Testemunhas do caso Leuch Neto começaram a ser ouvidas

Os pais de Jorge Leuch Neto na tarde desta terça (25) (Foto: Jonas Laskouski/Extra Guarapuava)

 

Jonas Laskouski

 

Teve início na tarde desta terça-feira (25), a 1ª fase do rito do Tribunal do Júri do caso Jorge Leuch Neto, morto em um acidente de trânsito no dia 12 de fevereiro de 2017, no Centro de Guarapuava. O Extra esteve no Fórum Desembargador Ernani Guarita Cartaxo nesta tarde e conversou com as partes envolvidas: familiares, defesa e acusação.

“Não é o júri”, disse Caroline Barbosa Capote, assistente de acusação pela família de Jorge Leuch Neto. “É a audiência de instrução e julgamento. Algumas pessoas confundiram achando que seria o júri, mas não é. Posteriormente ao encerramento dessa instrução, a juíza emite uma sentença que define se a denunciada vai a júri ou não”, esclarece a advogada.

 

VAMOS ENTENDER

Na madrugada do dia 12 de fevereiro de 2017, uma colisão entre dois carros deixou uma pessoa morta e duas feridas, no Centro de Guarapuava.

O acidente envolveu um veículo GM Captiva e um GM Celta, ambos com placas de Guarapuava, e foi registrado pelo Corpo de Bombeiros às 4h35 da manhã, no cruzamento das ruas Brigadeiro Rocha e Padre Chagas.

Jorge Leuch Neto, de 22 anos, que conduzia o Celta, teve ferimentos graves. Encaminhado ao Hospital São Vicente de Paulo, o jovem não resistiu e morreu durante o atendimento médico. O casal que estava na Captiva sofreu ferimentos leves.

 

O Celta conduzido por Jorge Leuch Neto (Foto: Portal RSN)

 

O violência da batida foi tão grande que os dois veículos ficaram completamente destruídos. Após o impacto, a Captiva tombou sobre a calçada. A suspeita, na época, foi de que um dos veículos estava em alta velocidade e havia furado o sinal vermelho no semáforo.

 

A Captiva onde estava o casal tombou com a violência do impacto (Foto: Portal RSN)

 

O caso gerou grande comoção em Guarapuava e muita discussão nas redes sociais. Várias versões foram dadas sobre o acidente. Após investigações, perícias, depoimentos à polícia e também de uma simulação do acidente (realizada em junho do ano passado), a 6ª Promotoria de Justiça de Guarapuava ofereceu denúncia contra a motorista acusada de provocar a morte de Jorge Leuch Neto. A mulher foi denunciada por homicídio no trânsito com dolo eventual.

De acordo com informações do Portal RSN (publicadas no dia 19 de janeiro de 2017), a denúncia do Ministério Público afirma que “em 12 de fevereiro de 2017, após ingerir bebidas alcoólicas, a denunciada pegou seu carro e passou a dirigir em alta velocidade (130 quilômetros por hora, conforme a perícia). No Centro da cidade, avançou sinal vermelho e atingiu o veículo conduzido pela vítima, que trafegava regularmente pela via transversal, provocando sua morte.”

“O Ministério Público explica que o dolo eventual foi caracterizado por três situações: condução de veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da ingestão de bebida alcoólica, circulação em velocidade superior ao dobro do limite permitido para o local e avanço de sinal vermelho. Neste sentido, a Promotoria de Justiça destaca que o presente caso não envolve um simples acidente de trânsito, tampouco foi causado por fatalidade ou desatenção; uma colisão fatal provocada por embriaguez, excesso de velocidade e avanço de sinal vermelho configura crime de homicídio com dolo eventual, em que o motorista conhece plenamente os riscos envolvidos, mas assume a possibilidade de sua ocorrência e prossegue na sua conduta irresponsável, diz ainda a informação do portal de notícias citado acima. “Se julgada procedente a denúncia na primeira fase do processo, a denunciada deverá ser encaminhada a julgamento pelo Tribunal do Júri.”

É justamente essa primeira fase do processo que começou na tarde desta terça (25).

Gustavo Scandelari, advogado de defesa da mulher acusada pelo homicídio doloso de Jorge Leuch Neto também conversou com o Extra. “Hoje é o início da oitiva das testemunhas. Primeiro as testemunhas do Ministério Público, depois as da defesa e por fim, o interrogatório da acusada que vai ocorrer em outra data”, confirmou Scandelari. “Hoje as testemunhas começaram a ser ouvidas”.

 

AS FAMÍLIAS

Mas o tempo, em situações como essa, não costuma ser um bom parceiro. E, pode-se afirmar, que as três famílias envolvidas no caso estão dilaceradas. A reportagem do Extra conversou com a família da acusada, com o namorado dela (que estava na Captiva envolvida no acidente) e com os pais de Jorge Leuch Neto.

Ao Extra Guarapuava, o namorado da acusada pediu para que nenhum nome fosse citado e nenhuma imagem fosse feita. Respeitosamente, o Extra atende ao pedido do rapaz, que afirmou ainda que poderíamos usar as falas ditas na conversa com o editor desta matéria.

O pai da denunciada, bastante emocionado, disse esperar “uma justiça sensata”. Caminhoneiro de profissão, ele disse acreditar que a filha não estava embriagada, e que por isso ela teria assumido a direção do veículo. “Inclusive, há exames que mostram que ela estava sã, que não havia ingerido bebida alcoólica”.

“Ela está aqui para responder pelo o que ela fez e não por aquilo que estão dizendo que ela fez”, afirmou o namorado.

Também emocionada, a mãe de Jorge Leuch Neto, Marlene Leuch, se pronunciou. “Ela bebeu, dirigiu, estava em alta velocidade, passou o sinal e tirou a vida do meu filho”, disse ela, relembrando o futuro que estava sendo planejado para o filho. “Um príncipe que estava sendo preparado para assumir a empresa que nós temos. Só queremos justiça”.

A juíza responsável pelo caso, Paola Gonçalves Mancini, depois de ouvir todas as testemunhas e de dar mais um prazo para as partes se manifestarem sobre tudo o que as testemunhas falaram, é que vai sentenciar, decidindo se o caso vai a júri popular ou não.

O advogado de defesa, Gustavo Scandelari, espera uma decisão “até meados do ano que vem”. Indagado sobre o tempo que levaria, ele disse considerar um tempo até curto, considerando outros processos.

A acusação espera que a denunciada seja pronunciada a júri e ao final seja condenada por homicídio doloso. “Nós estamos atuando nesse sentido”, finalizou a assistente de acusação, Caroline Barbosa Capote.

A acusada deve ser ouvida na próxima audiência que está marcada  para o dia 16 de outubro.

 

 

 

 

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