Paraná registra 498 novos casos de dengue; total chega a 27 mil

O Informe semanal da dengue, divulgado nesta terça-feira (20) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), registra 498 novos casos da doença. Agora, o período epidemiológico com início em agosto do ano passado soma 27.170 casos confirmados e 32 óbitos. A publicação desta semana aponta que 289 municípios têm casos confirmados, atingindo as 22 Regionais de Saúde.

Ainda de acordo com o balanço, 17 municípios apresentam casos de dengue grave e 41 apresentam casos de dengue com sinais de alarme. O Informe registra 91.280 notificações no período, 855 a mais que na semana anterior. presentes em 361 municípios paranaenses.

“Os números confirmam que o vírus da dengue continua circulando no Paraná e afetando muitas pessoas. Nosso alerta constante ressalta a principal forma de prevenção da dengue que é a eliminação dos criadouros do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, evitando pontos que acumulem água nos quintais e nos ambientes internos dos domicílios”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

Técnicos das 22 Regionais de Saúde promovem nesta semana, junto a todos os municípios, o monitoramento do Programa Municipal de Controle da Dengue, Chikungunya e Zika Vírus de forma a avaliar as ações realizadas na prevenção de ocorrência de casos e epidemias.

“Preliminarmente, acreditamos que a pandemia pode afetar o registro de dados sobre a dengue, com diminuição de casos. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde avalia que esta diminuição pode ser consequência do receio da população em procurar atendimento em uma unidade de saúde, levando a uma possível subnotificação ou atraso nas notificações das arboviroses”, disse a chefe da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores da Sesa, Emanuelle Gemin Pouzato.

Segundo ela, surtos ou epidemias de dengue acontecem de forma cíclica com anos de maior ou menor ocorrência de número de casos devido a múltiplos fatores envolvendo questões climáticas, atividades de campo relacionadas a eliminação de criadouros e mobilização da população.

“Apesar de estarmos em período de estiagem e diminuição das temperaturas, 120 municípios apresentaram Índice de Infestação Predial acima de 1%, classificando em situação de alerta ou risco para ocorrência de epidemias considerando a densidade vetorial”, afirmou Emanuelle.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.