Alunos com Síndrome de Down têm atendimento especial na rede estadual
As escolas estaduais do Paraná possuem cerca de 14 mil estudantes com Síndrome de Down. Ter uma condição específica não é tabu na rede estadual. Rafael Pusch Mendes, de 14 anos, é um bom exemplo. Aluno do 7° ano no Colégio Estadual Cívico Militar Yvone Pimentel, em Curitiba, Rafa, como é chamado pelos professores e colegas, estuda quase em período integral.
Com aulas à tarde no ensino regular todos os dias da semana, ele tem duas aulas diárias pela manhã de segunda a quinta-feira na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da escola, que também atende estudantes de outros dois colégios próximos. Ele é um dos 35 estudantes (entre manhã e tarde) do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na área da deficiência intelectual, deficiência física-neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos. Rafael e mais um têm Síndrome de Down.
De natureza pedagógica, a SRM complementa a escolarização desses estudantes. “A sala de recursos faz parte do atendimento educacional especializado das escolas regulares e tem como função auxiliar o aluno com laudo a se desenvolver plenamente”, explicou a professora Lauren Duarte Ferreira.
Ela atua exclusivamente nesse atendimento, que demanda um trabalho colaborativo com os demais professores. “Trabalhamos conteúdos defasados das séries anteriores, principalmente na Língua Portuguesa e Matemática, e também resgatando habilidades que serão imprescindíveis para prosseguir nas próximas séries”, afirma Lauren.
Uma das disciplinas, inclusive, é a favorita de Rafael, que, sem titubear, crava: “Matemática”. E a professora concorda. “Tem sido uma experiência bem bacana. O Rafael é muito atento. Se ele não entendeu, ele pede ajuda, e a gente busca outra forma de explicação, outra metodologia. É muito inteligente, tem mostrado durante as aulas a rapidez no raciocínio lógico”, relata.
Na SRM, Rafael compartilha a sala com outros quatro estudantes com autismo e tem acesso a diferentes materiais para potencializar seu aprendizado, por meio de programas e jogos de computador, de tabuleiro e seu preferido, o quebra-cabeças.
Desde o ano passado na rede estadual, quando ingressou no 6° ano, Rafa é atendido na sala de recursos, na época ainda através de videochamadas. “Foi um tempo especial, porque foi um tempo de acolhimento, precioso, de a gente começar a entender e reconhecer as dificuldades de cada um e suas potencialidades”, ressalta Lauren.
Rede – Além dos 14 mil estudantes matriculados nas escolas estaduais, ainda há o atendimento na rede conveniada, na qual uma parceria entre o Governo do Paraná e organizações da sociedade civil também garante um atendimento educacional especializado e a inclusão social à pessoa com Síndrome de Down.
Em julho do ano passado, o governo firmou um convênio de mais de R$ 430 milhões até o início de 2023 com 400 instituições mantenedoras de escolas de educação básica na modalidade de Educação Especial e de Centros de Atendimento Educacional Especializados.
O valor engloba contratação de profissionais para o atendimento dos estudantes da Educação Especial, bem como para despesas de funcionamento e investimentos em infraestrutura. O pacote integral contempla, no período de 18 meses, R$ 406,34 milhões para salários e encargos; R$ 20,76 milhões em custeio; e R$ 5,2 milhões para investimentos. As instituições com mais estudantes receberam valores maiores, proporcionais ao número e atendimentos.
Data – Em 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 21 de março como Dia Internacional da Pessoa com Síndrome de Down, uma alusão à trissomia do cromossomo 21. No ano passado, foi estabelecido por lei o Dia Estadual da Conscientização sobre a Síndrome de Down e a Semana de Ações no Campo da Síndrome de Down no Paraná.