Projetos da Unicentro promovem autonomia feminina e combate à violência de gênero

Até outubro de 2023, o Ligue 180 registrou mais de  74 mil denúncias de violência contra a mulher, dos mais variados tipos – psicológica, física, sexual, patrimonial e moral, além de casos de cárcere privado e tráfico de pessoas. Na tentativa de mudar esse cenário violento, alguns projetos de extensão da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) têm como foco questões relacionadas a gênero. Esse é o caso do Florescer e da Cátedra de Empoderamento e Empreendedorismo Feminino (Ceef).

A Cátedra tem o objetivo de oferecer capacitação para mulheres em situação de vulnerabilidade social, com cursos e oficinas, por exemplo. Recentemente, o projeto firmou parceria com a Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná (Semipi), o que permite a realização de ações da Ceef, entre 2024 e 2025, em 23 municípios paranaenses.

Reitor Fábio Hernandes e a deputada Leandre Dal Ponte na assinatura do termo de parceria para a execução de ações da Ceef

A partir da formalização da parceria para as ações da cátedra, serão ofertados cursos para formação ou aperfeiçoamento profissional, além de atendimento multiprofissional, a fim de propiciar às mulheres em vulnerabilidade mais autonomia, em especial para romper ciclo de violência doméstica. Para além do financeiro, a Cátedra também desempenha um papel crucial ensinando as participantes sobre o papel da mulher na sociedade.

Projeto Florescer

Criado em 2018, o projeto de extensão Florescer leva o conhecimento sobre equidade e violência de gênero para crianças do terceiro ano da rede municipal de ensino. O processo de aprendizagem é realizado por meio de cinco oficinas. Nelas, são abordados temas como as diferenças de gênero impostas socialmente; machismo; Lei Maria da Penha; e tipos de violência. Por fim, as crianças reproduzem tudo que aprenderam em um material audiovisual que, como última oficina, é exibido no cinema da Unicentro para que elas assistam aos resultados das produções. Por ano, cerca de 500 crianças passam pelo projeto.

Apesar de repercutir retorno a longo prazo, na fase adulta dos alunos, o Florescer já mostra resultados práticos significativos nos bairros das escolas em que passa, como explicou a coordenadora do projeto, professora Ariane Carla  Pereira.

“ Quando a gente está naquele bairro específico, a procura de mulheres do bairro por atendimento, por informação na Secretaria da Mulher e no Cram aumenta em média 40%. Então, isso significa que essas crianças, além de, provavelmente, terem um comportamento diferente quando elas crescerem e tiverem seus relacionamentos, elas também disseminam informação no presente” comentou.

Em relação à projeção de resultados, abordar a violência contra a mulher e demais diferenças de gênero ainda na infância é preparar um futuro mais igualitário e menos violento.

“Nós acreditamos que trabalhando a violência contra mulher na infância, o que a gente está fazendo é prevenindo que novos casos de violência venham a acontecer no futuro. A gente acredita que ao entender o que é violência contra a mulher, que ela só acontece por conta de discriminações de gênero e que essas discriminações de gênero são decorrência de comportamentos machistas que são replicados socialmente e culturalmente, elas vão mudar a perspectiva do que é certo e errado no relacionamento”, finalizou Ariane.

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