Polícia Civil adota novo sistema de identificação criminal

A Polícia Civil implementou, nessa segunda-feira (16), o Sistema Informatizado de Identificação Criminal na Central de Flagrantes, em Curitiba. A unidade é a primeira a operar a ferramenta, que permitirá confirmar em segundos a identidade de cerca de 90% dos suspeitos conduzidos à delegacia, sem precisar que uma perícia seja feita.

Com o nome e o registro geral informado pelo suspeito assim que ele chega na delegacia, o policial civil terá condições de confirmar rapidamente a identidade civil do cidadão. O servidor irá coletar a digital do dedo polegar no leitor biométrico, tirar uma foto com a webcam e fazer a busca no sistema com essas informações.

Segundo o delegado Marcus Michelotto, 100% dos presos no Paraná são identificados, mas o sistema irá dar celeridade ao processo. A rápida identificação permitirá ao delegado ingressar com autuações em flagrante, indiciamentos e termos circunstanciados de forma mais ágil. Michelotto destaca a segurança e apuração do sistema nesse trabalho. “Os procedimentos são feitos contra a pessoa que realmente deve ser feita, inibindo a falsidade ideológica e o uso de documentos falsos, porque o tempo que levava antes para fazer a identificação poderia possibilitar que isso acontecesse”, afirmou. 

Em segundos a ferramenta irá fazer a confirmação ou não da identidade do suspeito. Caso o registro não seja confirmado, um papiloscopista será chamado até à unidade para que faça a coleta manual das impressões digitais e inicie a perícia nas bases digital e física do Instituto de Identificação do Paraná.

Otimização – Cerca de 70 atendimentos costumam ser feitos por papiloscopistas na Central de Flagrantes da Capital por semana. Com a implementação do sistema na delegacia, entre 85% a 90% dos suspeitos terão a identidade confirmada por escrivães e investigadores.

A ferramenta otimizará o trabalho de perícia, agilizará a instauração de inquéritos policiais e reduzirá custos.

A identificação do suspeito é fundamental para a condução do inquérito. Quando não há o registro geral confirmado do criminoso, o Instituto de Identificação precisa emitir um número criminal de identificação até que a identidade dele seja localizada.

Expansão – O sistema foi utilizado de forma pioneira na operação Verão Maior 2019/2020. Agora com a implantação em Curitiba, a Polícia Civil estuda a expansão para todas as unidades do Estado.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.