Pânico, uma síndrome sem explicação

Taquicardia? Suor frio? Ansiedade? Sensação de morte? Calma, é bem provável que você não esteja à beira de um ataque cardíaco e sim tendo uma crise de pânico. A síndrome é um tipo de transtorno no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja nada indicando que isso possa acontecer.

Essas crises – que nunca informam quando vão acontecer – provocam um transtorno ainda maior na vida de que está passando pelo problema. Passando, sim, porque ele tem cura. Mas enquanto a cura não vem, o problema dificulta a vida no dia a dia, seja por medo de perder o controle, enlouquecer ou ter um ataque do coração.

Não há uma causa específica que detona o problema. A ciência interpreta como um conjunto de causas que levam à conseqüência. Alguns estudos indicam que a resposta natural do corpo a situações de perigo esteja diretamente envolvida nas crises de pânico. Apesar disso, ainda não está claro por que esses ataques acontecem em situações nas quais não há qualquer evidência de perigo iminente.

Não há uma idade na qual a síndrome possa vir à tona. Já foram registrados casos em crianças, adolescentes e adultos. Mas a síndrome costuma afetar mais mulheres do que homens e pode ser desencadeada por alguns fatores considerados de risco, como situações de estresse extremo; morte ou adoecimento de uma pessoa próxima; mudanças radicais ocorridas na vida; histórico de abuso sexual durante a infância; ter passado por alguma experiência traumática, como um acidente;

Algumas pesquisas indicam que se um gêmeo idêntico tem síndrome do pânico, o outro gêmeo também desenvolverá o problema em 40% das vezes. Pode acontecer, no entanto, de a doença se manifestar sem que haja histórico familiar dela.

  • Sem aviso

Ataques de pânico característicos da síndrome geralmente acontecem de repente e sem aviso prévio, em qualquer período do dia e também em qualquer situação, como enquanto a pessoa está dirigindo, fazendo compras no shopping, em meio a uma reunião de trabalho ou até mesmo dormindo.

O pico das crises de pânico geralmente dura cerca de 10 a 20 minutos, mas pode variar dependendo da pessoa e da intensidade do ataque. Além disso, alguns sintomas podem continuar por uma hora ou mais. É bom ficar atento, pois muitas vezes um ataque de pânico pode ser confundido com um ataque cardíaco.

Uma complicação frequente é o medo do medo, ou seja, o medo ter outro ataque de pânico. Esse medo pode ser tão grande que a pessoa, muitas vezes, evitará ao máximo situações em que essas crises poderão ocorrer novamente.

Os ataques de pânico podem alterar o comportamento em casa, na escola ou no trabalho. As pessoas portadoras da síndrome muitas vezes se preocupam com os efeitos de seus ataques de pânico e podem, até mesmo, despertar problemas mais graves, como alcoolismo, depressão e abuso de drogas.

  • Procure ajuda

Se você teve qualquer sintoma típico de crises de pânico, procure ajuda médica o quanto antes. Os ataques são difíceis de controlar por conta própria e podem piorar se não houver acompanhamento médico e tratamento adequados. Você deve procurar ajuda médica.

É interessante que o paciente vá à consulta acompanhado de uma pessoa confiança, seja parente ou amigo, tanto para dar apoio moral quanto para ajudar a descrever o problema, já que a ansiedade pode dificultar o relato dos sintomas. Além disso, durante a consulta, o paciente deve descrever detalhadamente todos os sintomas, para que o diagnóstico possa ser realizado corretamente.

 

O psiquiatra e clínico geral Cyro Masci dá as seguintes dicas para quem sofre com a síndrome:

1. Respire. Durante as crises de pânico a respiração fica bem alterada, o que piora muito o quadro. Inspire lentamente pelo nariz, retenha por pouquíssimo tempo o ar nos pulmões e exale também lentamente pelo nariz. É muito importante que o tempo que o ar sai, a expiração, dure o dobro do tempo que levou para entrar. Se você inspirou, por exemplo, por 2 segundos, a expiração deve durar 4 segundos. Mantenha essa respiração controlada por 30 a 60 segundos. Treine antes das crises.

2. Incomoda mas não mata. Sintomas de pânico são bem desagradáveis, mas não levam a morte. Tenha sempre presente que sensação ruim não significa que alguma doença grave está presente, especialmente depois que algum médico assegurou esse fato.

3. Mude o foco da atenção. Ao invés de ficar focado nos sintomas, procure desviar sua atenção para alguma outra coisa, um cenário, uma foto, ou alguma imagem relaxante que você tenha de algum lugar que conheceu. Ficar prestando atenção aos sintomas só cria mais medo.

4. Não fique muito tempo sem comer. Até mesmo 3 ou 4 horas sem se alimentar pode provocar queda dos níveis de açúcar no sangue e provocar uma crise de pânico. Coma periodicamente, não fique em jejum prolongado.

5. Seja seletivo com as notícias e informações que procura. Não estimule seu cérebro com catástrofes desnecessariamente, por exemplo, com notícias em que você não pode fazer nada a respeito e só servem para colocar seu cérebro em alarme e facilitar mais crises.

6. Restrinja cafeína. Café no máximo 4 ao dia, sendo que o último até as 17 horas, ou você pode provocar insônia. Excesso de cafeína pode, isoladamente, provocar crises de pânico.

7. Não tente guardar tudo na memória. Faça uma lista simples do que tem que fazer durante o dia e vá ticando quando completa. Se não fizer isso, vai criar um senso de urgência indefinido que só piora tudo.

  • (Este material faz parte da edição 117 do jornal Extra Guarapuava)
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