de Palmas, em meio a informações sobre o caso Tatiane. Apesar da curiosidade gerada pela exposição da vida da promotora (o link está logo aí em cima, em vermelho, caso você se interesse), o nosso interesse é nas questões referentes ao caso, divulgadas na matéria.
SOBRE O CASO TATIANE
Perguntada sobre a necessidade de manter Luís Felipe Manvailer na prisão, a promotora Dúnia Rampazzo disse que ele precisa continuar preso para 1) Assegurar a ordem pública; a) pela intensa gravidade do crime; b) pela repercussão internacional; c) pela violência; d) pela agressividade demonstrada. 2) Para assegurar a produção de provas (já que o réu destruiu evidências quando removeu o corpo da vítima e limpou os vestígios); e 3) Para assegurar a punição do réu, que tentou fugir para o Paraguai.
O texto prossegue dizendo que a defesa de Manvailer nega que ele tenha matado a mulher, afirmando que o casal vivia ‘feliz’ e que ia para o quinto ano de relacionamento. Alegando que o professor está ‘profundamente abalado pelo turbilhão emocional sofrido nos últimos dias’ e que vinha apresentando ‘quadro de depressão profunda’, seus advogados pediram a transferência dele da Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) para o Complexo Médico-Penal (CMP), em Pinhais, a fim de que ele tivesse ‘atendimento psicológico e psiquiátrico urgente’. De acordo com o laudo elaborado por um médico da Secretaria da Saúde de Guarapuava, Manvailer mudou a versão e disse que acha que a esposa pulou da sacada, mas não lembra do que ocorreu. O professor diz ainda que, se realmente fez isso, deveria morrer.
Em seguida, o blogueiro escreve: A promotora pisca os olhos guarnecidos com enormes cílios postiços (cada cílio tem três fios) e reage à alegação da defesa com tranquilidade. Poxa, blogueiro, que desnecessário. Vamos esperar o laudo anátomo-patológico, que investiga ossos e circulação sanguínea da vítima, para saber se ela ainda estava com vida quando caiu da sacada.
A juíza Paola Mancini, da 2ª Vara Criminal de Guarapuava, aceitou a denúncia do Ministério Público do Paraná contra Luís Felipe Manvailer, através da promotora Dúnia Rampazzo. Ele é réu pelos crimes de cárcere privado (por impedir a fuga da vítima); homicídio quadruplamente qualificado (por motivo fútil, asfixia, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio); e fraude processual (por remover o corpo de Tatiane Spitzner e alterar a cena do crime). O professor pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
As imagens das agressões chocaram o mundo (Imagem: Reprodução)
NULIDADE DO LAUDO
Nesta quinta-feira (16), a Justiça negou o pedido de nulidade do laudo psiquiátrico de Luís Felipe. As informações são do G1 Paraná.
A juíza Liliane Graciele Breitwisser, da Vara de Corregedoria dos Presídios de Guarapuava, disse que não cabe à Justiça avaliar a técnica médica utilizada pelo especialista na avaliação psiquiátrica.
Conforme o documento, foi indicado tratamento para o preso e o medicamento já foi fornecido. Ainda segundo o despacho, o laudo não indicou necessidade de internação médica ou psiquiátrica, e Manvailer já está realizando normalmente as atividades dentro do presídio, como banho de sol e recebimento de visita.
A magistrada contesta a criação de prova sem a participação da defesa técnica em relação ao atendimento médico e determina o arquivamento do processo, aberto para avaliar a necessidade de transferência de Manvailer.
Uma vez que este (a avaliação psiquiátrica) se prerstou, exclusivamente, a instruir procedimento administrativo instaurado perante esta Corregedoria dos Presídios com o escopo de verificar a higidez física/psíquica do segregado no interior da unidade prisional – não se relacionando com a ação penal que tramita acerca dos fatos delitivos imputados a este, diz o despacho.
DESTEMIDA MAS FEMININA
Voltando ao texto do blogueiro Paulo Sampaio, foram quase duas horas de conversa com a promotora Dúnia Rampazzo. Definindo-se como uma mulher ‘destemida mas feminina’, a promotora diz que não tem medo de nada: Sou faca na caveira, avisa ela.
Para provar sua força, Dúnia conta que recentemente, quando atuava na promotoria de Porto Alegre (RS), mandou prender um delegado por tráfico de drogas. A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil começou a me denegrir nas redes sociais, dizendo que eu era uma ‘deusa de personalidade doentia, que não admitia ser contrariada em seus devaneios’. Só concordei com o ‘deusa’. Pelo resto, eu os estou processando.
É a mulher mostrando sua força. E por que não, sua vaidade.