Os detalhes do desaparecimento e da localização de Ana Clara

Ana Clara, de 11 anos, teria sido abusada pelo ex-companheiro da mãe, de 30 (Foto: Reprodução/Facebook)

 

Por Jonas Laskouski

 

A menina Ana Clara Trindade dos Santos, de apenas 11 anos de idade, foi encontrada no final da tarde desta quinta-feira (13) para alívio da família e de quem estava acompanhando o caso. O que chama a atenção é que as circunstâncias em que tudo aconteceu estão revelando detalhes nada confortáveis sobre o seu desaparecimento na última terça-feira (11) e a descoberta da sua localização.

Desde o sumiço da menina, há dois dias atrás, informações divulgadas nas redes sociais da tia de Ana Clara, Fabieli Barbosa, davam conta que a criança teria sido vista pegando carona em uma moto, depois de deixar a escola.

A menina morava há pouco tempo em Guarapuava, mais precisamente no Distrito do Guairacá. Ela veio de Blumenau (SC) para morar com avó materna. A mãe de Ana Clara, Patrícia Trindade, permaneceu na cidade catarinense.

 

A SUSPEITA

Em conversa com a reportagem do Extra Guarapuava, após a menina ter sido encontrada, Patrícia confirmou uma suspeita que já havia sido informada ao Extra: a de que Ana Clara teria sido abusada pelo ex-padrasto quando ela tinha 10 anos de idade.

A mãe de Ana Clara descobriu que o companheiro havia levado a menina para fazer exames de gravidez, por duas vezes. Daí a suspeita do abuso. Segundo a mãe, a tia do seu ex-companheiro trabalha na rede de saúde de Blumenau e poderia ter facilitado a realização dos exames, sem alarde. Mas o que eles tentaram esconder, veio à tona. Em Blumenau, quando alguma criança menor de 14 anos de idade é levada em alguma unidade de saúde com suspeita de gravidez, automaticamente o funcionário que atende o caso é obrigado a acionar o Serviço de Atenção Integral às Pessoas em Situação de Violência Sexual (Savs), que é vinculado à Secretaria Municipal de Saúde da cidade. O Savs então entra em contato com a escola onde a criança está matriculada. Só depois disso é que é feito o contato com a família.

Depois de saber que a filha havia sido levada para fazer os exames de gravidez, a mãe de Ana Clara denunciou o companheiro à polícia. A menina chegou a passar por exame de corpo de delito, mas nada foi comprovado. Mesmo assim, Patrícia deixou o companheiro, que passou a viver com a tia. Ana Clara veio morar com a avó no Guairacá.

Quando soube do desaparecimento da filha em Guarapuava, Patrícia veio para cá acompanhar a investigação policial e ajudar no que pudesse, já suspeitando que o ex-companheiro poderia ser a pessoa que estava na moto na qual Ana Clara teria “pegado carona”. Testemunhas identificaram a cor da motocicleta, mas não a placa. O ex-padrasto possui uma moto com as mesmas características.

A Polícia Civil de Guarapuava, de posse dessas informações, pediu ajuda aos policiais da cidade catarinense. “Pedimos apoio para a polícia de Blumenau, depois que tivemos a confirmação que o padrasto poderia ter vindo para cá”, informou uma fonte ligada ao Extra Guarapuava. A pessoa na moto era o ex-padrasto de Ana Clara, que levou a menina de volta para Blumenau.

 

A LOCALIZAÇÃO

As equipes policiais blumenauenses identificaram a motocicleta e confirmaram que pertencia ao ex-padrasto. A polícia então conseguiu descobrir o trajeto do homem nos últimos dias, inclusive por logins feito por ele em aplicativos instalados no aparelho celular, descobrindo que ele havia circulado pela região.

O Extra Guarapuava entrou em contato com a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Blumenau (DPCAMI). O delegado responsável pela investigação naquela cidade, Davi Sarraff, contou que sua equipe foi até o trabalho do suspeito. O homem, identificado como Anderson, de 30 anos de idade, confessou que Ana Clara estava com ele. “Ele já tinha até alugado um apartamento para morar com a menina”, disse o delegado. Ainda segundo ele, Ana Clara teria consentido que o ex-padrasto a trouxesse para Blumenau, pois teria um envolvimento afetivo com ele.

Anderson foi autuado em flagrante por sequestro qualificado – por envolver uma menor de idade e pela suspeita de ter praticado o crime com a finalidade de prática de ato libidinoso, mesmo com a menina tendo consentido ter ido com ele para a cidade de Blumenau. Ele permanece preso e amanhã será realizada uma audiência de custódia, onde o juiz decidirá se transforma a prisão em flagrante em prisão preventiva. Do contrário, Anderson responderá o processo em liberdade.

A mãe de Ana Clara, Patrícia Trindade, já está em viagem de volta a Blumenau. O Conselho Tutelar foi acionado para acolher a menina até a chegada da mãe. O delegado da DPCAMI ainda contou à nossa reportagem que quando a conselheira e a menina estavam deixando a delegacia, o pai biológico de Ana Clara apareceu. A menina foi entregue a ele.