Acidentes com aranha marrom passam de 4 mil em 2018

A aranha marrom é o terror para quem sofre de aracnofobia e também para os que não tem problema com o aracnídeo. Esse gênero de aranha é muito conhecido pelo seu veneno perigoso. Em 2018, o Paraná registrou 4.098 acidentes com aranha-marrom, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SESA), o número é menor que o ano anterior (4.198). A maior incidência dos casos acontece em Curitiba e regiões metropolitanas, concentrando aproximadamente 50% dos casos a cada ano.

No período de calor, o ocorrência de picadas aumenta significativamente, uma vez que o aumento das temperaturas resulta no aceleramento do metabolismo destes animais, que se movimentam em busca de alimento e de reprodução.

“Essa movimentação aumenta também o encontro entre homem e animal, e com isso acontecem mais acidentes no período do verão, não só com aranhas, mas também com serpentes, escorpiões e lagartas”, afirma Emanuel Marques da Silva, biólogo da Divisão de Zoonoses e Intoxicações da SESA e coordenador do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos.

Para se manter longe da aranha-marrom é preciso saber que elas procuram abrigo em locais secos, quentes e escuros, pois não suportam claridade. À noite, ela sai para caçar, em busca de alimento e da água que ele contém.

O uso de inseticidas não é recomendado na eliminação de animais peçonhentos, até para não intoxicar seres humanos e outras espécies. O mais apropriado é fazer o manejo ambiental, com práticas simples que devem ser adotadas dentro das residências. “É preciso eliminar os quatro ‘As’ que garantem a sobrevivência desses animais: abrigo, acesso ao abrigo, alimento e água. Quando eliminamos qualquer um desses quatro ‘As’, estamos alterando o ambiente natural dele”, afirma o biólogo.

O acesso a abrigos da aranha-marrom podem ser as frestas de casas em paredes, rodapés, caixilhos de portas, que devem ser fechados com massa corrida ou outro material apropriado. “Isso vai diminuir a presença destes animais, pois não terão onde se esconder, e assim podem ser abatidos mais facilmente. Diminuindo a população, eles se reproduzem menos e infestam em menor quantidade as residências”, afirma Emanuel.

Durante o verão, as viagens são comuns e o biólogo chama atenção para esse período, quando as pessoas voltam de viagem.. É recomendado que os moradores façam uma inspeção na casa logo após voltarem, em especial dentro de sapatos e em roupas e toalhas encostadas em paredes ou no chão, que podem ser esconderijos de aranhas marrons.

É importante também organizar materiais que estejam em caixas de papelão, livros velhos e outros objetos acumulados que podem se tornar abrigos para elas. O mesmo vale para materiais de construção fora de casa. Tábuas devem ficar em pé, e não deitadas; assim como tijolos e telhas, que além de ficarem na posição vertical, devem estar a pelo menos 20 centímetros do solo, em um estrado ou outro suporte. Com estas medidas de manejo ambiental, as pessoas também não se intoxicam com produtos químicos.

Mas e se por azar ou descuido alguém for picado por uma aranha-marrom? Neste caso, a recomendação é lavar o local do ferimento com água e sabão para mantê-lo limpo; não cobrir a ferida e nem fazer qualquer outro procedimento. Uma Unidade de Saúde deve ser procurada o mais rápido possível. Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor vai ser a evolução do quadro, com a medicação adequada.

Em situações mais graves, a vítima poderá ser encaminhada para um hospital. Caso seja necessário, o paciente será feita uma soroterapia, mas este tratamento não ocorre com muita frequência. “Menos de 5% dos casos de picada de aranha-marrom necessitam do uso do soro antiaracnídico ou soro antiloxoscélico, e somente um médico vai poder avaliar a necessidade”, afirma Emanuel da Silva. Apenas a rede SUS tem o soro disponível, que não é encontrado em hospitais particulares e não é comercializado.

Se for possível, o paciente deve levar a aranha capturada em um recipiente, esteja ela viva ou morta, para ajudar o médico na identificação do animal causador e agilizar o tratamento (isso vale também para ocorrências com escorpiões, lagartas ou outras espécies peçonhentas). Caso esteja morta, é preciso colocar um pouco de álcool no recipiente para preservar o animal, que se deteriora muito facilmente.

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