Protocolo visa melhorar o atendimento às mulheres vítimas de agressão no Paraná
A história se repete. “Ela disse que foi uma queda, mas foi uma agressão do companheiro”, conta Claudete Foganhole de Oliveira, vereadora e procuradora da mulher de Nova Fátima, cidade de 8 mil habitantes, no Norte Pioneiro. “As vítimas, em sua maior parte, têm vergonha porque sentem falta de apoio”, completou.
Depois de ficar dias em coma, em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a mulher citada nesse caso, na reportagem da nossa colega Bárbara Passos, da Alep, recebeu alta, voltou para casa, mas foi expulsa pelo marido, que ficou com a filha pequena do casal. “Vamos interferir, sim. Eu consegui o apoio da Procuradoria Especial da Mulher aqui da Assembleia para começar a prestar o atendimento que a vítima precisa e, agora, temos que ver o interesse dela de entrar com o processo ou não. Muitas mulheres ainda têm medo”, relatou Claudete. “Mas sem este apoio da Assembleia seria ainda mais difícil sair do lugar”.
Segundo a procuradora da Mulher, deputada Cristina Silvestri (CDN), é desta forma que a Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná quer agir com o novo Protocolo Unificado de Atenção à Mulher: fortalecendo a rede de proteção no estado.
O documento, o primeiro deste tipo no Brasil, foi lançado na segunda-feira passada (9), durante a sessão plenária. “Vai funcionar assim: um sistema vai padronizar os serviços de todas as procuradorias municipais, por meio de uma integração digital, que processará o encaminhamento dos casos de violência e permitirá um estudo mais completo sobre os tipos comuns de agressões e em quais localidades ocorrem”, explicou Cristina Silvestri.
De acordo com a procuradoria, ao todo, atualmente, o Paraná tem 24 Procuradorias Municipais da Mulher e há mais seis em fase de implantação. “Cada local tem a sua particularidade”, detalhou a parlamentar. Curitiba, por exemplo, teve quatro mil registros de agressão contra mulheres somente nos primeiros meses de 2020, segundo dados da Assessoria de Direitos Humanos da Prefeitura de Curitiba. “Precisamos pensar na capital, claro, e naquela cidadezinha do interior. A violência está em todos os lugares. Porque é onde a mulher mora que acontece a agressão. É na sua cidade que ela precisa ser amparada e protegida”, defendeu a deputada.
O protocolo, que já está valendo, tem o apoio das deputadas Cantora Mara Lima (PSC), Luciana Rafagnin (PT), Mabel Canto (PSC) e Maria Victoria (PP), que completam a bancada feminina da Assembleia.