Alunos da rede municipal recebem atendimento especializado do CAEE

Anne Loyse Proença Ribeiro é mãe do menino Miguel, de 8 anos. Desde seu primeiro ano de idade, o menino apresentou certa dificuldade para se adaptar longe de sua mãe. Proença conta que Miguel ficava doente com muita facilidade e não conseguia permanecer na escola. Ele só melhorava quando estava em casa com a mãe. Este foi um sinal que fez com que ela transformasse sua vida para cuidar do filho.

“Eu mudei de profissão para estar mais em casa. Porque quando nos mudamos daqui para Santa Catarina, ele tinha dificuldade de se adaptar nas escolas lá. Primeiro, ele foi para uma escola particular e não se adaptou e eu o transferi para uma escola pública. Na pública, ele se adaptou e eu voltei a trabalhar. Mas tivemos que mudar de bairro lá, e ele mudou de escola.

Aí teve dificuldade de se adaptar novamente. Foi então que eu mudei de profissão, saí do serviço fixo e fui trabalhar em casa como manicure e pedicure, para poder sempre estar de olho nele. Minha rotina desde então, foi assim. Ele em casa e eu trabalhando em casa para poder cuidar dele”, comentou a manicure.

O Centro de Atendimento Educacional Especializado Professora Albani Terezinha Alves (CAEE) de Guarapuava, realiza atendimento às crianças da rede municipal de ensino nas especialidades de psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e assistência social desde 1997.

As supervisoras e pedagogas das escolas municipais são instruídas a como identificar alunos com fragilidades ou potencialidades dentro das salas de aula e esses alunos, quando identificados, são encaminhados para o CAEE. Já dentro do Centro de Atendimento, são realizados testes para melhor detectar qual é a dificuldade da criança que precisa ser trabalhada.

Após retornar para Guarapuava, o menino voltou a estudar em uma escola pública da cidade. Foram as profissionais da Escola Municipal Professora Carmen Teixeira Cordeiro que perceberam o desenvolvimento avançado da criança e alertaram Anne Loyse para realizar o encaminhamento para o CAEE.

Hoje, Miguel recebe atendimento psicológico no Centro de Atendimento, onde está sendo avaliada a potencialidade do menino, que são as suas altas habilidades que estão sendo identificadas por meio de testes psicométricos, que são avaliações psicológicas aplicadas para medir características e habilidades dos indivíduos. Anne diz que depois que Miguel começou o acompanhamento já vê diferença no rendimento do filho, tanto na escola, quanto em casa.

“Primeiro ele fez o atendimento na própria escola, depois veio para o CAEE com a psicóloga. Meu marido e eu acompanhamos sempre. Como ele trabalha à noite e eu tenho flexibilidade nos meus horários, procuramos vir os dois juntos sempre que dá e ele (Miguel) gosta bastante da psicóloga e do atendimento.

Notamos a diferença. Ele é uma criança bem emotiva, então, ele não reclama e isso começa a afetar a parte da saúde dele. Mas agora, tudo está bem melhor. Ele é bem dedicado. Ontem, inclusive, teve prova e ele já chegou contando. Miguel é bem comunicativo e, por isso, nós o motivamos, porque é importante”, relatou Anne.

A supervisora da Escola Municipal Dionísio Kloster Sampaio, Joceli Aparecida Antunes, explicou como funciona o trabalho dentro das escolas e destacou o quão importante é o atendimento oferecido para a população.

“Lá na escola fazemos o teste psicopedagógico. Fazemos também a avaliação de contexto, que é uma conversa com a mãe e toda a análise para saber como a criança é em casa. A partir de então, enviamos esses dados para o Centro de Atendimento.

Então o Centro de Atendimento é essencial para nós, porque às vezes encaminhamos para o hospital, para a UBS, mas lá tem uma demanda maior e os atendimentos são voltados para o lado clínico. Enquanto o CAEE analisa esse lado pedagógico que é a avaliação psicoeducacional de que a gente precisa.

Tem uma fila que precisa ser respeitada e eles vão encaixando conforme a necessidade da escola. Mas na nossa escola, o Centro de Atendimento sempre foi muito importante e todas as vezes que precisamos, fomos atendidos.

Porque na nossa realidade, os pais não têm condições de pagar um psicólogo, um fonoaudiólogo ou um profissional que realmente vai realize o atendimento necessário para a criança”, ressaltou a supervisora.

A coordenadora da instituição, Tatieli Aparecida Zevikóski, explicou o atendimento oferecido a crianças como Miguel.

“Crianças com altas habilidades também são fazem parte do público de avaliação. São crianças que têm um desenvolvimento acima da média e ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, isso pode afetar também o seu aprendizado e o seu convívio.

Desta forma, embora elas tenham um desenvolvimento enorme, elas são crianças com dificuldades emocionais de relacionamento. Inclusive, temos aqui um grupo que está trabalhando com o psicólogo e fazendo grupos cooperativos de altas habilidades. Atendemos a vinte e uma crianças em grupos, porque elas têm dificuldade de conviver com os outros”, sublinhou a coordenadora.

Zevikóski também comentou sobre os serviços oferecidos pelo CAEE e explicou a importância do trabalho desenvolvido. Hoje, para realizar uma Avaliação Psicoeducacional em uma clínica particular custa entre R$ 2.500,00 a R$ 4.000,00 e o CAEE, além dos testes, oferece serviço multiprofissional gratuitamente.

“Os testes servem para nos dar um parâmetro para o atendimento. O objetivo da avaliação que a gente faz é identificar qual a dificuldade ou a habilidade da criança e a partir disso, traçar estratégias, principalmente pedagógicas porque nós atendemos alunos da rede municipal.

Após a avaliação, fazemos essa devolutiva para a escola e para a família. Explicamos para eles quais as intervenções que eles têm que fazer para ajudar essa criança e fazer com que ela tenha melhor desenvolvimento. A importância dos testes é justamente para identificarmos qual a fragilidade ou potencialidade que a criança tem e, a partir disso, poder fazer a intervenção correta”, salientou Tatieli.

Novos equipamentos

Por serem caros, os equipamentos para a realização dos testes eram escassos na instituição, o que se tornava uma preocupação para os profissionais. Pensando no melhor para o desenvolvimento do projeto e para as famílias de Guarapuava que precisam do atendimento, foram investidos no CAEE cerca de R$ 25.000,00 para custear novos materiais.

“A nossa preocupação era que nós tínhamos um teste para três psicólogos e três psicopedagogas utilizarem. Mas hoje, nós temos quatro. Três que foram comprados novos, mais o que já tinha. Antes, nós precisávamos fazer escala. O psicólogo aplicava e aí tinha que esperar, porque assim, além da aplicação, tem a correção, tem toda uma intervenção que é feita.

Isso é importante frisar, porque o teste psicométrico não é só para medir a inteligência da criança ele é usado justamente para sabermos como intervir. Então o trabalho da avaliação é bem amplo e a qualidade dos relatórios que saem da nossa equipe são excelentes”, destacou a coordenadora da instituição.

Anne Loyse, mãe do Miguel, destaca a importância do serviço gratuito oferecido pelo Centro de Atendimento às famílias guarapuavanas.

“Na verdade, tivemos todo o apoio da escola e aqui do Centro. Nós nem imaginávamos o que poderia ser essa habilidade. Quem identificou foi a escola e o Centro. Eu não sei se a gente iria conseguir pagar. Financeiramente, seria impossível. O que o CAEE está oferecendo para nós é excelente e não teríamos essa oportunidade sozinhos”, concluiu Anne.

Deixe um comentário