Livro sobre a natureza vira ferramenta de ensino na rede estadual

A partir da próxima semana, 394 colégios da rede estadual de ensino vão ganhar quatro exemplares do livro “Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza”, que será lançado nesta terça-feira (29), no salão de eventos do Museu Oscar Niemeyer (MON). A obra retrata os parques e áreas de preservação espalhados pelo Paraná, é recheada de fotografias e amplo trabalho de pesquisa sobre os biomas, a flora e a fauna do Estado.

A doação dos livros foi feita pelos próprios autores, o fotógrafo Zig Koch e a jornalista e escritora Maria Celeste Correa, junto com o produtor cultural Fábio Ávila. “O trabalho é fruto de muito esforço, um livro completo. O efeito multiplicador desse conteúdo será maior nas escolas”, afirma Koch, que firmou esse convênio com a Secretaria estadual da Educação e do Esporte.

A obra faz uma viagem com a personagem Ybatinga (nome tupi para nuvem), uma gralha azul que sobrevoa o Litoral, a Serra do Mar, e ultrapassa os três planaltos até chegar ao Oeste e Noroeste. As 208 páginas são uma aula de geografia, mostrando as diferentes origens geológicas, características climáticas, história, entorno populacional e diversidade cultural, contextualizando as áreas de conservação do Paraná.

“É um livro fantástico e será muito útil, até porque não há tantos livros com essa característica disponíveis atualmente”, afirma o diretor-geral da Secretaria da Educação, Vinicius Neiva. Ele explica que a partir da oferta de Zig e Maria Celeste foi construído um conjunto de ações pedagógicas para melhor explorar o material.

“Inicialmente iríamos apenas distribuir os livros às bibliotecas das escolas, mas conversando com o Zig Koch, percebemos que podíamos ir além e ele nos autorizou a usar suas fotos para incluirmos em RCO+Aulas de História e Geografia, no qual os professores encontram planos de aula específicos para suas disciplinas e séries para as quais lecionam”, completa Neiva.

Além disso, deverá ser realizado um webinar com professores e palestras em algumas escolas. Ao todo, os 1,6 mil exemplares vão para os colégios dos 54 municípios onde há unidades de conservação no Paraná.

Serão enviados, por exemplo, para colégios de Foz do Iguaçu, onde está o Parque Nacional do Iguaçu, e para várias cidades da Região Metropolitana de Curitiba e do Litoral, uma vez que a Serra do Mar abriga diversas unidades de conservação, como os parques estaduais do Pico do Marumbi e do Pico Paraná.

Empresas Paranaenses – O projeto Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza foi viabilizado com o patrocínio de empresas e entidades com atuação no Paraná. Foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura do Paraná e por lei federal, teve não apenas apoiadores que se valeram da renúncia fiscal, mas também com patrocínio direto. Sanepar, Compagas, Copel, Sistema Fecomércio, Grupo Potencial, Grasp, Berneck e Klabin viabilizaram a edição do livro.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.