Mais de 8,4 mil pessoas privadas de liberdade (PPLs) das unidades prisionais do Paraná participaram do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja PPL). O número representa um aumento de 22% em relação ao ano passado, quando foram 6.912 provas aplicadas.
Os questionários, de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), foram aplicados de forma simultânea em 81 unidades das nove regionais da Polícia Penal, como penitenciárias, cadeias públicas e complexos sociais. Além dos custodiados em cumprimento de pena em regime fechado, também fizeram o exame os monitorados por tornozeleira eletrônica.
Para o diretor-geral da Polícia Penal do Paraná, Osvaldo Messias Machado, a participação das pessoas privadas de liberdade no Encceja PPL demonstra o comprometimento do Estado em garantir, com efetividade, o cumprimento da Lei de Execução Penal.
“Entendemos que para mudar uma pessoa privada de liberdade são essenciais o trabalho, para quem realmente quer mudança de vida, e educação, que vai permitir novos horizontes e a oportunidade de reinserção na sociedade”, explicou.
O Encceja é uma prova destinada às pessoas que não concluíram o Ensino Fundamental ou Médio dentro da idade adequada. Os exames para as pessoas privadas de liberdade seguem o mesmo modelo da regular: os candidatos precisam responder uma série de questões objetivas, além de produzir uma redação.
Segundo o coordenador da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEED/PR), Anderson Muniz Canizella, a possibilidade da aplicação do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos é de responsabilidade das secretarias estaduais e institutos federais, que firmam Termo de Adesão ao Encceja.
“A SEED entende essa oferta como uma forma do candidato construir parâmetros para sua autoavaliação, visando a continuidade de sua formação pessoal e profissional”, afirma.
A SEED/PR oferta ainda, anualmente, os Exames Estaduais de EJA on-line, que possibilita a conclusão de disciplinas e/ou Etapas da Educação Básica. Neste ano, os exames puderam ser aplicados também de forma impressa para as Pessoas Privadas de Liberdade, aumentando expressivamente o número de participantes.
Desde 2002, o Encceja é realizado pelo Inep, com colaboração de estados e municípios. A prova é totalmente gratuita e com adesão voluntária. A seletiva também serve como base para a implementação de procedimentos e políticas para a melhoria da qualidade na oferta da educação de jovens e adultos, além de viabilizar o desenvolvimento de estudos e indicadores sobre o sistema educacional brasileiro.
As disciplinas são divididas conforme a graduação pretendida. Para o Ensino Fundamental: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Artes, Educação Física, Matemática, História, Geografia e Ciências Naturais. Para o Ensino Médio: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza.
O chefe da Divisão de Educação e Capacitação da Polícia Penal, Juliano dos Santos Prestes, reforça que a cada nova edição da prova a intenção é ampliar o número de inscritos. “Esse exame possibilita a elevação da escolaridade e gera novas oportunidades para as pessoas privadas de liberdade, tendo em vista que a educação é fundamental para a reinserção social. Neste ano houve um aumento de 22% de inscritos, em relação ao ano passado”, afirmou.
Preparação – Na Cadeia Pública de Campo Mourão II, os candidatos inscritos no Encceja PPL 2022 participaram do “I Curso Preparatório de Redação para o Encceja PPL”, com a coordenação da pedagoga Michele Golam dos Reis e da assistente social Andressa Ferreira Peterlini, do Complexo Social de Campo Mourão.
O objetivo foi auxiliar nos estudos para a prova e aumentar a possibilidade de atingir a nota necessária para a aprovação no exame. O curso iniciou em junho e foi finalizado em outubro e, durante o período, foram disponibilizadas apostilas divididas por área de conhecimento para estudo.