O resultado inesperado no teste da orelhinha é, com certeza, assustador. Mas não é motivo para pânico: o resultado negativo no exame não comprova uma deficiência auditiva. É recomendável que o teste seja feito na maternidade, antes da alta hospitalar, ou durante o primeiro mês de vida do bebê. Se o teste apresentar qualquer alteração, a criança será encaminhada para o fonoaudiólogo, profissional responsável pelo exame e acompanhamento auditivo.
Foi na Clínica-Escola de Fonoaudiologia da Unicentro que a Adriana encontrou orientação e apoio. Desde os dois meses, o Davi realiza consultas periódicas na clínica para acompanhar o desenvolvimento da audição. Agora, com 1 ano e 5 meses, o pequeno tranquiliza a mãe ao responder aos estímulos das profissionais durante o acompanhamento. “Ele é mais esperto que nós. Escuta tudo, só não fala ainda”, contou Adriana.
A supervisão do fonoaudiólogo também é recomendada em outros casos, além da reprovação no primeiro teste da orelhinha. Há fatores de risco, como explica a fonoaudióloga e professora da Unicentro, Mariane Amaral.
“Mesmo que eles passem no teste da orelhinha, a gente faz esse acompanhamento quando apresentam algum fator de risco para deficiência auditiva, ou seja, são bebês que pode ter acontecido alguma coisa com a mãe durante a gestação, alguma doença mais séria, pode ter ocorrido alguma intercorrência durante o nascimento, falta de oxigênio, permanência em UTI neonatal. São vários fatores que podem acontecer no período pré, peri ou pós-natal e que podem vir a atrapalhar o desenvolvimento da audição dessa criança”.
É o caso da Rafaela, de 1 ano e 8 meses, que nasceu prematura, com 36 semanas de gestação. A mãe, Márcia Siemiatkowski, acatou a recomendação das profissionais e agendou o acompanhamento na clínica. “Por mais que, às vezes, a gente, como pais, pode dizer que é perfeito, que não tem nenhum problema, é um olhar profissional que vai dizer bem certo se é realmente isso”, afirmou.
Além dos acompanhamentos, a Clínica-Escola realiza, todo mês, o Teste da Orelhinha em bebês que não fizeram na maternidade. As duas atividades fazem parte de um projeto de extensão que atende os municípios da região de Irati. O teste é oferecido de forma gratuita através de um convênio entre a Unicentro, o Consórcio Intermunicipal de Saúde e a Santa Casa de Irati. Por meio da parceria, conta a professora Juliana de Conto, responsável pelo projeto, as mães saem da maternidade com o exame já agendado. “Aqui no Brasil, desde 2010, a triagem auditiva neonatal é obrigatória. As maternidades precisam oferecer porque até os primeiros meses, principalmente até o sexto mês de vida, seria importante que nós já tivéssemos o diagnóstico e iniciássemos a intervenção”.
Mas, o que é a triagem auditiva neonatal?
A triagem auditiva neonatal, nada mais é, que um conjunto de ações para que os profissionais da saúde identifiquem, o mais cedo possível, a perda ou deficiência auditiva em recém-nascidos, para que, assim, sejam indicados os cuidados e as terapias fonoaudiológicas necessárias. O principal exame é o de Emissões Otoacústicas Evocadas, conhecido popularmente por Teste da Orelhinha. Ele é feito através de uma pequena sonda, colocada na orelha do bebê. A duração do exame é de, aproximadamente, cinco a 10 minutos e é indolor.
O Matheus, com apenas um mês de vida, sequer acordou durante a avaliação. Ficou tranquilo, no colo da avó, Sônia Bueno, enquanto o exame era realizado em cada uma das orelhas. A apreensão da mãe, Aline Bueno dos Santos, com o resultado se dá pelas complicações durante a gravidez.
“Eu tive diabete gestacional até o terceiro mês e pressão alta. No quinto mês, comecei a tomar medicamento, tanto que a cesária teve que antecipar um pouquinho”. Logo após o exame, as estagiárias do projeto puderam amenizar as preocupações da mãe e da avó. “A gente fica apreensivo, mas deu tudo certo. A menina que nos atendeu falou que ele está ouvindo muito bem até”, disse Aline.
As alunas do curso de Fonoaudiologia realizam o teste durante o estágio de Audiologia, realizado no 3º ano do curso. A Maria Goretti, apesar de ter experiência como técnica de enfermagem, não escondeu a ansiedade ao realizar o exame pela primeira vez. “Eu tava bem ansiosa. A gente sabe o tamanho da responsabilidade que é”, comenta a acadêmica. Os atendimentos são supervisionados pelas professoras, que aproveitam a ocasião para ensinar e sanar eventuais dúvidas.
Meu filho não passou no teste da orelhinha. E agora?
O acompanhamento das crianças que não passaram no primeiro teste é realizado pelas alunas do quarto ano. “Nós sempre fazemos uma seleção das alunas que são as monitoras. Elas acompanham essas crianças, verificando como está a sua audição, como está a linguagem, até aproximadamente os três anos de idade”, afirma a professora Juliana. O contato com os pequenos, para a Fernanda Inocêncio, tem sido uma experiência valiosa. “Tem outros estágios, mas não com crianças tão pequenininhas como aqui. É muito bom ter esse primeiro contato na faculdade mesmo e poder acompanhar essas crianças”, afirma a aluna.
Uma das crianças atendidas pela Fernanda é a Bárbara, de um ano. A mãe, Paula Gureski, não teve fatores de risco durante a gravidez, mas, na maternidade, ocorreram problemas no teste realizado no ouvido esquerdo da pequena.
“Não conseguiam fazer o exame completinho, porque ela não deixava. Depois, em casa, eu percebi que ela ficava, desde pequenininha, incomodada. Em dois momentos, ela foi no médico e, realmente, ela estava com uma infecção no ouvido”, relatou Paula. Neste caso, a indicação das professoras foi encaminhar Bárbara para o pediatra e retornar para o acompanhamento em seis meses.
Lidar com as expectativas dos pais e saber como repassar as informações necessárias são algumas das habilidades desenvolvidas durante o estágio, como comenta a aluna Juliana Pinto.
“É muito discutido com a gente em sala e nos estágios que a explicação é a principal coisa, porque você consegue mostrar para o pai que ele precisa dar uma atenção naquilo, mas também, ele tendo esse poder de conhecimento, ele entende que não é algo desesperador, que tem para onde correr”. A junção da teoria com a prática permite que as alunas aprendam a atuar de maneira empática.
“Teve uma mãe que veio com um exame que ela fez em outro lugar e ninguém tinha explicado para ela o que era aquele exame e porque estava alterado. Então, a gente tem que explicar para mãe o que era esperado naquele exame e o que aconteceu com o filho dela, porque só dizer para ela que é alterado, não diz nada”, compartilhou Juliana.
Serviço – O curso de Fonoaudiologia é ofertado pela Unicentro no câmpus universitário de Irati, em turno integral. Para o Vestibular, são disponibilizadas 12 vagas. Se você se interessou por ele, pode se inscrever até o dia 14 de setembro pelo site www.unicentro.br.