A secretaria de Estado da Saúde recebeu 70 mil máscaras-escudo (face shields) desde o começo da pandemia por meio de uma rede de solidariedade integrada por empresas, universidades e proprietários de impressoras 3D.
A Superintendência de Inovação da Casa Civil foi responsável pela articulação dessa iniciativa que gerou economia aos cofres públicos e aumentou a participação social no combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
Além de garantir Equipamento de Proteção Individual (EPI) para os profissionais da área médica de todo o Estado, a ajuda foi fundamental para gerar economia de cerca de R$ 1,089 milhão para a pasta. A Secretaria da Saúde manteve o investimento, mas teve seus custos reduzidos.
A maior parte da parceria funcionou assim: a secretaria adquiriu 60 mil unidades do visor transparente e os empresários viabilizaram a produção e o restante do material, e, assim, o EPI que custaria em média R$ 20 gerou desembolso de apenas R$ 1,85 (unitário) por parte dos cofres do Estado. Os acetatos que faltaram foram doados por meio dessa iniciativa.
A iniciativa completa engloba 80 mil unidades, e as dez mil restantes serão entregues para outros estados, como Minas Gerais e Santa Catarina.
Segundo o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, essa rede é um exemplo de solidariedade diante de uma das maiores crises de saúde pública da história do País. “Essas ações coletivas ajudaram a salvar vidas, temos que ter isso em mente”, afirmou o secretário.
Segundo ele, uma das primeiras urgências da pandemia foi a necessidade de aquisição de EPIs para todas as equipes médicas do Estado e essa rede. “Dessa maneira pudemos priorizar investimentos em outros equipamentos e aportes mais volumosos, como os mais de mil novos leitos de UTI e os três hospitais regionais”.
Iniciativa – Tudo começou com a iniciativa GRU-CV19, que nasceu entre pesquisadores e makers no Rio Grande do Sul. O desenho aberto foi “importado” pelo Paraná e uma articulação do Governo do Estado e de pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) ajudou a atrair mais empresas para a empreitada.
A Denso colocou suas máquinas à disposição para produzir as peças e as empresas PoloFilms, FCC e Lanxess/Arlanxeo ajudaram com as demais matérias-primas. Todas elas disponibilizaram insumos, equipamentos e mão de obra para a fabricação de todo esse volume.
O processo contou com apoio, ainda, de voluntários da iniciativa Atitude 3D, além da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do FabLab da Indústria (Senai) e do Exército Brasileiro (5ª Região Militar).
“Essa iniciativa teve repercussão imediata quando surgiu. As máscaras não são as mesmas do desenho padrão do começo da pandemia. Esse desenho levou em consideração a opinião dos profissionais de saúde, é um pouco mais moderna.
A Denso logo disponibilizou injetoras e as demais empresas doaram parte da matéria-prima. E o Estado entrou como parceiro nos acetatos”, explicou Henrique Domakoski, superintendente de Inovação da Casa Civil.
As máscaras-escudo foram entregues para as regionais de Saúde, unidades básicas e prefeituras. Elas foram disponibilizadas para servidores que têm contato diário com pacientes ou com a população. As peças servem como complemento para as máscaras comumente utilizadas pelos profissionais dos hospitais e das unidades básicas, do tipo N95. O objetivo principal é proteger a região dos olhos da contaminação.
“Tivemos um primeiro contato com pesquisadores da UTFPR para entender as demandas. A Denso possui linhas de injeção plástica. Recebemos o projeto e angariamos ajuda de alguns fornecedores. Também ajustamos a parte ferramental interna para desenvolver os kits”, explicou Rosana Keimi Nishi, supervisora de engenharia de processos da Denso. “A empresa sempre teve vontade de ajudar e encontrou essa abertura. É uma honra ajudar em momento tão difícil. O trabalho é gratificante”.
Doações – Juntando outras iniciativas, a Secretaria da Saúde recebeu 118.575 máscaras-escudo desde o começo da crise de saúde pública. O Itaú Unibanco doou 18 mil face-shields por meio da iniciativa “Todos Pela Saúde” e o Grupo Simoldes, de São José dos Pinhais, outras três mil. Nesse segundo caso a iniciativa foi estabelecida nos mesmos parâmetros da rede de solidariedade: a Secretaria adquiriu as viseiras e a empresa montou os equipamentos.
Além disso, uma iniciativa chamada Atitude 3D e que hoje engloba centenas de pessoas e colaboradores doou mais de 30 mil de máscaras-escudo feitas a partir de impressoras 3D para o Estado e para hospitais da rede privada.
Elas foram distribuídas a partir dos carros oficiais do Governo do Estado para praticamente todos os centros médicos de Curitiba e Região Metropolitana. A Defesa Civil colaborou com a logística de distribuição nos municípios mais distantes da Capital.
O Ministério da Saúde distribuiu ao Estado 67 mil face-shields em um pacote de 5,3 milhões de EPIs entregues ao Governo e diretamente para as 399 prefeituras.
As universidades estaduais do Paraná também montaram uma rede própria e já fabricaram e doaram 13,9 mil máscaras desse modelo para hospitais, órgãos de segurança e saúde e secretarias municipais. Elas foram produzidas pelos Núcleos de Inovação Tecnológica das instituições utilizando impressoras 3D.