Seis engenheiras paranaenses recebem o Prêmio Eng. Enedina Marques

Como forma de homenagear mulheres que fazem a diferença no Estado por meio da atuação como engenheiras, o Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Geociências do Paraná (Crea-PR) promoveu a segunda edição do Prêmio Crea-PR Eng. Enedina Marques. O evento, que faz menção ao Dia Internacional das Mulheres na Engenharia (23 de junho), foi realizado no Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) nesta semana e contou com a parceria do Mútua e CredCrea.

“Enedina Alves Marques foi a primeira mulher a se formar em Engenharia Civil no Paraná, em 1945, e a primeira engenheira negra do país. O prêmio é uma homenagem ao seu pioneirismo, à sua memória, ousadia e coragem e por sua atuação em prol do Estado. Também é uma homenagem às profissionais da atualidade, que fazem a diferença no meio em que atuam e com o mesmo idealismo de Enedina”, comenta a coordenadora do Comitê Mulheres e Conselheira do Crea-PR, Engenheira Agrônoma Adriana Baumel.

Desta vez, diferentemente da primeira edição, foi escolhida uma profissional em cada uma das seis modalidades. Os nomes foram indicados por Entidades de Classe, Instituições de Ensino Superior (IES), Câmaras Especializadas e Colegiados das regionais estaduais onde o Conselho está presente: Apucarana, Cascavel, Curitiba, Guarapuava, Londrina, Maringá, Pato Branco e Ponta Grossa. A escolha foi feita pelo Comitê Mulheres, do Crea-PR, com base na atuação das profissionais dentro do próprio sistema, prêmios recebidos durante a carreira profissional, entre outros critérios.

Foram premiadas a Engenheira Eletricista Lilian Rosana Kremer Schultz (Câmara Especializada de Engenharia Elétrica); Engenheira Química Ivonete Coelho da Silva Chaves (Câmara Especializada de Engenharia Química, Geologia e Engenharia de Minas); Engenheira Mecânica Karin Soldatelli Borsato (Câmara Especializada de Engenharia Mecânica e Meturgia); Engenheira Florestal Yeda Maria Malheiros de Oliveira (Câmara Especializada de Agronomia); Engenheira Cartógrafa Silvana Philippi Camboim (Câmara Especializada de Agrimensura e Engenheira de Segurança do Trabalho) e Engenheira Civil Janilce dos Santos Negrão (Câmara Especializada de Engenheira Civil).

Para o presidente do Crea-PR, Engenheiro Civil Ricardo Rocha de Oliveira, o intuito, com o Prêmio, é reconhecer as mulheres dentro da Engenharia, Agronomia e Geociências.

“Sabemos da importância da mulher em diversos meios, principalmente no campo profissional. Achamos pertinente prestarmos essa homenagem, e por esse motivo criamos o Prêmio para evidenciar o potencial daquelas que estão fazendo a diferença. Queremos que sirva com estímulo para as demais profissionais que estão chegando ao mercado”, comenta.

Homenageadas

Vem de Guarapuava a única profissional do interior do Estado a compor a lista de premiadas nas categorias do Prêmio Enedina em 2023. Lilian Rosana Kremer Schultz é Engenheira Eletricista e representa a Câmara Especializada de Engenharia Elétrica.

A guarapuavana Lilian Rosana Kremer Schultz foi uma das homenageadas (Foto: Francisco Martins Netto)

“Fiquei muito feliz ao receber a notícia e, também, por saber que sou a única premiada do interior do Estado. Estou representando as engenheiras eletricistas e todas as outras engenheiras que atuam fora da capital paranaense. Isso simboliza o reconhecimento do trabalho feminino nesta área e que as mulheres podem se destacar nesta profissão, mostrando que nós temos capacidade, que o nosso trabalho é visto e reconhecido perante a sociedade”, celebra.

Outra homenageada é a engenheira florestal Yeda Maria Malheiros de Oliveira. Pesquisadora da Embrapa Florestas na unidade de Colombo há 45 anos, a curitibana Yeda faz parte de uma das primeiras turmas de Engenharia Florestal do Brasil. O curso de graduação da UFPR foi o primeiro no país, após ter iniciado em Viçosa (MG) e transferido para Curitiba, antes de formar a primeira turma.

A engenheira e pesquisadora revela estar honrada com a indicação ao Prêmio Crea-PR Eng. Enedina Marques. “Sou uma admiradora da trajetória de Enedina, uma mulher que foi pioneira e mostrou que é possível ocupar espaços em todos os setores. Recebo o prêmio com muita honra, não apenas em meu nome, mas em nome das engenheiras florestais e agrônomas”, cita.

Silvana Camboim é professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde 2012. Leciona Cartografia, Bancos de Dados Geográficos, Desenvolvimento de Aplicações Geoespaciais e SIG para cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia e orienta alunos de mestrado e doutorado nos Programas de Pós-graduação em Ciências Geodésicas e Planejamento Urbano. Tem 26 anos de experiência na área de Sistemas de Informação Geográfica, e antes de se tornar professora, foi analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), empreendedora e analista de SIG em diversos projetos nacionais e internacionais.

“Eu fico muito feliz com o prêmio. Acho importante que tenhamos esse espaço para discutir, avaliar, reconhecer e ampliar o papel das mulheres na engenharia. Pensei muito nas minhas professoras, mulheres engenheiras que desbravaram um cenário de ainda mais restrições a atuação”, considera.

A Engenheira Civil Janilce dos Santos Negrão, que faz parte da Câmara Especializada de Engenharia Civil, também foi homenageada. Ela conta que sempre atuou na docência em paralelo a projetos de interesse social, bem como em trabalhos de investigação e de recuperação de estruturas em processos de deterioração.

Indicada pela Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC) do Paraná como Conselheira para a Câmara Especializada, Janilce participou da diretoria do Crea-PR por dois mandatos, entre outras atuações.

“Esse reconhecimento traz responsabilidade. É honroso e faz com que a gente reflita sobre muitas coisas. Um verdadeiro filme passa pela minha cabeça e, nesses momentos, eu sempre acho que poderia ter feito mais. O reconhecimento me faz refletir também sobre o papel das mulheres na engenharia e o quanto ainda temos a oferecer e a caminhar. Nunca foi fácil vencer preconceitos, e as dificuldades não param por aí”, comenta.

Ivonete Coelho da Silva Chaves é Engenheira Química e faz parte da Câmeara Especializada da área. Ela possui uma jornada de 38 anos no Instituto Água e Terra, em assuntos como licenciamento de atividades poluidoras, fiscalização, entre outras, além da colaboração para a criação de resoluções e normas técnicas.

Sobre o reconhecimento, a profissional lembra dos desafios que precisou enfrentar. “Me senti bastante prestigiada. Me formei há muito anos, então enfrentei dificuldades por ser mulher. Nos primeiros anos, quando trabalhava com licenciamento e fiscalização, o tratamento era diferente. Mas hoje isso melhorou muito e trabalhamos para isso, além de incentivar novas engenheiras. Agradeço aos profissionais que me indicaram, isso mostra o reconhecimento de um trabalho”, diz.

Na lista das homenageadas está a Engenheira Mecânica, Karin Soldatelli Borsato, que faz parte da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica e Metalúrgica. Ela acredita que o Prêmio busca viabilizar a carreira feminina em áreas normalmente dominadas por homens. Segundo ela, os obstáculos que enfrentou foram superados à medida que iam aparecendo, sendo que com esforço e dedicação intensas conseguiu se destacar na engenharia e ganhar espaço em posições de maior destaque.

“Na Universidade alcancei o título de Professora Titular no curso de Engenharia Mecânica e depois de alguns anos tive a oportunidade de coordenar cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção, algo que constantemente me impulsionava a novos objetivos, ambições e conquistas”, pontua.

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