OPINIÃO – O que esperar do MDB

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Romero Jucá

Não podemos negar a realidade: os partidos brasileiros nunca estiveram tão mal avaliados pela sociedade como hoje. Um estado de ressaca tal que tem levado, por um lado, algumas velhas legendas à escuridão do diversionismo e, por outro, o surgimento de partidos sem o menor conteúdo programático.

Devo, logo de cara, alertar os críticos plantonistas: não esperem isso de nós; nossa democracia não precisa de mais oportunismos e aventuras.

A já anunciada volta da sigla MDB será bem mais que uma mudança de nome. Com personalidade renovada e fortalecida, entendemos que a única forma de sermos novamente ouvidos pelas pessoas é encarando a realidade com serenidade e propondo alternativas factíveis, sem fugir de qualquer tema, tanto para nosso partido quanto para o Brasil.

Por isso, quaisquer que sejam as questões individuais envolvendo membros do partido, o MDB reforçará sua conduta ética adotando, de maneira inédita na política, a prática comum de mercado mais eficiente: incluiremos no cotidiano do partido um compliance que analisará rigorosamente todos os métodos financeiros e administrativos, desde sua origem até sua saída.

Isso garantirá lisura e transparência de cada centavo que entre ou saia pelas contas do MDB.

Um choque de gestão que será a semente de uma nova cultura não só para nós do MDB, mas também uma resposta que daremos aos nossos filiados e à sociedade.

Adotar práticas de vanguarda internamente nos obriga a olhar o Estado brasileiro não mais pelo retrovisor. Não enfrentamos esse tsunami todo para aceitar de bom grado propostas que tentam devolver o Brasil ao início do século.

Queremos e propomos uma economia moderna, que dê previsibilidade, segurança e garantias aos brasileiros que desejam empreender e conquistar mais e melhores empregos. Teremos, também, olhos atentos aos investidores, que não esperam do Estado um empecilho ao desenvolvimento.

Para o MDB, a eficiência não se resume a um Estado mínimo ou máximo, mas do tamanho necessário para estar presente com qualidade em áreas vitais de uma nação, sem ensejar disputas com a iniciativa privada; por isso reconhecemos como necessárias as privatizações e concessões que visem um bem ou serviço melhor e mais barato para o país e seu povo.

Nessa receita de Brasil moderno, o MDB tratará as políticas de benefícios sociais não como um fim em si, mas um meio fundamental para a expansão social, empoderamento e independência financeira da parcela mais carente.

Essas são algumas das artérias principais que darão vida a esse novo movimento, que já começou a ser desenhado em 2016 com a chegada de Michel Temer à Presidência e ganhará corpo na disputa eleitoral de 2018, quando estarão em debate o modelo de desenvolvimento e o projeto de país que queremos para os próximos anos.

Foi com disposição, firmeza e visão moderna que fizemos nossa inflação voltar à casa dos 3% no acumulado anual, que nosso PIB voltou a ser positivo e que os juros caíram à menor taxa de nossa história. Os custos para recuperar nossa economia foram altos, mas retornar às práticas que levaram nossa economia ao fundo do poço custará ainda mais no futuro.

A história não costuma ser injusta em seus registros; certamente a volta por cima de nossa economia terá o carimbo do presidente Temer. Esse legado ninguém tira de nós.

Assumir e enfrentar os problemas reais do Brasil sempre foi e será nossa vocação. Foi assim no enfrentamento à ditadura, na redemocratização, nos momentos que exigiam estabilidade política no Congresso e mais recentemente no governo.

É com a inspiração sempre presente do nosso maior emedebista, o doutor Ulysses Guimarães (1916-1992), que encararemos com extremo otimismo este nosso próximo passo: “A história nos desafia para os grandes serviços, nos consagrará se os fizermos, nos repudiará se desertarmos.”

Romero Jucá é senador (PMDB-RR), presidente nacional do PMDB e líder do governo no Senado

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