Um estudo, feito por pesquisadores da USP, divulagado na semana passada, analisou dados do SUS (Sistema Único de Saúde) entre os anos de 98 e 2010 e percebeu um aumento de incidências de infartos, em dias de jogos do Brasil, nas quatro Copas disputadas durante este período.
O trabalho, intitulado Copa do Mundo de Futebol como Desencadeador de Eventos Cardiovasculares, aponta um crescimento de 16% nos casos de internação por problemas cardiovasculares relacionados aos jogos da seleção brasileira.
Ansiedade, nervosismo e impaciência, são alguns dos sintomas psicológicos que, somente, a tensão pré-jogo, de Copa do Mundo, pode trazer, afetando a saúde, principalmente, dos mais fanáticos. Porém, não para por aí o desiquilíbrio psicológico. O nervosismo em excesso, durante a exibição do jogo, pode acarretar, também, prejuízos à saúde física, levando até a infartos, de acordo com a pesquisa.
É claro que um joguinho 'água com açucar' não causa infarto em ninguém. Assim como uma atividade física qualquer, o jogo é apenas um fator de estresse que serve como 'gatilho' para o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Estes efeitos em pessoas saudáveis são mínimos, mas em pessoas com fatores de risco e sem cuidado pode provocar o infarto, segundo especialistas. Nesse caso, todo cuidado é pouco.
Entretanto, existe uma pequena parcela, de pessoas com problemas de coração, que não sente os efeitos negativos de um jogo de Copa do Mundo. São pessoas que sabem conviver com a doença e, por isso, não exageram na hora de torcer pelo Brasil.
É o caso do eletricista Laurival Rocha (59). 'Eu torço pro time ganhar, mas, se não ganhar, por mim tudo bem. Significa que o outro [time] foi melhor', diz. O eletricista sofreu um infarto há cinco anos, desde então, toma todos os cuidados posssiveis para mater sua saúde em perfeito estado. 'Gosto de assistir um bom jogo, mas quem ganhar, ganhou. Se o Brasil perder, quer dizer que o outro jogou melhor. Não vou ter outro infarto por causa da derrota do Brasil, ou se ele não ganhar a Copa', acrescenta Rocha.
(Laurival Rocha: 'Eu torço por um bom jogo. Quem ganhar, ganhou'. Foto: Luca Soares/ Jornal Extra Guarapuava)
Senhor Laurival Rocha serve de exemplo para muita gente.Como não é todo torcedor, com problemas coronários, que sabe torcer como o eletricista, os médicos recomendam uma série de cuidados que precisam ser anotados antes, durante e depois de cada jogo.
1) Verifique se sua pressão está estável e controlada pela medicação — ainda dá tempo de ajustar;
2) Tenha atenção à qualidade do seu sono — dormir melhor ajuda a diminuir o estresse e relaxar o corpo e é fundamental para uma vida mais saudável;
3) Não exagere na bebida — seus efeitos vão além da sensação de estar bêbado, ela ajuda a elevar a pressão arterial e altera a dinâmica do organismo;
4) Não fume — isso reduz em até 40% as chances de ter infartos;
5) Evite tomar muito café — a cafeína acelera os batimentos cardíacos e aumenta a pressão;
6) Aproveite o jogo como situação de confraternização, e não de estresse;
7) Aceite a derrota. Um jogo é só um jogo;
8) Pessoas que se encaixam nos fatores de risco e não cuidam da saúde devem evitar assistir aos jogos e outras situações de estresse até que normalizem suas taxas;
9) Procure seu médico, mantenha seus exames em dia, tenha um aboa Copa.
Caso esses procedimentos não sejam adotados e aconteça algum imprevisto saiba como reconhecer os sinais de infarto, para evitar um mal maior.
É muito importante saber reconhecer a dor do infarto e buscar ajuda médica o mais rápido possível, mesmo que o jogo não tenha acabado..
O tempo de atendimento do infartado é essencial para salvar essa musculatura. A maior parte das mortes acontece nas primeiras horas e fora do ambiente hospitalar. Isso significa que as pessoas não sabem identificar os sintomas e não entendem a gravidade do que está acontecendo — alerta o especialista.
A maior parte dos infartos tem os mesmo sinais típicos: dor persistente no peito e atrás do osso externo que se apresentam como queimação e/ou aperto. Podendo durar entre 20 e 30 minutos, em alguns casos a dor chega a irrediar para braços, pescoço, mandíbula e costas. É possível que o sintoma seja associado a enjôo, náuseas, vômito, palidez e mãos e pés frios.
Em algumas pessoas o infarto pode não ter as mesmas evidências. Alguns idosos, diabéticos e mulheres apresentam apenas um cansaço despreporcional ao esforço feito no dia, mal estar indefinido, sempre ficando muito ofegante e com falta de ar. Independente do caso, é preciso encaminhar o paciente imediatamente para uma emergência.
Dependendo do tempo de chegada ao hospital, aumenta-se a chance de salvar o paciente e evitar sequelas. A recomendação é que não espere a ambulância, coloque o paciente no carro e leve-o o mais rápido possível até hospital mais próximo.
Sempre é tempo de ter uma vida mais saudável. Saiba o que fazer nos próximos dias para melhorar o contexto de excitação e ansiedade e evitar surpresas nos dias de jogos.