Região de Guarapuava concentra 28% da produção estadual de batatas

A batata é o principal produto da olericultura paranaense – que abrange o cultivo de legumes, verduras e frutos como o tomate – e domina mais de um quarto da produção estadual nessa atividade. Porém, diferente das outras olerícolas, cujo plantio é feito principalmente por agricultores familiares, nos arredores de Guarapuava o tubérculo é produzido principalmente por médios e grandes produtores rurais, em um processo que envolve tecnologias de ponta em todas as etapas e um grande contingente de trabalhadores.

Por se tratar de um produto bastante perecível, parte da colheita e do beneficiamento ainda exige bastante mão de obra. Os produtores estimam que de 5 mil a 6 mil postos de trabalho sejam criados no auge da safra na região. “Entre dezembro e junho, quando acontece a colheita, as oito beneficiadoras da cidade empregam de 70 a 80 pessoas cada uma. No campo, as batatas são arrancadas do solo por uma máquina, mas para catar do chão o processo é manual, o que também envolve muitos trabalhadores. Isso sem contar os empregos indiretos, de caminhoneiros, agrônomos, nas oficinas e revendas. A geração de emprego é muito boa”, afirmou Kloster.

Introduzida em Guarapuava nos anos 1960, aproximadamente 120 agricultores chegaram a se envolver na cultura, muitos deles incentivados pela Cooperativa Agrícola de Cotia, pioneira no cooperativismo no Brasil, que durou até 1994. Mesmo com um número menor de produtores, hoje são cerca de 60, a produtividade se manteve boa ao longo dos anos.

“O clima favorável de Guarapuava é determinante para o sucesso da cultura. Desde que foi introduzida aqui, a produtividade sempre foi forte em relação a outras regiões. A cooperativa ajudou muito para impulsionar a atividade e investiu em assistência técnica, financiamento e na comercialização”, explicou o agrônomo Arthur Bittencourt Filho, chefe do escritório regional da Secretaria da Agricultura em Guarapuava. “A grande maioria dos produtores planta uma área expressiva, de porte médio para grande, onde muita tecnologia é empregada”, afirma.

Tecnologia – Diferente dos cultivos de antigamente, os produtores agora têm em mão uma gama de estudos de melhoramento genético, preparação de solo, irrigação e um maquinário de ponta que agilizou e tornou mais forte a produtividade, com uma colheita média de 800 sacos, ou 4 mil kg, de batata por hectare plantado.

Um exemplo é na produção de sementes, que exige um processo bastante especializado e muito conhecimento genético. Um mini-tubérculo, livre de vírus e outras doenças, é desenvolvido em laboratório e pode ser reproduzido por até duas gerações. Para se desenvolver, ele é plantado em regiões mais quentes, geralmente no Norte ou Noroeste do Paraná. Já maiores, as sementes voltam a Guarapuava e ficam armazenadas em câmeras frias, com temperaturas controladas de 4ºC em média, para serem plantadas escalonadamente entre as safras.

“A semente é como um plantio de batatas, mas que cuida muito da parte genética. Há muito cuidado para que ela não se infecte, por isso é usada apenas por duas gerações. Com o tempo e manuseio a qualidade se perde e diminui a produtividade”, conta o produtor. “Antigamente se fazia muito de tirar as miúdas para plantar no ano seguinte, pois tinham muito dinheiro para investir na próxima safra, o que diminuía a produção e acabava aumentando os custos”.

A preparação de solo é outra preocupação. O cultivo da batata é rotacionado: depois de colhida, ela só pode ser plantada naquela área três anos depois, para que não haja a disseminação de doenças que podem comprometer a produtividade. Enquanto isso, os produtores procuram outros locais para arrendar e aquele terreno dá lugar a outras culturas, como soja, cevada, trigo e milho.

“Ela acaba ajudando muito a melhorar o solo. Como na cultura de cereais é usado principalmente o plantio direto, a rotação com a batata ajuda a revirar a terra, além de deixar resíduos de adubo e correção de solo para as próximas culturas. Quando arrendamos, devolvemos um terreno melhor”, destacou Kloster.

No plantio, a irrigação é essencial, e os tubérculos são cultivados geralmente próximo a rios, para facilitar o acesso à água. Já o processo para que o alimento queridinho de muitos brasileiros chegue à mesa também é bastante tecnificado. Envolve mangueiras para a lavagem e muitas esteiras, engrenagens e pessoas que selecionam a melhor batata para ser comercializada.

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