“Eu confesso pra vocês que pensei muitas vezes em tirar minha vida”

O jornal Extra, recebeu a fotógrafa, há pouco tempo em Guarapuava, que fez um breve relato sobre seu dia a dia e como faz para vencer um desafio de cada vez. Confira:

Extra: Quando se viu com a doença, qual foi o impacto para você?

Então, no início eu não percebia o que estava acontecendo comigo, eu não conseguia falar coisa com coisa, eu fiquei acho que uns vinte minutos com crise de pânico, que eu não conseguia pensar direito, sabe?

E esse foi o momento que eu falei, meu Deus, eu não estou bem

E esse foi o momento que eu falei, meu Deus, eu não estou bem. E aí, nesse mesmo momento, eu já fui no hospital, fui no médico, fiz vários exames neurológicos. E depois eu fui fazendo outros tipos de exames. Mas até descobrir que eu estava com a síndrome do pânico e com depressão meu pai começou a pesquisar sobre isso e foi algo que me ajudou muito mesmo porque eu não estava entendendo. E eu não tinha coragem, nem força pra ir atrás mas ele foi por mim. Isso foi muito importante para mim.

Extra: Como foi pra você procurar ajuda, quem que te apoiou?

Loren: Então, faz oito anos que estou me tratando, né? Porque é algo que eu luto todos os dias, mas no primeiro ano foi muito intenso pra mim. Foi bem forte, eu fiquei um ano na cama, tive o apoio da minha família, meu pai, minha mãe e meu esposo me ajudaram muito. Porém, eu também sofri bastante preconceito, porque hoje ainda as pessoas não entendem, é o que se fala muito, mas que as pessoas não compreendem realmente o que é a depressão, o que é a síndrome do pânico, porque eu também tinha muito pânico.

Extra: Como era, ou como é, seu dia a dia?

Não conseguia sair de casa, não conseguia ficar em lugar fechado, não conseguir falar com muitas pessoas. Meus músculos começaram a atrofiar Então, minhas mãos foram fechadas, os meus pés tão bem e eu não conseguia, muitas vezes, por ficar muito tempo em pé já cheguei até quarenta dias dos pés, eu não conseguia e a prefiro, o resto do corpo ia ficar muito tenso, sabe? Então, eu não andava muito bem também. Mas os meus pensamentos eram de muita vontade de superar.

Quando a pessoa tá com depressão, eu acho que isso é muito importante falar, elas se enxergam como se tivessem incomodando

Quando a pessoa tá com depressão, eu acho que isso é muito importante falar, elas se enxergam como se tivessem incomodando. Você se sente um incômodo, eu tinha isso como se eu fosse um incômodo da vida da minha família, das pessoas que eu amo. Então, eu acho muito importante falar sobre isso, porque as pessoas, muitas vezes, não compreendem, quem tá ao redor, né?

Extra: Consegue ver uma perspectiva diferente para você?

Hoje eu consigo ver isso, sabe? Que se eu cuidar de mim, se eu me amar, eu até me emociono em falar, mas, se eu me amar, as pessoas que vão estar comigo, vão estar bem, vão estar felizes. Então, assim, uma mãe feliz, consegue deixar os filhos felizes. E também agora, algo que veio, assim, que é muito recente na minha vida, foi fotografia. Então, assim, foi algo que eu me encontrei de uma certa forma, assim que eu fico muito feliz. Eu acordo todos os dias motivada pra fazer isso, sabe? E cada dia isso me traz mais realizações.

Extra: E agora, no Setembro Amarelo, você vê que as pessoas estão mudando seu ponto de vista sobre essa doença, que estão realmente se conscientizando?

Não é uma escolha, não quero estar assim, mas eu estou porque é uma doença

Loren: Eu acredito que sim, até pelo fato de que muitas pessoas que não acreditavam que isso é uma doença, começam a acreditar. Que não é frescura, é uma doença. Não é uma escolha, não quero estar assim, mas eu estou porque é uma doença. As outras doenças elas têm mais destaque na conscientização. Agora mesmo vai ter outubro rosa, por exemplo, então assim, as outras são muito valorizadas porque não Setembro Amarelo também?

Extra: Alguma vez o suicídio passou pela sua cabeça?

Eu confesso pra vocês que eu pensei muitas vezes em tirar minha vida

Loren: Eu confesso pra vocês que eu pensei muitas vezes em tirar minha vida. Só que eu tenho uma fé muito fundamental e Deus me deu muita força, porque eu achava realmente que eu tava atrapalhando mundo que eu amava. Por isso, eu acredito que a pessoa que tira a própria vida, ela não quer tirar a vida dela. Ela quer ajudar as pessoas que tão com ela ou ela quer tirar aquela dor muito forte que ela sente, porque é uma dor que é inexplicável, é indescritível, a dor que a gente sente. É uma dor que não é física, você não consegue ver aquela dor, você não consegue viver aquela ferida. Então, eu acredito que é muito importante falar sobre isso.

Extra: Como se sente hoje?

Aprendi a me amar. Aprendi que, sim, eu mereço viver e ser feliz

Estou bem. Levo tudo o que passei como missão na minha vida, porque acredito que tudo que a gente passa, tanto de coisas boas como coisas ruins, a gente tem que tirar aprendizado. Então, hoje, se eu puder ajudar uma pessoa, se puder fazer alguma coisa por alguém, eu vou fazer. Aprendi a me amar. Aprendi que, sim, eu mereço viver e ser feliz. Todas as pessoas merecem ser felizes.

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