Paraná lança plano de promoção da igualdade racial

A secretaria de Justiça, Família e Trabalho (Sejuf) e o Conselho Estadual de Promoção de Igualdade Racial (Consepir) apresentaram, nesta sexta-feira (19), o II Plano Estadual de Políticas para Promoção da Igualdade Racial do Paraná. O documento traz orientações e metas do Governo para as políticas de combate ao racismo e à discriminação no Estado.

“O racismo é a maior chaga da humanidade. Em nome do racismo foram cometidos grandes crimes ao longo da história. Ele está enraizado na nossa sociedade. Ninguém nasce odiando outro ser humano pela cor da sua pele. A luta deve começar dentro de casa e na escola”, afirmou o secretário Ney Leprevost.

“O lançamento deste plano acontece na véspera do Dia Nacional da Consciência Negra. O dia 20 de novembro é marcado pela lembrança do triste assassinato de Zumbi, considerado herói nacional e de combate ao racismo”, completou Leprevost.

Entre outros pontos, o plano traz propostas concretas para as políticas de igualdade racial, como valorização da cultura afrobrasileira, com a inclusão da história da África no currículo escolar, cria o programa de inserção no mercado de trabalho para a população negra e linhas de microcrédito para empreendedores negros.

Atualmente, a secretaria de Justiça, Família e Trabalho também tem um canal de denúncias, o SOS Racismo, pelo telefone 0800 642 0345 ou pelo email sosracismo@sejuf.pr.gov.br.

O denunciante será orientado sobre como juntar provas para fazer a queixa. “A primeira atitude é ter em mãos todos os dados referentes à ação. A pessoa lesada precisa salvar tudo que puder colaborar na comprovação do crime”, explicou Leprevost.

“Políticas públicas não se faz com achismo. Por isso, precisamos estabelecer as prioridades e o plano traz os pontos que precisamos trabalhar”, disse a chefe do Departamento de Promoção e Defesa dos Direitos Fundamentais e Cidadania (Dedif) da Sejuf, Angela Mendonça.

Metas – O primeiro plano esteve em vigor de 2017 a 2019 e a nova versão, de acordo com o Conselho Estadual para a Igualdade Racial (Consepir), complementa as ações desenvolvidas anteriormente e estabelece novos objetivos no combate ao preconceito.

“O plano é o resultado de ideias conjuntas do governo e da sociedade civil para colocar em prática uma série de medidas que ajudam a combater o racismo e o preconceito”, explicou o presidente do Consepir, Saul Dorval da Silva.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.