A nobre missão de acolher

(Foto: Extra Guarapuava)

Por Jonas Laskouski, com Assessoria

Família. Nosso primeiro contato com o mundo social. Quando digo nosso, digo meu, teu, do vizinho, do colega, da moça do cafezinho, do médico que cuida da gente, da Bruna Marquezine, de todo mundo. Todo mundo. E se este contexto não nutre nossas necessidades essenciais, o impacto pode ser constante ao longo de nosso ciclo vital. O último cenário em que alguém pensa que vai ser ferido, traído, decepcionado ou até abandonado é, sem dúvida, no seio de sua família. Entretanto, isso ocorre com mais frequência do que imaginamos. Em alguns casos, que não cabe julgarmos, a situação é tão grave que precisa de intervenção da Justiça. Quando há crianças e adolescentes envolvidos então, a questão ganha ares dramáticos e delicados.

Atualmente, em Guarapuava e no distrito de Entre Rios, existem cerca de 100 crianças e adolescentes (até 18 anos de idade), que precisaram ser retiradas do convívio familiar e que hoje estão vivendo sob a tutela da Fundação Proteger, em cinco casas espalhadas no município. Com o objetivo de tornar esse período fora de casa mais humano, benéfico e saudável a essas crianças é que existe em Guarapuava, desde maio de 2017, o programa Família Acolhedora, que chega agora ao seu terceiro processo, com novas inscrições abertas.

Apesar de várias etapas, a ideia é simples. Ou nem tão simples assim, já que um dos principais requisitos é afeto. E isso está faltando no mercado. O baixo número de famílias/pessoas inscritas reforça essa afirmação. Receber em casa, crianças, adolescentes ou até mesmo um grupo de irmãos por um período de tempo que pode chegar há dois anos, não é para qualquer um, definitivamente. A meta do programa, em Guarapuava, é alcançar números de Cascavel, por exemplo, onde há cerca de 240 famílias inscritas e apenas uma casa de acolhida.

No primeiro processo, em 2017, foram 20 famílias inscritas. das 20, sobraram oito. Na segunda capacitação (fevereiro/2018), se inscreveram 12 e ficaram 6. Com novas inscrições abertas, apenas três famílias procuraram a coordenação do programa até o momento.

A assistente social Regiane Cristina Lopes de Moraes (foto abaixo), que coordena o programa da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, em parceria com o Ministério Público e o Poder Judiciário, diz que não existe restrições a formas de composição familiar para poder participar do programa.

Todo tipo de família pode participar, desde que cumpra e esteja dentro dos pré-requisitos estipulados no programa. Logo após a inscrição os candidatos serão selecionados de acordo com um estudo e análise da documentação dos mesmos, depois, os selecionados assinam um termo de adesão homologado pelo Juízo da vara de Infância e Juventude, esclareceu Regiane, acrescentando que após esta etapa, os selecionados participaram de uma capacitação.

QUEM PODE PARTICIPAR

Para participar, é preciso ter no mínimo 21 anos, sem restrição ao sexo e estado civil; não estar inscrito no Cadastro Nacional de Adoção; residir no mínimo há um ano em Guarapuava; participar do processo de habilitação e das atividades do serviço; e apresentar um parecer psicossocial favorável, expedido pelo Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora e ter renda fixa comprovada.

COMO PARTICIPAR

Os interessados em se inscrever no Família Acolhedora devem entrar em contato com a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social. Mais informações pelo telefone (42) 3623-7995.

Na próxima edição do Extra Guarapuava, vamos continuar falando sobre esse assunto. Nossa reportagem esteve com uma família que acolheu uma dessas crianças e o amor envolvido ultrapassa as expectativas. Acompanhe na próxima semana.