Oposição contesta aprovação acelerada da privatização da Ferroeste na Alep

O deputado Requião Filho, Líder da Oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), foi enfático ao questionar o processo de privatização da Estrada de Ferro Paraná-Oeste S.A (Ferroeste), durante a sessão desta segunda-feira (19). Para ele, o governo Ratinho Jr. está conduzindo o projeto de maneira acelerada e sem a devida transparência.

“A falta de debate apequena essa Casa de Leis. Acelerar a tramitação de um projeto que impacta tanto o Paraná é um desrespeito com a população”, afirmou Requião Filho, ao criticar o fato de muitos deputados não compreenderem a profundidade do projeto.

Ele destacou que a audiência pública realizada nesta manhã para discutir a privatização não foi transmitida, limitando o acesso da população às informações e ao debate necessário sobre um tema de grande impacto para o estado. Requião Filho também ironizou a justificativa do governo de que a privatização evitaria corrupção, lembrando que escândalos ocorreram em privatizações anteriores.

“Privatizar não é sinônimo de transparência”, afirmou o deputado, ressaltando que o verdadeiro problema está na falta de um debate aprofundado e de uma análise criteriosa das consequências da desestatização.

Projeto avança na Alep, mas enfrenta resistência da Oposição
Mesmo com a resistência da Oposição, o projeto de lei de privatização da Ferroeste avançou na Casa. Na Comissão de Obras, a proposta foi aprovada, apesar do voto contrário do vice-líder da Oposição, deputado Arilson Chiorato (PT). Em seguida, o texto foi discutido em 1ª votação durante uma sessão extraordinária no Plenário.

Assim como Requião Filho, Chiorato também criticou a urgência com que o governo está conduzindo o processo, questionando a falta de debate com a população e as implicações dessa privatização para o futuro do estado. Durante a sessão, Chiorato afirmou: “Esse governo trata o povo com crueldade e desrespeito às leis.” A Bancada apresentou duas emendas ao projeto.

Luciana Rafagnin destaca impacto na agricultura e questiona prioridades do governo
A deputada Luciana Rafagnin (PT) trouxe à tona as preocupações com os efeitos da privatização na agricultura do Paraná, destacando que a Ferroeste é fundamental para o escoamento da safra. Ela questionou se o governo está considerando os impactos para os produtores rurais e lembrou que a privatização não garante qualidade nos serviços.

“O governador não está preocupado com a agricultura do estado”, afirmou Luciana, que também relembrou os problemas enfrentados após a venda parcial da Copel.

Projeto retorna à CCJ para nova análise após emendas
Com a aprovação do projeto em 1ª votação no Plenário, e após a apresentação de emendas, o texto retornou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para nova análise. Durante uma reunião extraordinária realizada nesta segunda, Arilson Chiorato pediu vista ao parecer das emendas, buscando mais tempo para avaliação.

A proposta será novamente analisada pela CCJ na terça-feira (20) e, em seguida, retornará ao Plenário para as próximas votações, que vão ocorrer ainda na terça. A Bancada de Oposição continua contestando o processo e seus possíveis impactos.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.