Considerada uma das mais tradicionalistas do Brasil, mesmo não estando
situada no Rio Grande do Sul, Guarapuava carrega as marcas tradicionalistas em muitos rincões espalhados por esta terra. Seus CTGs são ponto de encontro de muitos peões e prendas que fazem questão de exibir e manter a tradição.
O Fogo de Chão marcou presença na última edição do Encontro da Arte Folclórica (Foto: Márcio Nei dos Santos)
O Dia do Gaúcho, celebrado nesta quinta-feira (20), já vem sendo preparado
há alguns dias, com a chegada da Chama Crioula na cidade, no último dia 9 de
setembro. As comemorações da Semana Farroupilha, porém, encerraram no último domingo (16). Marca do movimento tradicionalista organizado, a chama neste 2018 foi acesa na gaúcha Iraí. Depois de percorrer todo o sul do Brasil, ela foi recepcionada no Parque de Rodeios do CTG Fogo de Chão, situado na PR-170. Depois a Chama Crioula foi levada ao Parque do Lago, numa tarde com muito chimarrão e apresentações artísticas. Durante a semana, ela percorreu vários pontos de Guarapuava, como Rancho do Taura, os CTGs Chaleira Preta e Fogo de Chão, Teatro Municipal, Prefeitura, Unicentro e Rancho Amigo, na Pietrobom.
.O que realmente define a tradição Gaúcha é a Chama Crioula, porque é
através dela que os demais eventos acontecem, diz Daniela de Almeida Zorzetti, do CTG Fogo de Chão e uma das organizadoras das comemorações do Dia do Gaúcho em Guarapuava.
Os festejos farroupilhas tiveram início no último dia 2, com o 2º Concurso de Prenda e Peão Farroupilga, promovida pela Terceira Região Tradicionalista. Fora eleitos Annabele Loures Portela (Prenda Farroupilha), Helisson Willian Stronczek (Peão Farroupilha) e as prendinhas Isadora Marques dos Santos, Lohany Marques, Maria Gabriely Bonfim Grube e Ana Laura Wolf (Foto: Divulgação)
A ORIGEM DA CHAMA
A Chama, no Parque do Lago, em Guarapuava (Foto: Arquivo/Reprodução)
Em 2003, em uma entrevista concedida ao jornal Correio do Povo, de Porto Alegre (RS), Paixão Cortês – um dos nomes mais fortes da cultura gaúcha e que faleceu no final do mês de agosto deste ano – esclarece uma dúvida de muitos: a origem da Chama Crioula.
Apesar de muitos acreditarem que o fogo ainda é remanescente da Revolução Farroupilha, datada de 1835, o símbolo da tradição da alma rio-grandense foi instituído, na verdade, em 1947, em Porto Alegre. Um dos protagonistas dessa passagem, foi o folclorista João Carlos Paixão Côrtes, que lembrou o acendimento do primeiro candeeiro crioulo, junto com Cyro Dutra Ferreira e Fernando Machado Vieira. O grupo, vestido a caráter, tirou uma centelha da Pira da Pátria, na Redenção, e levou-a até o Colégio Júlio de Castilhos. Não sei de onde saiu a história de que é o fogo de 1835, diz.
Apesar da diversidade de versões que cercam alguns dos fatos da
história do Rio Grande do Sul, Paixão Côrtes disse, à época, acreditar que o tradicionalismo está fortalecido. Não há como dizer que o movimento está fraco tendo mais de mil Centros de Tradições Gaúchas em todo o mundo, acrescentou o folclorista, que também é um dos criadores dos CTGs.
GAÚCHO?
A origem da palavra é incerta. Ela existe também na língua espanhola e supõe-se que tenha nascido na região platina, entre o Uruguai e a Argentina, para designar os habitantes das zonas rurais que se dedicavam à criação de gado nos pampas. Os moradores do Rio Grande do Sul teriam herdado o apelido pela proximidade com os dois países.
CHURRASCO
Delicioso em qualquer lugar do mundo, o churrasco gaúcho possui particulari-dades que o tornam único e ainda mais gostoso, reconhecido em todo o país. No Rio Grande do Sul, a carne é cortada em fatias mais grossas e suculentas que as de São Paulo, por exemplo, para que o sabor dela mesma fique mais acentuado. Fatores como: procedência da carne, temperatura de armazenamento e da churrasqueira, distância entre a grelha e o fogo e tempo de assado, são essenciais para que o churrasco fique perfeito. Já a ideia de rodízio de carnes surgiu nos pampas gaúchos, mas por puro engano. Dizem que em um restaurante o garçom confundiu as carnes pedidas e para resolver a situação, o proprietário do estabelecimento pediu para que todas as carnes passassem em todas as mesas, evitando confusão.
CHIMARRÃO
A erva-mate, do que é feito o chimarrão, é nativa da América do Sul, principalmente na região do Rio Grande do Sul, o que favoreceu para que a bebida seja a mais típica no estado, além de ser comum no Paraná, Santa Catarina, Argentina, Uruguai, Paraguai e parte da Bolívia e do Chile. A bebida é servida em uma cuia com bomba, mate moída e água morna, ou leite para alguns.
Vai um mate, aí? (Foto: Reprodução)
No mais, um abraço pra toda essa gaúchada de Guarapuava que faz da cidade
uma das mais que mais respeitam a cultura tradicionalista no mundo.