Agroindústria familiar é beneficiada por Consórcio Cid Centro
O Consórcio Cid Centro faz parte de um projeto-piloto, do Ministério da Agricultura, que selecionou 12 consórcios em todo o País para acompanhamento e incorporação ao Sisbi/POA (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal).
Com isso a expectativa é chegar ao final do ano com, pelo menos, cinco estabelecimentos agroindustriais formalizados junto ao SISBI, o que dará projeção nacional à região Central do Paraná, com a possibilidade desses estabelecimentos venderem seus produtos para todo o País.
Trabalhar na formalidade é o sonho de todo produtor que sabe que precisa ganhar mercado de forma sustentável. Ele sabe produzir bem, com qualidade, mas precisa de orientação técnica para colocar o produto no mercado, com segurança sanitária. É isso que o Consórcio Cid Centro vem conseguindo na região Central do Paraná, após pouco mais de um mês de atuação.
Atualmente o Consórcio Cid Centro está trabalhando a formalização de 52 agroindústrias junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a expectativa é aumentar esse número com a entrada de mais municípios no consórcio.
A constituição do Consórcio Cid Centro vem deste a formação do Território da Cidadania Paraná Centro, em 2009, para atuação em programas de turismo, meio ambiente, patrulha rural.
Posteriormente, em 2015 foi utilizada a mesma estrutura para implantação da Inspeção de Produtos de Origem Animal, como meta para almejar o Sisbi/Suasa – Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal.
O objetivo era utilizá-lo como uma ferramenta de desenvolvimento regional através da geração de renda e aumento no número de empregos tanto na agricultura familiar como nos pequenos empreendimentos dos municípios da região.
O Consórcio teve o apoio da secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, do Instituto de Desenvolvimento do Paraná e da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).
A pedido dos chefes de núcleos da Secretaria em Ivaiporã e Pitanga, Vitória Holsmann e José Guilherme Camilo Stipp, representando os prefeitos da região, foi designado um médico veterinário para apoiar as ações do consórcio, que ajuda as agroindústrias na legalização e encaminhamento da documentação necessária, auxilia os municípios a buscarem o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), condição fundamental para se incorporar ao consórcio.
E atua também na capacitação dos responsáveis pelas agroindústrias. Com isso, as agroindústrias conseguem vender seus produtos em todos os municípios que integram o consórcio, ganhando mercado.
O consórcio agora caminha para se vincular ao Susaf (Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte), para permitir que mesmo com o SIM esses produtos possam ser vendidos em todo o Estado.
Para o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, o alvo prioritário foi atender a região Central, que ficou para trás diante de outras regiões que avançaram em geração de empregos e renda.
“Era preciso encontrar fórmulas para alavancar projetos nessa região e encontramos na regularização e fortalecimento das agroindústrias locais essa oportunidade”, disse.
Para um dos organizadores do Consórcio CID Centro, o veterinário da Seab, Carlos Eduardo dos Santos, o trabalho de regularização das agroindústrias sempre esbarrava em dificuldades de documentação, falta de adequação dos equipamentos e um agravante que é a falta de jovens trabalhando nas propriedades rurais.
“Com o produtor mais idoso, temos menos efetividade nos projetos e mais dificuldades em avançar”. Para Santos, está sendo desafiador conquistar os jovens filhos dos produtores rurais para esse projeto.
Segundo Santos, a tendência é criar a cultura da inspeção sanitária para os estabelecimentos de produtos de origem animal nos municípios e que o SIM funcione de forma efetiva. Com isso, a mudança que se espera é que o jovem volte para a propriedade, permaneça na atividade e que continue os negócios da família.
“De forma organizada, queremos aumentar o volume de negócios rentáveis e desafiadores aos jovens. É isso que eles querem além de ter seu trabalho remunerado”, explicou.
Mercado Consumidor – Atualmente o Consórcio Cid Centro atende 30 municípios na região Central do Estado, com 571 mil habitantes. O município com menos habitantes é Altamira do Paraná, com 1.900 habitantes e o maior, Guarapuava, com 180 mil. E tem proposta de adesão de mais 13 municípios, o que deverá aumentar o público consumidor desse mercado.
O consórcio consegue atender a legislação da Agricultura Familiar e auxilia as agroindústrias a se adequarem às instruções normativas do Ministério, que atende os pequenos estabelecimentos de abate da agricultura familiar. Com isso, abriu-se as perspectivas do abate de pequenas agroindústrias se regularizarem perante o governo federal também, explicou Santos.
As agroindústrias são orientadas a trabalharem as questões de rótulo, de embalagem, procurar novos mercados. E todas as informações das agroindústrias atendidas pelo Consórcio estão inseridas no site E-SISBI, do Mapa, que facilita o trabalho de da Vigilância Sanitária que conta com ferramentas para gerenciar os documentos e realizar a fiscalização de forma ágil nos pontos de venda.
O produtor sabe produzir mas na maioria das vezes ele não tem tempo de providenciar a documentação necessária ou não tem os equipamentos adequados para se adequar à legislação. Para resolver esse problema, Santos adiantou que está no forno o projeto “Adote uma Agroindústria”.
A ideia é firmar parcerias com instituições de ensino superior, sindicatos rurais, IDR, Senar, Sebrae, para que adotem pequenas agroindústrias, auxiliando-as a encaminhar a documentação necessária para sua formalização junto ao consórcio e ao Mapa, para que possam atuar de forma legalizada no mercado.
Hoje já entrega peixe processado na forma de filé e posta eviscerada para três grandes redes de supermercados da região Central do Estado. Animado, viu o perfil de seu negócio se inverter. Hoje, vende mais peixe processado e pouco peixe vivo. Está vendo a época que não venderá mais peixe vivo e vai se livrar da sazonalidade do tempo.