Sabe aquela garrafa pet que você jogou no lixo comum, doméstico, e sequer deu atenção de onde ela iria parar? Ou aquela caixa plástica, velha, que não tinha mais nenhuma serventia, e que acabou acompanhando a garrafa do refrigerante de sua preferência? Pois os dois estão lá no lixão, enterrados, e vão ficar lá por pelo menos duzentos anos, o tempo que o plástico leva para se dissolver na natureza. Enquanto isso, o problema do lixo assombra o mundo, porque ainda não descobrimos como “jogar fora” o que não é possível jogar fora.
Tudo que rejeitamos fica em algum lugar no nosso planeta. É como a água, que faz o seu círculo de líquido, gasoso e volta a ser liquido de novo. Sobe aos céus e desce para a terra. Torna-se doce ou salgada, depende da própria natureza. Com o nosso lixo acontece a mesma coisa, só que muitos deles não se transformam, simplesmente ocupam espaços quase que eternamente. A propalada “sustentabilidade” é a nossa consciência de que com o lixo, precisamos ter muito mais cuidado ou seremos, literalmente, soterrados por ele.
O lixão de Guarapuava tem vida útil de 10 anos. Parece muito tempo? Não é. Desses 10, quatro já se passaram e restam apenas seis. Ou seja, dentro de pouco tempo passaremos a discutir, de novo, para onde vamos encaminhar nossos rejeitos. Pode ter certeza. Os seis anos que faltam vão passar voando.
A Secretaria do Meio ambiente e o secretário Celso Alves de Araújo sabem disso. E a preocupação não é recente, porque extrapola mandatos eletivos e ocupantes de cargos no Executivo municipal.
o Engenheiro Cleverson Luiz Dias Mayer, explica a dimensão do problema que ainda não possui contornos tão nítidos. O lixão está na sua segunda célula (são oito) de três metros de altura. Mas ali chegam cerca de 100 toneladas de rejeitos por dia, em média 3 mil por mês. Mas o volume vem aumentando. Quatro anos atrás chegavam 82 toneladas diárias.
“Muito lixo possível de ser reciclado ainda vem para cá, mesmo com as campanhas feitas pela Prefeitura através da Secretaria do Meio Ambiente”, explica ele. O lixo reciclável tem tratamento diferenciado. É recolhido tanto pelo caminhão da prefeitura quanto pelos catadores e levado para a recicladora, pertencente à Cooperativa dos Catadores, a Recicla Sol. A sociedade sequer imagina o quanto contribui para minimizar o problema do lixo ao fazer a separação em casa.
O tempo corre contra o lixão de Guarapuava. As análises são de 2013, mas naquele ano constatou-se que pelo menos 38% dos rejeitos enviados para o lixão eram passíveis de serem reciclados. Esse percentual deve ter sido alterado, para baixo, mas mesmo sem a pesquisa, com análise apenas visual do que é despejado diariamente no local, sabe-se que não reduziu muito.
E a Prefeitura corre contra o tempo. Seis anos é muito pouco e o problema já está aí, diante dos olhos de todos. Um dos projetos que desenvolve é a troca de lixo reciclável por alimentos. “Isso vem dando certo, porque além de evitar que o lixo que não é lixo vá para o lixão, ainda proporcionou uma verdadeira limpeza nos bairros da cidade”, informa Cleverson.
Você pode contribuir
O prazo de 10 anos de vida útil para o aterro sanitário (nome mais adequado dado ao conhecido lixão) pode se estender um pouco mais, se houver conscientização por parte da população. Se forem reduzidos os cerca de 38% de lixo passível de ser reciclado que ainda é misturado ao lixo comum, os dez anos podem se estender para 12, talvez 15 anos.
Todo lixo reciclável recolhido pelos caminhões da prefeitura (são dois atualmente e mais um está sendo adquirido) é encaminhado para a cooperativa de catadores. “Ao mesmo tempo em que é feito um trabalho social, de inserção do catador na cooperativa e no mercado de trabalho, também conseguimos limpar a cidade, retirando produtos que se jogados no lixo ou deixados na rua, vão entupir bueiros e provocar inundações em locais onde isso é possível de ser evitado”, informa o engenheiro Cleverson Luiz Dias Mayer.
O trabalho de recolhimento vem dando certo e a população, aos poucos, se conscientiza sobre a coleta seletiva.