Professores de Guarapuava são classificados em prêmio nacional

Três professores de escolas municipais e de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) de Guarapuava foram pré-selecionados no Prêmio Educador Transformador 2023.  O objetivo da premiação é descobrir e compartilhar práticas educacionais pautadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e conectadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), além de reconhecer e promover as ações transformadoras.

“O professor é protagonista na melhoria da educação. Esses projetos mostram o quão comprometidos eles estão com nossas crianças e famílias e contribuem de forma efetiva para o desenvolvimento das comunidades. Assim como esses projetos, inúmeras iniciativas são realizadas nas escolas da rede municipal. O nosso papel é dar cada vez mais espaço e condições para que esse trabalho seja fortalecido, ampliado e reconhecido”, afirmou o secretário de Educação, Pablo de Almeida.

Na Categoria Educação Infantil, o projeto  “Corpo, Ação e Movimento” foi apresentado pela professora Marilze de Fátima Weber, atuante no CMEI Acyr Loures Pacheco; na categoria do Ensino Fundamental- Anos Finais – o professor Jeferson José Turkiewicz da Escola do Campo Professor Maack inscreveu o projeto Oficinas do Campo-Agricultura e Pecuária, e, por fim, na categoria a Ensino Fundamental – Anos Iniciais – o Mães “Fuxicando” Sonhos, idealizado pela professora Terezinha Adriana D’oliveira Custodio, da Escola Dom Bosco, foi o classificado.

“Eu me dediquei bastante nesse projeto e esse reconhecimento é a prova de que por meio do nosso comprometimento, nós podemos fazer a diferença na vida das pessoas. Porque o acolhimento, a escuta ativa na escola faz toda a diferença”, declarou a educadora Terezinha Adriana, ao saber que o projeto está na próxima fase do concurso.

O prêmio surgiu da união do Prêmio Professor Transformador da Bett Brasil e Instituto Significare e do Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora do Sebrae para valorizar projetos inovadores que mobilizem os alunos em situações do dia a dia. As práticas devem promover a descoberta de problemas e oportunidades, transformando ideias e desenvolvendo respostas para problemas reais da vida.

Dos três mil profissionais de todo o Brasil que apresentaram as iniciativas na primeira fase do prêmio, chamada de análise de conformidade, 256 foram selecionados na categoria Educação Infantil e outros 658 passaram para a próxima etapa na Categoria Ensino Fundamental – Anos Iniciais e 625 projetos desenvolvidos nos Anos Finais.

De acordo com a consultora do Sebrae, Márcia Beatriz Silva, o prêmio foi desenvolvido originalmente pelo Sebrae/Paraná e depois virou nacional. “Essa é uma forma de reconhecer e valorizar as boas práticas na educação. São projetos que transformam a realidade não só dos alunos, mas do entorno da escola. Outro intuito é que, a partir desses “cases”,  inspirar outros educadores, mostrar que é possível desenvolver trabalhos inovadores”, afirma Márcia.

Sobre os projetos

Mães Fuxicando Sonhos – Escola Dom Bosco

Há 9 anos, na Escola Municipal Dom Bosco, mães e pais de alunos são integrados ao processo de inclusão dos filhos no ambiente educacional no “Mães Fuxicando Sonhos”. Eles participam de momentos de trocas de experiências durante a confecção de artesanato na Sala de Recursos Multifuncional. E, além de desenvolver habilidades manuais,  se beneficiam da prática de escuta ativa sobre as dificuldades e anseios do grupo.

A professora busca a interação entre as famílias e seus filhos que apresentam transtornos e altas habilidades ou superdotação, autismo, Síndrome de Down, limitações físicas, TDAH ou outros transtornos de aprendizado.

“Esses momentos trazem alento às famílias que têm filhos com alguma necessidade especial e eu tenho certeza que nesse período muitas sementes foram lançadas e cada uma florescerá no devido tempo. Então, oportunizar esse empoderamento, essa corresponsabilização entre as famílias nessa questão da inclusão, é muito gratificante pra mim”, defendeu a professora Terezinha Adriana D’oliveira Custodio.

Os encontros são mensais e o material confeccionado fica com a família, que pode usá-lo para presentear ou vender. São feitos fuxicos e artesanatos com retalhos de tecido, utilizados em apliques e bordados. O projeto iniciou há 9 anos e recentemente recebeu adaptações para envolver a figura paterna, além de promover oficinas de pinturas e piquenique na escola.

“O Projeto “Mães Fuxicando Sonhos” me tirou de uma fase depressiva, a ajudou ter um olhar diferente e espaço para desabafar com mães com as mesmas angústias que as minhas. Um projeto maravilhoso que, para mim, trouxe qualidade de vida!”, declarou Jaqueline Correia, uma das mães integrantes do grupo.

Corpo, Ação e Movimento – CMEI Acyr Loures Pacheco

Somente neste ano,  134 crianças atendidas do CMEI Acyr Loures Pacheco, no Bairro Santana, foram surpreendidas pela inciativa da professora Marilze de Fátima Weber, ao participarem do projeto Corpo, Ação e Movimento. Ela criou uma “bola viajante” que incentiva crianças e adultos a deixarem o sedentarismo. A sacola que guarda materiais reciclados usados para fazer os brinquedo passou de casa em casa para incentivar as famílias a mudar os hábitos.

“Eu percebi que nas brincadeiras e jogos que envolvessem o movimento do corpo os alunos encontravam muitas dificuldades em relação a orientações simples de movimentos comandados pelo professor. Diante disso, iniciei estudos e pesquisas sobre o sedentarismo infantil que costuma ser a causa de sérios danos à saúde e podem se refletir na vida adulta”, falou Marilze.

A proposta é que os pais criem um brinquedo que envolva o corpo em movimento, filmem as atividades e mandem os vídeos mostrando a criatividade em ação. Entre as brincadeiras apresentadas estão a de bola, peteca, bilboquê e bambolê.

De acordo com a professora, os dados sobre obesidade infantil chamaram a atenção, pois inúmeras doenças relacionadas ao sedentarismo se multiplicaram com os avanços tecnológicos e a comodidade dos brinquedos eletrônicos, além do o mau exemplo dos pais que também não fazem atividade física. Esse é o terceiro ano que o projeto é ofertado no Centro de Educação Infantil e trouxe resultados muito positivos.

“Nós percebemos como as crianças melhoraram a coordenação motora, ficando mais ativas e espontâneas, mais à vontade em dançar e até cantar. Nós educadores temos a capacidade de transformar a vida de nossos alunos, das famílias e da comunidade, por isso idealizei esse projeto e fico feliz pelo reconhecimento, principalmente da nossa comunidade.”, finalizou a educadora.

A abordagem considera que, por meio da coordenação motora ampla, o corpo da criança se estrutura no tempo e no espaço. As atividades fazem com que ela adquira mais consciência, controle e conhecimento do próprio corpo, além de fortalecer os vínculos familiares.

“Nesse contexto vimos a importância de buscar o apoio da família e provocar neles mudança de comportamento em relação ao tempo que permanecem com seus filhos em casa, tornando esse tempo de aproximação entre pais e filhos com brincadeiras, interações e memórias afetivas para a vida toda das crianças”, contou a pedagoga do CMEI, Florence Regina Pereira Ortiz.

Oficinas do Campo – Agricultura e Pecuária: Escola Professor Maack

Para mostrar aos alunos como é o trabalho do campo e a importância dele na subsistência humana, aliada à sustentabilidade do meio ambiente, o professor Jeferson José Turkiewicz coordena as atividades do projeto Oficinas do Campo – Agricultura e Pecuária, na Escola do Campo Professor Maack, distante cerca de 17 quilômetros da área urbana de Guarapuava.

“O envolvimento das crianças é muito gratificante e positivo. Elas procuram saber todos os dias em qual dia irão ao campo, mostrando o quanto gostam dessa prática.  Muitos dos nossos alunos dão continuidade nesse estudo indo para área profissionalizante e levando o que aprendem aqui para suas casas em fazendas ou chácaras.”

O “quintal” da escola é uma verdadeira pequena fazenda, onde os alunos têm aulas práticas em nas áreas de Avicultura (Aves de Posturas e de Corte), Suinocultura (criação de Porcos),  Ovinocultura (ovelhas), Olericultura orgânica/Convencional (horticultura) e Fruticultura (produção de frutas).

Há espaço até para os coelhos que são o xodó das turmas. Na horta, por exemplo, são ensinadas técnicas desde o preparo do solo, adubação, até criação de minhocas e controle de pragas.

“Na agricultura, as crianças acompanham todo o ciclo de plantio, desde a germinação, muda para canteiros definitivos, tratos culturais (capina, amontoa, poda, rega), até a colheita. Quando é feita a colheita, os alunos fazem a higienização e o embalam os produtos.

Depois fazemos a comercialização entre pais, alunos, professores e funcionários. O dinheiro da venda dos produtos é revertido para a própria escola, que investe em infraestrutura, ração e implementos agrícolas usados nas aulas”, destacou o professor Jeferson Turkiewicz.

Já no trato com animais, os aprendizes de agricultores conhecem quais são as melhores raças, sistemas de criação e alimentação, entre outros conteúdos. A escola segue um cronograma realizado pela equipe pedagógica para facilitar e aprimorar a busca pelo conhecimento dos alunos.

“A escola é o espaço que deve fazer com que os sujeitos compreendam a sua realidade, sendo capazes de intervir nela. Tentamos mostrar para os alunos que a propriedade pode ser auto sustentável, tudo aqui é reaproveitado ou reciclado.

Visando sempre o bem estar do animal, um ambiente saudável, com água de qualidade e alimentação balanceada. É feito aqui também a parte de vermifugação e medicamentosa dos animais, preventivamente ou caso algum animal adoeça”, explicou a pedagoga Gracielle Primak.

Desde 2004, o  projeto é desenvolvido em parceria com as professoras regentes de turma, que contextualizam o conteúdo com as demais disciplinas. Cada turma tem atividades diferenciadas conforme o cronograma, à época do ano e a idade.

Veja, clicando aqui, a galeria com mais fotos dos projetos.

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