“A Direção, entendendo a importância das campanhas vinculadas à saúde e a participação da universidade no contexto local, principalmente visando o contato com a comunidade, solicitou que o Setor de Saúde buscasse à Secretaria de Saúde para que a gente pensasse em algumas ações voltadas às ações do Outubro Rosa.
Como o Outubro Rosa tem essa tônica voltada às mulheres e à prevenção de modo geral à saúde das mulheres, nós pensamos em articular com algumas ações que o Numape vem desenvolvendo, como é um projeto vinculado ao Setor de Saúde e já tem uma inserção junto com a rede. /Estamos fazendo algumas idas até as UBSs durante os atendimentos dos preventivos.
Então, enquanto as mulheres aguardam o preventivo, nós conversamos com elas falando sobre o trabalho do Numape, trazemos informações sobre a prevenção à violência contra as mulheres. Tem sido uma ação bem próxima, de contato com as pessoas”, contou a coordenadora do Numape e vice-diretora do Setor de Saúde, professora Kátia Alexsandra dos Santos.
A fim de divulgar as ações do projeto, as bolsistas da Unicentro têm comparecido às UBSs de Irati e conversado com as mulheres sobre o tema, o que para a estudante de Psicologia Gabriela Walter pode ser uma estratégia essencial para a prevenção à violência contra as mulheres.
“Eu acho que a própria divulgação já é um meio de prevenção à violência, levando em consideração que, então, elas sabem onde buscar ou onde denunciar uma situação de violência e, muito provavelmente, o acesso aos serviços – tanto de assistência social, quanto o Numape – é ampliado”.
E as informações repassadas pela Unicentro, de fato, podem fazer a diferença. Mulheres como a Rosemari Andrade, de 47 anos, saíram das consultas e exames levando folhetos informativos do Numape. A paciente contou que pretende entregar o material para uma conhecida, que, segundo ela, está em situação de violência doméstica.“Eu tenho uma parente que sofre com isso e vou orientar ela. Eu pretendo avisar que procure ajuda, que procure vocês”.
As intervenções da Unicentro estão acontecendo ao longo de todo o mês de outubro nas UBSs dos bairros próximos à universidade – como Engenheiro Gutierrez, Riozinho e Vila São João – e também em duas UBSs mais centrais do município, a Ademar Vieira de Araújo e a sede da Saúde da Mulher.
Para as mulheres que demonstram interesse no diálogo com o Numape, também está sendo aplicado um questionário anônimo referente a uma pesquisa que tem o intuito de mapear casos subnotificados de violência contra mulheres no município de Irati e Inácio Martins.
Para a advogada do Numape, Thays Brito, essa aproximação da Unicentro com as comunidades do seu entorno é importante para reforçar o papel da universidade como uma prestadora de serviços à sociedade. “Tem muita gente que não conhece violência patrimonial, violência moral, violência psicológica.
Então, achei que vir até aqui, principalmente a equipe toda participar e ir nas UBSs, faz com que as vítimas ou as mulheres se identificassem, para nós nos mostrarmos disponíveis para elas, para que vejam que, realmente, tem alguém que se importa e que está aqui para ajudar elas. É um ponto de referência para as pessoas que moram em volta.
Elas se identificam com o espaço e reconhecem ele, já tem o sentimento de pertencimento. Então, é um trabalho muito importante a Unicentro tomar a frente nisso e as mulheres terem com quem contar tão perto”.
Ademais, a equipe da Unicentro tem projetado já outras intervenções relacionadas ao assunto da prevenção à violência contra a mulher junto das UBSs de Irati, como antecipa a coordenadora do Numape, professora Kátia.
“Dando sequência a essa ação, a gente vai fazer um trabalho de formação com as profissionais que atuam nas UBSs, discutindo o conteúdo de como acolher uma mulher em situação de violência, como fazer uma notificação, como encaminhar para a rede – que é uma demanda que a coordenadora da Saúde da Mulher nos trouxe também”.
Enquanto isso, a enfermeira coordenadora da Saúde da Mulher em Irati, Sueli Burnato, aproveita para salientar os cuidados necessários para se ter uma vida saudável e afastar as chances de desenvolver câncer de mama ou de colo de útero.
“Os principais cuidados que a mulher pode ter para prevenir cânceres, tanto do colo de útero quanto o de mama, são diminuir o peso, fazer atividade física, diminuir o tempo de exposição aos hormônios tanto combinados quanto isolados, evitar um grande número de parceiros sexuais, diminuir a ingesta de alimentos calóricos ou até mesmo de alimentos industrializados. A paciente precisa observar seu corpo – fazer o toque nas mamas, observar sangramentos e fazer as coletas dos preventivos”.
Segundo a enfermeira, o exame ginecológico Papanicolau é realizado para a prevenção ao câncer do colo do útero e é recomendado a partir do início da vida sexual ativa até os 64 anos de idade. Já a mamografia, que é capaz de identificar nódulos nas mamas, deve ser realizada entre 40 a 69 anos, mas caso haja histórico familiar de câncer, poderá ser feito antes.
As consultas e exames em Irati estão sendo ofertados em horários alternativos neste Outubro Rosa, podendo a paciente agendar atendimento nos dias de semana ou nos sábados.
A dona Maria Luiza do Motta, de 63 anos, faz os exames preventivos todo ano e incentiva às mulheres a cuidarem da saúde assim como ela. “Fiz esse e a mamografia e já estou quitando. É importante. A gente tem medo das coisas que ouvimos falar, então é muito bom”.