Temporais deixam mais de 1,2 mil casas destelhadas no Paraná

A madrugada deste sábado (23) foi marcada por fortes chuvas em diferentes pontos do Paraná. As regiões Oeste, Sudoeste, Sul e Metropolitana de Curitiba foram as mais atingidas. De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), a passagem de uma frente fria pelo Estado desencadeou temporais acompanhados de muitas descargas elétricas, rajadas de ventos e chuva de granizo em diferentes cidades.

Maripá, no Oeste, foi uma das mais atingidas. A Defesa Civil Estadual informou que mais de mil casas foram destelhadas por causa do granizo que atingiu o município. “Há cinco equipes, entre Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, atuando desde a madrugada na cidade para ajudar a população”, afirmou o capitão da Defesa Civil do Paraná, Marcos Vidal.

Em menor proporção, Jesuítas e Iracema do Oeste também sofreram com as pedras de gelo – cerca de 100 residências foram atingidas em cada município. Já em Maringá, no Noroeste, as pancadas de chuva provocaram queda de árvores. Algumas áreas da cidade ficaram sem luz. Até as 10 horas deste sábado (23), segundo a Copel, 65 mil pessoas estavam sem energia na cidade. Paiçandu (20 mil) e Mandaguaçu (13 mil) também registraram ocorrências.

Em todo o Paraná, conforme a companhia, são 326 mil pessoas sem energia. Mais de 700 profissionais foram acionados para agilizar a religação.

Interrupção que também afeta o fornecimento de água. Mais de 20 cidades do Estado, de acordo com a Sanepar, estão nesta situação, com destaque para os municípios do Oeste e Sudoeste.

Acumulados – Outras cidades do Paraná com grandes acumulados de chuva entre as estações de medição do Simepar foram Goioerê (44 mm), Toledo (42,8 mm), Pato Branco (41 mm), Colombo (40,4 mm), Marechal Cândido Rondon (39,4 mm), Cascavel (38 mm), Ponta Grossa (32,8 mm), Santa Helena (31,4 mm) e Morretes (31 mm).

Previsão – Segundo o boletim meteorológico do Simepar, as chuvas perdem força em todo o Paraná. A tendência é de pontos isolados, como em Curitiba, com perda de intensidade ao longo do fim de semana.

A partir de segunda-feira (25) a previsão é de tempo seco, com a gradativa elevação da temperatura no Estado. “Ainda veremos algumas pancadas neste sábado e domingo, mas logo o sol aparece e o tempo seca. Não há previsão de novas ondas de chuvas fortes no Paraná”, disse o meteorologista do Simepar, Paulo Barbieri.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.