Laudo sobre morte de Tatiane Spitzner contradiz Manvailer

A morte de Tatiane Spitzner repercutiu no mundo todo (Foto: Reprodução)

 

Por Jonas Laskouski

 

Nesta quinta-feira (30), um laudo da Polícia Científica do Paraná foi anexado ao processo que acusa Luís Felipe Manvailer pela morte da então esposa, Tatiane Spitzner. O documento sugere que não houve qualquer tipo de impulso na queda da advogada da sacada do apartamento 403 do Edifício Golden Garden, onde o casa em que morava, em Guarapuava. As informações são do G1 Paraná e também foram divulgadas no Jornal Nacional desta quinta.

A perícia também afirmou que os elementos contradizem o depoimento de Manvailer, que disse que a mulher correu para a sacada, e que ele teria tentando alcançá-la, mas não teve tempo de impedir o suposto suicídio.

Tatiane foi encontrada morta depois de cair do 4º andar, na madrugada de 22 de julho. Luis Felipe Manvailer é réu pela morte da mulher e nega as acusações.

LAUDO

Os peritos sugerem duas possibilidades, com base em cálculos e três testes feitos com bonecos no apartamento do casal: 1) desequilíbrio involuntário (queda acidental); 2) abandono de corpo inerte.

Um boneco com as características da advogada foi usado na tentativa de esclarecer como teria acontecido a queda de Tatiane (Foto: Jonas Laskouski/Extra Guarapuava)

“A posição final da queda – 3,78 m (três metros e setenta e oito centímetros) de distância do alinhamento predial e local da precipitação, conforme já calculado, descrito e embasado no Tópico 5. PRECIPITAÇÃO DE ALTURA, refere-se a i) desequilíbrio involuntário (queda acidental) ou ii)) ou abandono de corpo inerte, sem qualquer tipo de impulso (…)”, diz o laudo.

A Polícia Científica ressalta que não há elementos técnicos científicos capazes de determinar apenas um tipo de queda e que os bonecos utilizados no exame não são feitos para este fim.

O laudo afirma que há uma contradição na declaração de Manvailer por causa da altura da sacada.

“A mureta da sacada possui altura total de aproximadamente 93 cm (noventa e três centímetros), confeccionada em concreto na região inferior com mais 30 cm (trinta centímetros) de vidro e borda em metal, totalizando 1,23 m (um metro e vinte e três centímetros) de altura total aproximada. Esta altura impossibilita a passagem para o lado externo de maneira ágil, contradizendo o depoente que declarou”

Para o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o laudo é mais uma prova da prática do feminicídio.

“A prova técnica descarta a versão de que a vítima teria se jogado, versão apresentada pelo acusado Luis Felipe Manvailer, em seu interrogatório policial”, afirmou o MP-PR.

DEFESA

A defesa de Manvailer disse que não irá se manifestar sobre o laudo e que não teve acesso aos trabalhos realizados na data da perícia em questão. A defesa afirmou também que aguarda a realização da reprodução simulada dos fatos (reconstituição), com a presença de Luís Felipe Manvailer e seus advogados.

A defesa reforça ainda que aguarda a entrega dos laudos de necropsia e exame anatomopatológico para que se possa materialmente entender o que de fato ocorreu naquela madrugada.

ACUSAÇÃO

O assistente de acusação e advogado da família de Tatiane, Gustavo Scandelari, disse que a versão do réu seria impossível de acordo com a dinâmica dos fatos comprovada pelo laudo.

Luis Felipe Manvailer foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) pelos crimes de homicídio com quatro qualificadoras (meio cruel, dificultar defesa da vítima, motivo torpe e feminicídio), cárcere privado e fraude processual. A Justiça aceitou a denúncia em 8 de agosto.

Uma perícia constatou que Tatiane teve uma fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura. Para os promotores, o professor é responsável pela morte da mulher.

Imagens de câmeras de segurança mostram Manvailer agredindo a mulher minutos antes da queda.