PR passa a ser atendido pelo número de prevenção ao suicídio

Dias atribulados, falta de oportunidades, ansiedade e isolamento
são apenas alguns dos motivos que estão elevando para um
aumento significativo os casos de depressão na população
brasileira e mundial. Muitos desses casos resultam em suicídio.

Para diminuir os índices de ocorrências, desde o dia 1º de julho,
numa parceria com o Ministério da Saúde, o número do Centro de
Valorização da Vida (CVV), passa a abranger todo o território
nacional, através do telefone 188. O Estado do Paraná não era
atendido pelo serviço, que é gratuito em todo o país.

De acordo com a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (CAPSII),
de Guarapuava, a psicóloga Carla Silveira Batista Lauer, o
programa presta atendimento e apoio às pessoas que sofrem de
ansiedade, depressão ou que correm risco de cometer suicídio. Os
paranaenses agora passam a ter uma ferramenta onde podem
conversar com voluntários e serem aconselhados. Antes, o serviço
era cobrado e prestado por meio do 141.

Com os avanços das mídias digitais, algumas pessoas acabam prestando um desserviço à sociedade, na forma de divulgar casos de suicídio. Nós
precisamos falar sobre pessoas com doenças mentais, no sentido
de prevenir e ajudá-las, explica a psicóloga. Segundo ela, é
importante que as pessoas entendam que existe um problema,
mas que não precisam ficar a vida inteira sofrendo, buscando esta
ajuda nos momentos de depressão.

MORTES CRESCERAM 62,5%

Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou dados apontando que os índices de suicídio cresceram entre 2011 e 2015 no Brasil. Os números apontam que estes casos já são a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos no país. Já os dados da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo; 75% dos suicídios
ocorrem em países de baixa e média renda. No Brasil, entre 1980 e
2012, as taxas de suicídio cresceram 62,5% na população em
geral. Na faixa etária dos 15 aos 29 anos, a média aumenta em
ritmo mais rápido do que em outros segmentos. São 5,6 mortes a
cada 100 mil jovens (20% acima da média nacional).

EM GUARAPUAVA, OS NÚMEROS SÃO ALARMANTES

A psicóloga Carla alerta para os números de pessoas com
transtorno mental e propícias ao suicídio em Guarapuava, onde
somente pelo CAPSII estão entre quatro a seis mil pacientes
atendidos. Esses são números pelo CAPSII, mas ainda existem
outras unidades de atendimento para dependentes químicos. Os
números são alarmantes, infelizmente. Estamos com várias
temáticas num trabalho em grupo para podermos atender essa
população de uma maneira mais eficiente, frisou.

Há alguns anos, os casos de suicídio aconteciam mais no público da terceira idade. A psicóloga alerta que atualmente os índices aumentaram entre os
jovens. Esse é um público com baixa tolerância e frustação. Nas
primeiras dificuldades encontradas, eles desistem caminhando
para uma forma trágica e isso tem sido cada vez mais recorrente,
comentou ela. Carla lamenta as publicações em sites como o
Youtube onde vídeos publicados mostram os passos para as
pessoas cometerem suicídio. Aquela onda da Baleia Azul foi
avassaladora para nós profissionais de saúde. Os pais passaram a
prestar mais atenção no que os filhos estavam acessando na
internet e isso deu uma amortecida, reiterou, chamando atenção
para a importância dos pais e familiares estarem mais disponíveis
aos filhos.