Janeiro Roxo: Campanha vai falar sobre a Hanseníase

A Organização Mundial da Saúde (OMS), estabelece o mês de janeiro no calendário da saúde como o mês de conscientização mundial e combate à hanseníase. No Brasil, o Ministério da Saúde criou a campanha “Janeiro Roxo”. A hanseníase é uma doença que ataca geralmente a pele, olhos e nervos. A forma de transmissão é pelas vias aéreas, já que uma pessoa infectada libera o bacilo no ar e cria a possibilidade de contágio. No entanto, a infecção dificilmente acontece depois de um simples encontro social, pois o contato deve ser íntimo e frequente. 

Em 2020, foram diagnosticados 16 casos de hanseníase em Guarapuava. Desses, 12 foram curados, 2 transferidos de município e 2 ainda permanecem em tratamento. Em 2021, apenas 1 novo caso foi registrado.

O Doutor Hiagor Silva, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica, explica que os principais sintomas são o aparecimento  de algumas manchas e diminuição ou ausência de sensibilidade.

“O paciente também pode apresentar aumento dos nervos, principalmente os nervos periféricos, o espessamento do nervo ulnar localizado na parte do braço devido a infecção pelo bacilo. Essa é uma doença perigosa, pois se não fizer um tratamento pode se espalhar pelo corpo, apresentando sequelas como o encurtamento dos nervos, dificuldades de mobilidade e ausência de sensibilidade de forma definitiva”, enfatiza.

De acordo com a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), cerca de 30 mil novos casos da doença são detectados todos os anos no Brasil. No mundo, mais de 200 mil novos casos são reportados por ano, dos quais, 15 mil em crianças.

Diagnóstico – O diagnóstico é feito através da baciloscopia, que é a raspagem das lesões, ou por biópsia do nervo aumentado, buscando a infecção por esse bacilo. “Não há diferenciação de sexo e nem faixa etária, apenas uma particularidade, por se tratar de uma doença de incubação longa, de 8 a 10 anos para contrair, geralmente em crianças abaixo de 15 anos de idade é muito raro, mas pode acontecer”, salienta Hiagor.

Em caso de suspeita da doença, procure a Unidade de Saúde mais próxima para uma avaliação detalhada. Todos os medicamentos para tratamento são distribuídos gratuitamente.

Deixe um comentário

Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.