Uso do EAD na educação básica divide opiniões
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As formas como a tecnologia deve ser usada na educação básica atiçam polêmicas que parecem longe de terminar. Recentemente, o Conselho Nacional de Educação estudou uma proposta para estabelecer um limite da carga horária da etapa do ensino médio que poderia ser oferecida a distância (EAD). Seria uma maneira de oferecer trajetórias diversificadas para alunos mesmo de cidades pequenas onde há somente uma escola, além de poder suprir a falta de professores de determinadas disciplinas. Mas a ideia foi mal recebida por educadores do governo e de fora dele.
Betina von Staa, responsável pelo CensoEad.Br da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), é uma das vozes a criticar com veemência esse tipo de regulamentação. No ensino médio, os alunos têm de estar juntos, na escola, aprendendo a dialogar. Iniciativas para estudar de casa só devem ser cogitadas em casos de necessidade absoluta e para alunos mais velhos, do EJA (educação de jovens e adultos), afirma. Ela, contudo, é uma entusiasta do uso da tecnologia na escola. O modelo que precisamos adotar é o híbrido, usando o suporte que faça sentido para cada ação, sem tentar separar o que é presencial e o que é a distância.
Segundo Betina, o limite legal para cursos presenciais, que podem oferecer no máximo 20% da carga horária em EAD, foi extremamente prejudicial para o ensino presencial, que acabou estagnado. Os gestores começaram a achar que não podiam usar tecnologia no presencial, porque poderia se configurar como EaD. Desvirtuou a busca pela qualidade e ficou todo mundo olhando só para esses números, critica. Ela teme que o ensino médio siga pelo mesmo caminho.
Tecnologia educacional a gente usa de acordo com a situação, caso a caso. Não se pode colocar todo mundo na frente de uma tela, porque não funciona. Mas tampouco existe um número mágico do quanto de estudo pode ser feito em casa, diz Betina. Portanto, a adoção de metodologias EAD não prejudica o estudante caso seja bem feita, com propósito e supervisão. Primeiro temos de saber qual é a proposta. Se é para que todos aprendam física com um professor graduado, um único professor pode dar aulas para o país inteiro, com a mediação de um tutor em cada escola. Se é para aprender ciências de forma experimental, vou precisar de alguém orientando localmente, cita. Mas, se o objetivo é apenas decorar conceitos e regras, basta um aplicativo e o estudante pode ficar em casa mesmo, ironiza. Mas não é isso que a gente quer, diz em seguida. Em compensação, um projeto colaborativo de geografia pode ganhar mais diversidade se, por meio da tecnologia, envolver estudantes de várias partes do país.
Fonte: Revista Educação