Produção e distribuição de água também dependem do fornecimento de energia elétrica
Segundo a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), o processo de produção, tratamento e distribuição de água depende do fornecimento de energia elétrica. Todo maquinário e equipamentos de grande porte nas mais de 3,4 mil unidades operacionais instaladas nos 346 municípios, onde a Companhia, atua precisam do fornecimento de energia.
Somando todas essas cidades, a Sanepar opera mais de 57,5 milhões de metros de redes de distribuição de água – é como dar quatro voltas e meia na Terra com toda essa extensão de rede. Em 2020, a empresa consumiu 715,55 GWh de energia elétrica, o que faz da Sanepar o maior consumidor corporativo de energia elétrica do Estado do Paraná.
O engenheiro e gerente de Desenvolvimento Operacional da Sanepar no Estado, Leandro Alberto Novak, explicou que todo o caminho percorrido pela água (e também pelo esgoto) envolve em seus processos motores, bombas, válvulas e sistemas de automação, e todos esses equipamentos utilizam energia elétrica.
“Dependemos dela para funcionar, para captar água em rios ou poços, bombear, produzir e distribuir água a todos os cantos de cada cidade onde a Sanepar está”, enfatiza. Eventos naturais, como chuvas e ventos, e intercorrências causadas por terceiros, como furtos de cabos e vandalismo em estruturas elétricas nos sistemas da Companhia, são os maiores causadores de falta de energia.
Portanto, quando falta energia, também pode faltar água. E quando há falta de energia a normalização total do abastecimento de água é mais demorada do que o retorno da luz, pois a velocidade da luz não se aplica à da água. Para se ter uma ideia, no período de um segundo, enquanto a luz percorre 300 mil quilômetros, dentro da tubulação a água percorre um metro”, esclareceu o gerente.
De acordo com Leandro, há grande complexidade operacional para retomar o abastecimento. “As tubulações ficam vazias e, na retomada, o bombeamento da água e a pressurização da rede devem seguir determinados critérios técnicos.
Por exemplo, se o bombeamento for reiniciado rapidamente, com alta pressão, as tubulações rompem, o que causa mais prejuízos e demora na normalização. Por isso, em geral, são necessárias várias horas até que a água chegue às torneiras de novo após o reinício da produção e da distribuição”, completou.
Interrupções Programadas e Emergenciais – Para evitar ou minimizar transtornos com a falta de energia e a consequente falta de água, a Sanepar aposta na prevenção. Quando necessárias, são feitas as paradas programadas no abastecimento de água, para interligações de redes, substituições de equipamentos, manutenções preventivas e obras de melhoria, interrupções que são avisadas pela Companhia com antecedência.
Nos casos emergenciais de queda de energia – provocada por temporais, quedas de árvores ou acidentes de trânsito – a Copel, por exemplo, prioriza restabelecer o fornecimento de energia nas regiões onde estão instaladas unidades da Sanepar essenciais para a retomada do abastecimento de água.
Investimento e Modernização – Ainda segundo Leandro, a Sanepar tem implantado novos projetos de otimização de sistemas para diminuir o uso de energia na empresa. “Ações como redução da altura manométrica de bombeamento da água, uso de equipamentos com maiores rendimentos, projeção da modulação de carga com o uso de inversores de frequência, estudo da redução da demanda em horários de ponta no consumo de energia e projetos que otimizam a reservação de água com aumento do bombeamento fora do horário de ponta.”
O engenheiro citou, ainda, iniciativas em andamento que visam melhorar a eficiência dos processos de produção e distribuição de água, como substituição de tubulações, conexões e acessórios, e de válvulas, motores e bombas por outros de eficiência mais elevada. “Há planos que preveem a troca gradativa de equipamentos mais antigos, mas que consideram outros fatores, como os custos elevados da substituição desses mecanismos.”
Geradores de Eletricidade – O uso de geradores se aplica em poucos casos na Sanepar, pois são equipamentos eletromecânicos sensíveis e, para sua implantação, necessitam de projetos complementares, componentes específicos de manobra automática e rotina diária de manutenção preventiva que garantam o correto funcionamento.
“Além de combustível, troca de óleo e sistema de segurança para evitar furto e vandalismo. É uma solução inviável técnica e economicamente em função do número de unidades consumidoras da Companhia, que hoje são mais de 4,3 mil”, informou Novak.
Quando é o caso, em algumas interrupções de abastecimento programadas a Sanepar contrata geradores que mantêm o sistema operando durante o período sem energia, como em sistemas de porte compatível com os equipamentos geradores disponíveis para locação. E também tem contratado no Litoral na temporada.
Há unidades da Sanepar que possuem sistema de geração auxiliar para suprir falta de energia das concessionárias. “Porém, são poucos em relação à totalidade. A maioria das Estações Elevatórias de Esgoto, por exemplo, possui Reservatório de Acúmulo de Esgoto, que armazena o resíduo em torno de quatro a seis horas até que seja restabelecido o fornecimento de energia.
Considerando custos de aquisição, implantação, manutenção e operação de um Grupo Motor Gerador, para os sistemas de abastecimento de água na maioria das vezes é mais viável e confiável investir na reservação, algo que a Sanepar já vem fazendo, com a ampliação e a construção de novos reservatórios nos seus sistemas”, completou Novak.