Dores no pescoço e coluna cervical se tornaram problemas frequentes

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Uso inadequado de smartphones e tablets podem causar incômodos e prejudicar a qualidade de vida?

Segundo o ortopedista Álynson Larocca Kulcheski, especialista em coluna do Hospital VITA, em Curitiba, um fato que vem chamando atenção dos médicos é o uso muito frequente do celular e de tablets. “Durante muito tempo o vilão foi o computador e agora passou para estes aparelhos”, destaca.

O médico explica que a cabeça humana pesa aproximadamente 5 kg, mas como o pescoço se movimenta muito, o peso gerado sobre a coluna cervical aumenta e acarreta muito impacto. Em um ângulo de flexão do pescoço (cabeça para baixo) de aproximadamente 15 graus, o peso é de pouco mais de 10 kg, a 30 graus é 18 kg, a 45 graus praticamente duplicada e chega a 22 kg, e a 60 graus alcança o peso de 27 kg. “Esse é o peso atingido ao se olhar para um smartphone, ação realizada por milhões de pessoas durante horas todos os dias”, ressalta o especialista. Ao longo do tempo essa má postura, também chamada de “pescoço de texto,” pode levar a um desgaste e lesões na coluna cervical, acelerando a degeneração e trazendo consequências à saúde.

Atualmente é muito comum olharmos ao nosso redor e observarmos que todos ficam com a cabeça para baixo de olho nas mensagens de texto, aplicativos e jogos de celulares. As pessoas utilizam o celular de duas a quatro horas por dia em posição inadequada: curvados, lendo e-mails, enviando textos, acessando sites e redes socais. “Isso significa 700 a 1,4 mil horas por ano em que as pessoas colocam pressão sobre os discos da coluna e a musculatura que a envolve. O que nos preocupa é o uso cada vez mais frequente por crianças e jovens”, alerta o ortopedista.

Ao longo do tempo, esta posição faz com que a cabeça se incline para a frente, aumentando o peso sobre as articulações da coluna, determinando uma inversão da curvatura normal no pescoço.

Medidas preventivas

Mandar mensagens é uma forma de comunicação que vem se tornando cada vez mais popular. Por isso, o médico destaca que é importante que as pessoas, independentemente da idade, mantenham uma boa postura para ter uma coluna saudável e prevenir possíveis problemas. Quando as medidas de prevenção não são seguidas e o tratamento conservador com medicação, fisioterapia e reabilitação física não obtêm o resultado desejado, opta-se pelo procedimento cirúrgico. “Alguns casos merecem maior atenção e são tratados com a realização de cirurgia precoce, é o caso da dor intensa intratável, isto é, quando há déficit motor acentuado (sinais neurológicos) com perda de força, exemplifica Kulcheski.  Ele conta que várias técnicas são utilizadas para o tratamento cirúrgico, dependendo de cada caso e grau de mobilidade e degeneração dos discos da coluna cervical.

Segundo o especialista, uma alternativa para discos com boa mobilidade e em que não há avançado grau de degeneração são as próteses de disco cervical (implantes que permitem a manutenção de mobilidade no segmento operado), diminuindo a sobrecarga dos níveis cervicais próximos ao local da cirurgia. “Hoje em dia é considerado o padrão de tratamento para procedimentos de hérnia de disco realizadas no Estados Unidos em até dois níveis e os resultados alcançados na experiência clínico-cirúrgica são muito satisfatórios”, complementa.

Outra alternativa menos invasiva é a cirurgia realizada por videoendoscopia, em que se utiliza uma câmera de vídeo para visualizar as estruturas nervosas. Esta técnica é muito difundida para o tratamento das doenças da coluna lombar e recentemente teve ampliada sua utilização para a coluna cervical. O médico explica que por esta técnica a musculatura é preservada e o tempo para recuperação é menor, proporcionando alta hospitalar precoce e retorno mais rápido às atividades de trabalho e a pratica esportiva.

“Existem alternativas diversas e eficazes no tratamento cirúrgico da hérnia de disco cervical, cada caso deve ser avaliado pelo médico, mas o mais importante é a prevenção e os cuidados para manter a saúde da coluna e prevenir dores, complementa o ortopedista.